Todos vivem de preferências. As escolhas nascem dos apetites. Dizemos sim ao que nos fascina e não ao que antipatizamos. As paixões engatilham processos e acabamos querendo uma coisa (ou pessoa) mais que outra. As pessoas fazem o que lhes fascina.
Quando alguém decide, nada, e ninguém, o demoverá. Quando o rei propõe atacar o exército inimigo, o conselho do general morre como semente em terreno endurecido. Quando o rapaz resolve conquistar o coração da donzela, a advertência dos pais, sacerdotes, profetas e psiquiatras, fracassará.
Ninguém converte ninguém. Argumentos rechaçados pelo coração caem em ouvidos moucos. O fogo do inferno não assusta, o cenho franzido da Divindade não amedronta quem já ouviu a voz do próprio coração. Sensibilidade nasce da simpatia; a disposição de ouvir, com a amizade. A força que muda uma posição brota quando a graça precede o argumento, a credibilidade antecipa a explanação e a ternura dissipa o antagonismo.
As alternativas se reduzem com o amor. Sim, o amor diminui os mostruários. Eis a explicação do arrojo do amante. Positivo, abdica o que não lhe toca a alma. Disposto, abraça o que aprecia. Sem titubear segue o caminho excelente, movido pela ternura. Pelo sorriso do filho, o pai arrisca o futuro; pela felicidade da amada, o namorado ousa na beira de qualquer abismo. São poucas as opções para quem quer bem. Com os olhos fitos, busca o que mais deseja; as demais seleções lhe parecem borradas. Teimoso e obstinado, só palmilhará as veredas queridas.
Restam o sim e o não, apenas. Para a alma encantada todo o talvez, mingua. O amor fortalece a teimosia.
Ricardo Gondim
Soli Deo Gloria
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