quinta-feira, 25 de junho de 2009

Ilha das Flores

Amigos, recebi de um camarada este vídeo, um breve documentário sobre o modo como vivemos. Como que uma coisa influencia em outra e como estamos alheios a tudo isso.

É incrível ver que este documentário que deve ter mais de 10 anos é tão atual, e tão triste ver que fazemos tão pouco a respeito.

Somos todos jogadores de tomate!




Clique AQUI para baixar este vídeo em formato AVI.

PAZ

Evandro L! Melo

sexta-feira, 19 de junho de 2009

Pedras



Em minhas férias estive em um local muito agradável onde existia um 'mini' SPA, chamado Espaço do corpo. Neste espaço existia sala de ginástica, aulas de alongamento, massagem, enfim atividades voltadas para relaxamento do corpo.

O ambiente, como não podia deixar de ser, era voltado à cultuta oriental, cultura essa que a séculos se dedica a conhecer o corpo.

Neste espaço existe um caminho de pedras e água na altura da canela. Este caminho dá a volta em um tatame grande e deve ser percorrido descalço.

Na minha primeira incursão, não me dei conta do propósito daquilo e não consegui chegar nem na metade do percurso. Sentei e me coloquei a pensar, não era possível que aquilo servia para machucar, para doer e provar a resistência de alguém. Resolvi tentar novamente, desta vez com muita paciência, sem pressa nenhuma, e fui aprendendo a escolher onde pisar e como andar. Consegui dar 2 voltas, sem problemas.

Vi que aquilo não era a toa, tinha uma lição a passar e ensinar como deve ser nossa vida.

Viver sem pressa, paciente, escolhendo os caminhos, nào encarar a vida como uma prova de resistência e no final verá que pedras não são barreiras, são chão.

Tentei expressar esta experiência em um poeminha (o Vini deu uma mãozinha) ou algo do tipo. O resultado é este abaxo.

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PEDRAS

Caminhar de pedras pés descalsos
caminho que inicia e volta aos primeiros passos
Ensina vida ao apressado
Pressa de viver, ter, ser, chegar
e ao pisar
reclama dor que as pedras podem causar
mas se com paciência viver
e com paciência escolher
o caminho que irá trilhar
enxergará nas pedras conforto

enxergará nas pedras um porto
onde se pode descansar,
onde se pode relaxar
um pouco.
aprenderá que tudo era
fruto de uma vida com pressa,
vida como essa
que passa depressa
e te deixa sem entender
porque no percorrer você tropeça

então entenderá
que as pedras eram caminho
caminho, senão...
e dirá a todo mundo
que as pedras eram e são
a solução.

PAZ!

Evandro L! Melo

segunda-feira, 15 de junho de 2009

O Evangelho dos Evangélicos

Há certo tempo atrás, ouvi esta mensagem "O Evangelho dos Evangélicos" do Pr Ed René.
A mensagem é dura, direta e de certa forma corajosa pois sai do mesmismo de sempre, de sempre falar no "geral" e dá nome aos bois.

Vale a leitura e reflexão, mesmo que seja para discordar.

O áudio (mp3) encontra-se no link "
Arquivos para BAIXAR" do lado esquerdo deste Blog.

PAZ!
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“Nem todo aquele que me diz Senhor, Senhor, entrará no Reino dos céus, mas aquele que faz a vontade de meu Pai que está nos céus.” [Jesus Cristo]

Estou convencido de que um é o evangelho dos evangélicos, outro é o evangelho do reino de Deus. Registro que uso o termo “evangélico” para me referir à face hegemônica da chamada igreja evangélica, como se apresenta na mídia radiofônica e televisiva.

O evangelho dos evangélicos é estratificado. Tem a base e tem a cúpula. Precisamos falar com muito cuidado da base, o povo simples, fiel e crédulo. Mas precisamos igualmente discernir e denunciar a cúpula. A base é movida pela ingenuidade e singeleza da fé; a cúpula, muita vez é oportunista, mal intencionada, e age de má fé. A base transita livremente entre o catolicismo, o protestantismo e as religiões afro. A base vai à missa no domingo, faz cirurgia em centro espírita, leva a filha em benzedeira, e pede oração para a tia que é evangélica. Assim é o povo crédulo e religioso. Uma das palavras chave desta estratificação é “clericalismo”: os do palco manipulando os da platéia, os auto-instituídos guias espirituais tirando vantagem do povo simples, interesseiro, ignorante e crédulo.

