sexta-feira, 27 de fevereiro de 2009

Estudo sobre o pecado


Cresci em lar evangélico, em uma igreja tradicional e bastante rígida e infelizmente aprendi e entendi Deus de uma maneira bastante ruim.

Deus para mim era um Senhor superior, cheio de pompa, com barba e cabelos grisalhos, semblante fechado,voz de trovão, mau humorado e pronto para castigar qualquer infeliz que não obedecesse suas leis, ou o que diziam ser suas leis.

Cresci ouvindo muito sobre o pecado, perdiam bastante tempo nos ensinando sobre o pecado, ao invés de investirem esse tempo falando do amor de Deus por nós.

E foi assim que eu aprendi a ter medo de Deus.

A Bíblia na tradução mais tradicional,conhecida de todos, fala muito em TEMOR a Deus. Engraçado que esta palavra ao primeiro momento nos leva a pensar em temor no sentido de medo mesmo, era o que eu pensava.

Um dia estava dando aula na EBD para crianças de 9 anos, e li um verso da Bíblia que dizia sobre o temor que temos que ter a Deus,e não foi surpresa quando um menino perguntou porque devemos ter medo de Deus.

Verificando no dicionário 'MICHAELIS', eis a definição para "temor":
"1. Ato ou efeito de temer; medo, susto. 2. Sentimento de respeito ou reverência. 3. Pessoa ou coisa que causa medo. 4. Pontualidade. 5. Escrúpulo, zelo."

Não sei vocês, mas tenho certeza que o autor, ou melhor, os autores da bíblia estavam se referindo a "temor"com o significado do item 2 do dicionário.

Sentimento de respeito, reverência. Ah como muda o peso da palavra, como se torna mais agradável. Sim porque ter respeito a Deus, reverência ao Criador é muito melhor do que sentir medo de levar um raio no traseiro por termos dado alguma mancada.

Se cremos que Deus é nosso Pai, nosso perfeito Pai, se cremos que Ele nos criou, criou o mundo e o que nele há, que nos fez a sua imagem e semelhança e que nos amou de tal maneira a nos enviar seu filho para sofrer por nossos pecados e assim podermos ter acesso novamente a Ele (daí o termo religião, que significa religar), torna-se natural termos reverência e respeito a Ele.

Outro motivo de termos reverência e respeito é pelo amor de Deus e por sua misericórdia. Podemos ler na bíblia sobre a misericórdia do nosso Deus que são sem fim (lam 3:22) e que sua misericórdia se renova a cada manhã, além do exemplo do amor de Deus PAI, contado por Jesus na história do Filho Pródigo.
O Pai que tanto ama dá aos filhos libertade de seguirem seus caminhos e que ama tanto que recebe de braços abertos e com muita festa e alegria o filho arrependido.

Não consigo aceitar a idéia de Deus como aquela Avó que diz ao netinho "se não me der um beijo não te dou uma bala", não entendo Deus como um ser chantagista e narcisista, um Deus que diz "se não me obedecer, não vou te abençoar".

Somos abençoados diariamente no simples ato de respitar e de sermos livres para escolher, agora o que fazemos com nossas escolhas é um problema nosso e as consequencias virão.

Mas então o que é pecado e porque não devemos pecar?

Recorrendo ao mesmo dicionário, pecado é "1. Transgressão de qualquer preceito ou regra. 2. Culpa, defeito, falta, vício". Pecado então é transgredir regras, desviar do caminho.

Agora me dou à liberdade de incrementar o dicionário à minha maneira. Pecado, segundo o dicionário Evandrelis, é tudo aquilo que te faz afastar-se de Deus.
Quando pecamos automaticamente nos afastamos de Deus, nos distanciamos. Note que não é a mesma coisa do que dizer que quando pecamos Deus se afasta de nós.

Deus nunca se afasta de nós, Deus é o Pai carinhoso esperando no portão pelo filho pródigo. Nós é que nos afastamos Dele,e não o contrário.

