quarta-feira, 20 de fevereiro de 2013

em memória dos esquecidos


escrever é uma antiga forma moderna de eternizar instantes. é desenhar com palavras e quando bem feito traz consigo (além de letras organizadas) perfumes, sensações, sorrisos… traz consigo o instante, que no instante que ocorreu se foi.

escrever é apalpar memórias e torná-las apalpáveis pra qualquer um.

escrevo para sobreviver, para não me esquecer. o tempo é muita coisa, e dentre tantas é também borracha, que apaga (se deixarmos) os momentos, os instantes. por isso escrevo, em protesto contra o tempo, que não tem tempo de memorizar.

escrever é protestar conta o tempo.

o tempo vive correndo atrás do futuro e, no caminho, vai transformando o presente em passado. é assim que é. mas não me deixo abater, vou atrás de seu rastro e sem que ele perceba (acho que ele sabe sim, e gosta) pego as sobras e remonto em lembraças.

escrever é remontar lembranças.

é renascer sem se estar morto. é retornar ao espírito do passado e reviver a vida que se foi. foi mas não acabou; foi e ainda é. desde que se escreva. e como não sou bobo nem nada (nem sou documentarista) não me fixo nos fatos chateantes. como num álbum de fotos, escolho os melhores instantes para eternizar em palavras. e revivo.

escrever é fotografar com palavras.

é protestar contra o tempo.
é apalpar memórias.
é remontar lembranças e momentos.
é desenhar com palavras.

é tudo isso, e tudo isso é muito pouco para descrever o que escrever é.

***
evandro l! melo
@evandrolmelo

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