A cúpula é pragmática, e aproveita esse imaginário religioso como fator de crescimento da pessoa jurídica, e enriquecimento da pessoa física. Outra palavra chave é “sincretismo”. A medir por sua cúpula, a igreja evangélica virou uma mistura de macumba, protestantismo e catolicismo. Tem igreja que se diz evangélica promovendo “marcha do sal”: você atravessa um tapete de sal grosso, sob a bênção dos pastores, e se livra de mal olhado, dívida, e tudo que é tipo de doença. Já vi igreja que se diz evangélica distribuir cajado com água do Jordão (i.é, um canudo de bic com água de pia), para quem desejasse ungir o seu negócio, isto é, o seu business. Lembro de assistir a um programa de TV onde o apresentador prometia que Deus liberaria a unção da casa própria para quem se tornasse um mantenedor financeiro de sua igreja.

O povo religioso é supersticioso e cheio de crendices. Assim como o Brasil. Somos filhos de portugueses, índios, africanos, e muitos imigrantes de todo canto do planeta. Falar em espíritos na cultura brasileira é normal. Crescemos cheios de crendices: não se pode passar por baixo de escada; gato preto dá azar; caiu a colher, vem visita mulher, caiu garfo, vem visita homem; e outras tantas idéias sem fundamento. Somos assim, o povo religioso é assim. Tem professor de universidade federal dando aula com cristal na mão para se energizar enquanto fala de filosofia.

E a cúpula evangélica aproveita a onda e pratica um estelionato religioso: oferece uma proposta ritualística que aprisiona, promove a culpa e, principalmente, ilude, porque promete o que não entrega. Aliás, os jornais começam a noticiar que os fiéis estão reivindicando indenizações e processando igrejas por propaganda enganosa.

O evangelho dos evangélicos é estratificado. A base é movida pela ingenuidade e singeleza da fé, e a cúpula é oportunista. A base transita entre o catolicismo, o protestantismo e as religiões-afro, e a cúpula é pragmática. A base é cheia de crendices e a cúpula pratica o estelionato religioso.

O evangelho dos evangélicos é mercantilista, de lógica neoliberal. Nasce a partir dos pressupostos capitalistas, como, por exemplo, a supremacia do lucro, a tirania das relações custo-benefício, a ênfase no enriquecimento pessoal, a meritocracia – quem não tem competência não se estabelece. Palavra chave: prosperidade. Desenvolve-se no terreno do egocentrismo, disfarçado no respeito às liberdades individuais. Palavra chave: egoísmo. Promove a desconsideração de toda e qualquer autoridade reguladora dos investimentos privados, onde tudo o que interessa é o lucro e a prosperidade do empreendedor ou investidor. Palavra chave: individualismo. Expande-se a partir da mentalidade de mercado. Tanto dos líderes quanto dos fiéis. Os líderes entram com as técnicas de vendas, as franquias, as pirâmides, o planejamento de faturamento, comissões, marketing, tudo em favor da construção de impérios religiosos. Enquanto os fiéis entram com a busca de produtos e serviços religiosos, estando dispostos inclusive a pagar financeiramente pela sua satisfação. Em síntese, a religião na versão evangélica hegemônica é um negócio.

O sujeito abre sua micro-empresa religiosa, navega no sincretismo popular, promete mundos e fundos, cria mecanismos de vinculação e amarração simbólicas, utiliza leis da sociologia e da psicologia, e encontra um povo desesperado, que está disposto a pagar caro pelo alívio do seu sofrimento ou pela recompensa da sua ganância.

Em terceiro lugar, o evangelho dos evangélicos é mágico. Promove a infantilização em detrimento da maturidade, a dependência em detrimento da emancipação, e a acomodação em detrimento do trabalho.