Ele nos mostra o melhor caminho a seguir, nos ensina a trilhar o caminho Dele que é perfeito, não é um caminho fácil, mas Ele nos ajuda na caminhada. Quando pecamos assumimos que não precisamos da ajuda Dele, que podemos trilhar nossos próprios caminhos, que somos independentes e colhemos o fruto desta escolha.

Lembro da história contada pela minha mãe, de um dia que ela estava cozinhando e o forno esta quente. Meu irmão, com 3 ou 4 anos, corria na cozinha e minha mãe dizia "cuidado, o forno está quente, você vai se queimar, fique longe", mas ele não obedeceu, desviou do caminho, chegou perto de mais do forno e se queimou.

Assim somos nós, ouvimos os ensinamentos do Pai, mas teimamos em trilhar nossos próprios caminhos e por isso nos queimamos.

Quando pecamos junto de Adão e Eva ao desviar do que Deus propôs inicialmente, e que era perfeito, declaramos nosso desejo de sermos independentes, resolvemos que podemos andar a nossoas próprias custas e nos afastamos do Deus Pai.

Nos queimamos e nos machucamos não porque Deus nos castiga, como ensinam muitos, mas por resultado das nossas próprias escolhas.

PAZ!

Evandro Melo

sexta-feira, 20 de fevereiro de 2009

Nostalgia

Nostalgia

nostalgia
• sf (nosto+algo4+ia1) Doença ou tristeza profunda, causada pelas saudades da pátria.



Tenho saudade de casa,
Daquele perfeito lugar
Onde a canção ganha asa
E não sinto o tempo voar.

Tenho saudade de tudo
Que falta neste lugar.
Isso que chamam de mundo,
Esse que é meu falso lar.

Tenho saudade de onde
Sei que posso descansar
Lá onde nada se esconde,
Em tudo se pode confiar.

Tenho saudade de casa,
Daquele lar de alegria.
Saudade, essa, que atrasa
E que tem nome: nostalgia.

- por Denis Campos

sexta-feira, 13 de fevereiro de 2009

Todas as coisas louvam ao Senhor

A CRIAÇÃO: Todas as coisas louvam ao Senhor

“Tudo que Deus criou tem valor.” Até mesmo os animais e insetos que parecem à primeira vista inúteis e nocivos tem uma vocação a cumprir. A lesma, que deixa atrás de si uma trilha pegajosa, consumindo dessa forma a sua vitalidade, serve de remédio para o furúnculo. A picada do marimbondo é curada aplicando-se à ferida uma mosca doméstica esmagada. O mosquito, débil criatura, que capta alimento mas jamais o secreta, é específico contra o veneno da víbora, e esse réptil venenoso cura por sua vez erupções, enquanto que o lagarto é o antídoto ao escorpião.

Não apenas todas as criaturas servem o homem e contribuem para o seu conforto, mas Deus também “ensina-nos através dos animais da terra, e concede-nos sabedoria através das aves do céu”. Ele concedeu a diversos animais admiráveis qualidades morais como padrão para o homem. Se a Torá não nos tivesse sido revelada poderíamos ter aprendido o cuidado para com as decências da vida com o gato, que cobre seu excremento com terra; o respeito à propriedade com as formigas, que jamais avançam sobre as reservas umas das outras; e o cuidado para com uma conduta decorosa com o galo, que quando deseja unir-se à galinha promete comprar para ela um manto longo o bastante para chegar até o chão, e quando a galinha lembra-o da promessa ele sacode sua crista e diz: “que a minha crista seja tirada de mim se eu não comprá-lo assim que tiver condições”.

O gafanhoto também tem uma lição a ensinar ao homem. Ele canta durante todo o verão, até que seu ventre se rompe e a morte o leva para si. Embora não desconheça o destino que o espera, ele permanece cantando. Da mesma forma o homem deve cumprir seu dever para com Deus, não importando as conseqüências. A cegonha deve ser adotada como modelo em dois sentidos. Ela guarda zelosamente a pureza de sua vida familiar, e para com seus semelhantes é compassiva e misericordiosa. Mesmo o sapo tem o que ensinar ao homem. Junto à água vive uma espécie de animal que subsiste apenas de criaturas aquáticas. Quando percebe que um desses está com fome o sapo vai até ele espontaneamente e oferece-se como comida, cumprindo dessa forma a prescrição: “se teu inimigo tem fome, dê-lhe de comer; se tiver sede, dê-lhe de beber”.
“Se teu inimigo tem fome, dê-lhe de comer; se tiver sede, dê-lhe de beber”.