Pra ser evangélico você não precisa amadurecer, não precisa assumir responsabilidades, não precisa agir. Não precisa agregar virtudes ao seu caráter ou ao processo de sua vida. Primeiro porque Deus resolve. Segundo porque se Deus não resolver, o bispo ou o apóstolo resolvem. Observe a expressão: “Estou liberando a unção”. Pensando como isso pode funcionar, imaginei que seria algo como o apóstolo ou bispo dizendo ao Espírito Santo: “Não faça nada por enquanto, eles não contribuíram ainda, e eu não vou liberar a unção”.

Existe, por exemplo, a unção da superação da crise doméstica. Como isso pode acontecer? A pessoa passa trinta anos arrebentando com o seu casamento, e basta se colocar sob as mãos ungidas do apóstolo, que libera a unção, e o casamento se resolve. Quem não quer isso? Mágica pura.

O sujeito é mau-caráter, incompetente para gerenciar o seu negócio, e não gosta de trabalhar. Mas basta ir ao culto, dar uma boa oferta financeira, e levar para casa um vidrinho de óleo de cozinha para ungir a empresa e resolver todos os problemas financeiros.

Essa postura de não assumir responsabilidades, de não agir com caráter, e esperar que Deus resolva, ou que o apóstolo ou bispo liberem a unção tem mais a ver com pensamento mágico do que com fé.

Em quarto lugar, o evangelho dos evangélicos tem espírito fundamentalista. Peço licença para citar Frei Beto: “O fundamentalismo interpreta e aplica literalmente os textos religiosos, não sabe que a linguagem simbólica da Bíblia, rica em metáforas, recorre a lendas e mitos para traduzir o ensinamento religioso.” O espírito fundamentalista é literalista, e o mais grave é que o espírito fundamentalista se julga o portador da verdade, não admite críticas, considerações ou contribuições de outras correntes religiosas ou científicas.

Quem tem o espírito fundamentalista não dialoga, pois considera infiéis, heréticos, ou, na melhor das hipóteses, equivocados sinceros, todos os que não concordam com seus postulados, que não são do mesmo time, e não têm a mesma etiqueta. Quem tem o espírito fundamentalista se considera paradigma universal. Dialoga por gentileza, não por interesse em aprender. Ouve para munir-se de mais argumentos contra o interlocutor. Finge-se de tolerante para reforçar sua convicção de que o outro merece ser queimado nas fogueiras da inquisição. Está convencido de que só sua verdade há de prevalecer.

Mais uma vez Frei Beto: “o fundamentalista desconhece que o amor consiste em não fazer da diferença, divergência”. Por causa do espírito fundamentalista, o evangelho dos evangélicos é sectário, intolerante, altamente desconectado da realidade. O evangelho dos que têm o espírito do fundamentalismo é dogmático, hermético, fechado a influências, e, portanto, é burro e incoerente.

Em quinto lugar, o evangelho dos evangélicos é um simulacro. Simulacro é a fotografia mais bonita que o sanduíche. Não me iludo, o evangelho dos evangélicos é mais bonito na televisão do que na vida. As promessas dos líderes espirituais são mais garantidas pela sua prepotência do que pela sua fé. Temos muitos profetas na igreja evangélica, mas acredito que tenhamos muito mais falsos-profetas. Os testemunhos dos abençoados são mais espetaculares do que a realidade dos cristãos comuns. De vez em quando (isso faz parte da dimensão masoquista da minha personalidade) fico assistindo estes programas, e penso que é jogada de marketing, testemunho falso. Mas o fato é que podem ser testemunhos por amostragem. Isto é, entre os muitos que faliram, há sempre dois ou três que deram certo. O testemunho é vendido como regra, mas na verdade é apenas exceção.

A aparência de integridade dos líderes espirituais é mais convincente na TV e no rádio do que na realidade de suas negociatas. A igreja evangélica esta envolvida nos boatos com tráficos de armas, lavagem de dinheiro, acordos políticos, vendas de igrejas e rebanhos, imoralidade sexual, falsificação de testemunho, inadimplência, calotes, corrupção, venda de votos.