Toda a criação foi chamada à existência por Deus para sua glória, e cada criatura tem seu próprio hino de louvor através do qual exalta o criador. O céu e a terra, o paraíso e o inferno, o deserto e os prados, rios e mares – todos têm seu modo próprio de prestar homenagem a Deus. O hino de louvor da terra é: “dos confins da terra ouvimos cantar: glória ao Justo!”. O mar exclama: “o SENHOR nas alturas é mais poderoso do que o bramido das grandes águas, do que os poderosos vagalhões do mar”.

Também os corpos celestes e os elementos proclamam o louvor de seu criador: o sol, a lua, as estrelas, as nuvens e os ventos, o relâmpago e o orvalho. O sol diz: “o sol e a lua param nas suas moradas, ao resplandecer a luz das tuas flechas sibilantes, ao fulgor do relâmpago da tua lança”; e as estrelas cantam: “só tu és Senhor, tu fizeste o céu, o céu dos céus e todo o seu exército, a terra e tudo quanto nela há, os mares e tudo quanto há neles; tu os preservas a todos com vida, e o exército dos céus te adora”.

Cada planta, além disso, tem uma canção de louvor. A árvore frutífera canta: “então cantarão de alegria todas as árvores do bosque, na presença do Senhor, pois ele vem; pois vem julgar a terra”; e as espigas do campo cantam: “os campos cobrem-se de rebanhos, e os vales vestem-se de espigas; exultam de alegria e cantam”.

Notável entre os que cantam louvores são os pássaros, e dentre eles o maior é o galo. Quando Deus visita à meia-noite os piedosos no Paraíso, as árvores dali irrompem em adoração, e suas canções acordam o galo, que começa por sua vez a dar louvor. Por sete vezes ele canta, e cada uma das vezes recita um verso. O primeiro verso é: “levantai, ó portas, as vossas cabeças; levantai-vos, ó portais eternos, para que entre o Rei da Glória. Quem é o Rei da Glória? O Senhor, forte e poderoso, o Senhor, poderoso nas batalhas”. O segundo verso: “levantai, ó portas, as vossas cabeças; levantai-vos, ó portais eternos, para que entre o Rei da Glória. Quem é esse Rei da Glória? O Senhor dos Exércitos, ele é o Rei da Glória”. O terceiro: “levantai-vos, vós justos, e ocupai-vos da Torá, para que seja grande a vossa recompensa no mundo vindouro”. O quarto: “tenho aguardado pela tua salvação, ó Senhor!” O quinto: “ó preguiçoso, até quando ficarás deitado? Quando te levantarás do teu sono?” O sexto: “não ames o sono, para que não empobreças; abre os olhos e te fartarás do teu próprio pão”. E o sétimo verso cantado pelo galo diz: “já é tempo de trabalhar para o SENHOR, pois a tua lei está sendo violada”.

A canção do abutre é: “eu lhes assobiarei e os ajuntarei, porque os tenho remido; multiplicar-se-ão como antes se tinham multiplicado” – o mesmo verso com o qual o pássaro anunciará, no devido tempo, o advento do Messias. A única diferença será que quando anunciar o Messias ele cantará esse verso pousado no chão, sendo que ele o canta sempre sentado em outro lugar.

Tampouco os outros animais louvam menos do que os pássaros. Mesmo as feras predadoras entoam adoração. O leão diz: “o Senhor sairá como valente, despertará o seu zelo como homem de guerra; clamará, lançará forte grito de guerra e mostrará sua força contra os seus inimigos”. E a raposa exorta à justiça com as seguintes palavras: “ai daquele que edifica a sua casa com injustiça e os seus aposentos, sem direito! Que se vale do serviço do seu próximo, sem paga, e não lhe dá o salário”.

Sim, os peixes mudos do mar sabem proclamar o louvor de seu Senhor. “Ouve-se a voz do SENHOR sobre as águas,” dizem eles, “troveja o Deus da glória; o Senhor está sobre as muitas águas”, enquanto o sapo exclama: “bendito seja o nome da glória do seu reino, para todo o sempre”. Desprezíveis como são, mesmo os animais rastejantes dão louvor a seu criador. O camundongo exalta a Deus com as seguintes palavras: “porque tu és justo em tudo quanto tem vindo sobre nós; pois tu fielmente procedeste, e nós, perversamente”. E o gato canta: “todo ser que respira louve ao Senhor. Louvai ao Senhor!”

Por Paulo Brabo



sexta-feira, 6 de fevereiro de 2009

Servir: privilégio de poucos

É natural ao coração humano a busca de conforto, status, poder e tudo quanto vem agregado a estas realidades. Tiago, João e sua mãe foram até Jesus solicitar tais privilégios na consumação do reino de Deus. Jesus não disse nem que sim, nem que não, mas aproveitou para reforçar que o reino de Deus é reino de servos e, portanto, os servos são os verdadeiros governantes do mundo. No reino de Deus, o privilégio e o ônus de governar não é das “pessoas importantes”, mas dos servos, até porque, governar é servir. No reino de Deus, a maneira de governar não é exercendo domínio sobre os governados, mas servindo os governados, até porque, governar é servir. Na lógica do reino de Deus, o oposto também é verdadeiro: servir é governar.

Para servir é necessário sair da zona de conforto, isto é, fazer o indesejado, dedicar tempo para tarefas pouco atraentes, assumir responsabilidades desprezadas pela maioria, fazer “o trabalho sujo”, enfim fazer o que ninguém gosta de fazer. Para servir é necessário vencer o orgulho, isto é, se dispor a ser tratado como escravo, ter os direitos negligenciados, ser desprestigiado, sofrer injustiças, conviver com quase nenhum reconhecimento, enfim, não se deixar diminuir pela maneira como as pessoas tratam os que consideram em posição inferior. Para servir é necessário abrir mão dos próprios interesses, isto é, pensar no outro em primeiro lugar, ocupar-se mais em dar do que em receber, calar primeiro, perdoar sempre, sempre pedir perdão, enfim, fazer o possível para que os outros sejam beneficiados ainda que ás custas de prejuízos e danos pessoais.

Não é por menos que em qualquer sociedade humana existem mais clientes do que servos. Servir não é privilégio de muitos. Servir é para gente grande. Servir é para gente que conhece a si mesma, e está segura de sua identidade, a tal ponto que nada nem ninguém o diminui. Servir é para gente que conhece o coração das gentes, de tal maneira que nada nem ninguém causa decepção suficiente para que o serviço seja abandonado. Servir é para quem conhece o amor, de tal maneira que desconhece preço elevado demais para que possa continuar servindo. Servir é para quem conhece o fim a que se pode chegar servindo e amando, de tal maneira que não é motivado pelo reconhecimento, a gratidão ou a recompensa, mas pelo próprio privilégio de servir. Servir é para gente parecida com Jesus. Servir é para muito pouca gente.

A comunidade cristã – a Igreja, pode e deve ser vista, portanto, como uma escola de servos. Uma escola onde aprendemos que somos portadores do dna de Deus, dignidade que ninguém nos pode tirar. Uma escola onde aprendemos que, por mais desfigurado que esteja, todo ser humano carrega a imagem de Deus. Uma escola onde aprendemos a amar, e descobrimos que, se “não existe amor sem dor”, jamais se ama em vão. Uma escola onde aprendemos que “mais bem aventurada coisa é dar do que receber”.

Servir é mesmo privilégio de poucos. De minha parte, preferiria ser servido. Mas aí teria de abrir de mão do reino de Deus. Teria de abrir mão de desfrutar do melhor de mim mesmo. Teria de abrir mão de você. Definitivamente, me custaria muito caro. Nesse caso, continuo na escola. © 2008 Ed René Kivitz