A integridade do palco é mais atraente do que a integridade na vida. A fé expressa no palco, e nas celebrações coletivas é mais triunfante, do que a fé vivida no dia a dia. Os ideais éticos, e os princípios de vida são mais vivos nos nossos guias de estudos bíblicos e sermões do que nas experiências cotidianas dos nossos fiéis. Os gabinetes pastorais que o digam: no ambiente reservado do aconselhamento espiritual a verdade mostra sua cara.


Estratificado, mágico, mercantilista, fundamentalista, e simulacro. Eis o evangelho dos “evangélicos”.

Pr. Ed René

sexta-feira, 5 de junho de 2009

Contingência e o vôo 447

O mundo está em choque. De novo a contingência mostra sua cara na tragédia do vôo da Air France. Vale lembrar: contingência significa que os acontecimentos não são sempre necessários. Quando ocorre alguma coisa sem uma razão que a explique ou justifique. Contingência gera imprevisto; fatos que escapam à engrenagem da causa e do efeito. Um avião cai porque o mundo é contingente, não porque tenha sido vítima do destino ou de um plano de Deus.

Diz-se no senso comum que as pessoas só morrem quando chega a hora. Caso isso fosse verdadeiro, o destino reuniu em uma aeronave as pessoas que deveriam morrer naquele dia. Isso daria à fatalidade um poder apavorante. Impossível pensar que gente de mais de trinta países entrou no vôo 447 sem saber que obedecia a uma força cega, que determinava aquele como o último dia de suas vidas.

Igualmente, acreditar que Deus permite a queda do avião porque tem algum propósito, soa esquisito. Cada pessoa, com histórias, projetos, sonhos, foi arrancada da existência para que se cumprisse qual objetivo? Um objetivo macro? Isto é, para que a humanidade aprendesse ou se arrependesse? Isso faria com que as biografias fossem descartáveis, desprezíveis. O Divino Oleiro, sem precisar se explicar, afogaria tanta gente para conduzir a macro história para o fim glorioso? Sim? Mesmo que exista esse deus, eu não o quero.

Também, algumas pessoas aceitam que Deus tem um plano para cada morte individual. Verdade, ele é Deus, tem todo o poder e é capaz de reunir, em um só lugar, quem deveria morrer. Mas também é bom. Então todos os passageiros foram eleitos para cumprir qual bem? Satisfaz pensar que o bem de ceifar tantas vidas, mesmo sem nenhum sentido do lado de cá, está garantido na eternidade? (Deus sabe o que faz?!?!) Como explicar tal conceito para pais, filhos e parentes desolados? Todos acorrentados à trágica realidade que lhes roubou de seus queridos.

A idéia de que Deus tem um plano para cada morte se esvazia diante dos números. Um avião caiu, mas o que dizer dos incontáveis acidentes de todos os dias? O que dizer das balas perdidas que aleijam transeuntes? E dos erros médicos ou dos acidentes de trânsito? Recentemente uma senhora de nossa comunidade caiu da laje da casa em construção. Ela fotografava a obra para que a filha ajudasse com as despesas do acabamento. Quebrou a coluna e ficou paraplégica. A última explicação que se poderia dar é que Deus tinha um plano em deixá-la paralítica.

Jesus nunca cogitou o mundo sem contingência. Pelo contrário, não atrelou a queda de uma torre aos desígnios divinos; não disse que a cegueira do homem era consequência causal das ações interiores, dele ou de seus pais; advertiu que os seus discípulos enfrentariam tempestade, aflição e morte.

Contingência é o espaço da liberdade, portanto, da condição humana. Sem contingência nos desumanizaríamos. A consciência do risco de adoecer e da imprevisibilidade da morte súbita é o preço que pagamos por nossa humanidade.

O desastre do avião mostra a inutilidade de pensar que o exercício correto da religião e a capacidade tecnológica mais excelente sejam suficientes para anular a contingência. Nossa vida é imprecisa e efêmera. Portanto, vivamos intensamente. Cada instante pode ser o último – Carpe Diem!

Ricardo Gondim
Soli Deo Gloria