quinta-feira, 27 de agosto de 2009

Por que desisti de servir os pobres

Recebi de um amigo a indicação deste texto encontrado no site Bacia das Almas.

Muito provocador, algumas vezes parecendo absurdo outras se mostrando inteiramente correto.

O texto nos leva a parar e pensar, só por isto já vale a pena.

Evandro L! Melo

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[…] Observo o quanto a pobreza se entranha na vida dos pobres, e quanto esta somente revela muitas vezes o seu desejo mal sucedido de possuir, de ter acesso ao consumo destruidor de tudo; observo como sua situação se constrói pela sedução das mesmas coisas que seduzem e destróem os ricos. O mesmo individualismo, o mesmo egoísmo, a mesma tendência a sentir-se confortável e identificado com a posse das coisas.DESISTI DE
AJUDAR
OS POBRES,
DE SERVÍ-
LOS E DE
SALVÁ-LOS
E a adesão inegociável a um estilo de vida e modo de pensar que os prende ao mito da necessidade moderna, ao desejo mítico de evoluir e à submissão ao mito do desenvolvimento.

Igualmente a ricos, pobres e remediados estão convencidos de que o que precisam é de algo que o mercado, o dinheiro, o governo ou alguma agência pode lhes oferecer. Que serão felizes com a posse, com a pança cheia (uns com pão, outros com brioches) e com o fluir permanente do dinheiro que tudo pode e tudo resolve. E dentre estes, alguns bem intencionados estendem a mão para “incluir” outros no estilo de vida ou no patamar que alcançaram. À mão estendida de cima para baixo chamamos serviço.

Descobri ao longo dos anos que a própria posição de servir aos pobres, de compromisso com a libertação, estava cheia de superioridade, daquele tipo de superioridade que se traduz por dar ao outro o que eu tenho. Sutilmente, com meus atos, assumo que o que eu tenho ou faço era o que ele deveria ter ou fazer –Jesus não tem nenhuma boa notícia para quem serve os pobres. uma tradução percebida na sutil arrogância das tais políticas de “inclusão”, sempre buscando colocar o outro dentro da caixa onde vivo, incluído no meu estilo de vida.

[…]

Desisti de ajudar os pobres, de servi-los e de salvá-los. E isso porque tenho re-descoberto uma verdade dura: a de que Jesus não tem nenhuma boa notícia para quem serve os pobres. Jesus não veio trazer boas notícias a quem serve os pobres, ele trouxe uma boa notícia aos pobres. Ele não tem nada a dizer a outros salvadores, a quem disputa com Ele o cargo de Messias, de Redentor. A agenda de Jesus só traz uma mensagem aos que se reconhecem pobres, nus, feridos, cansados, sobrecarregados, carentes e sem esperança. Aos demais, sua agenda tem pouco ou nada a oferecer

A única maneira de permanecer com os pobres é se descobrimos que somos nós mesmos os miseráveis. É se reconhecemos a nós mesmos, ainda que bem disfarçados, naquele que está diante de nossos olhos.Deus não se apresenta em nossa capacidade de curar, mas em nossa necessidade de sermos curados. Ao encontrarmos neles nossa miséria, ao nos dar-mos conta de nossa carência, da desesperada necessidade de sermos salvos, aí nos encontramos com a agenda de Jesus.

Deus não se apresenta em nossa capacidade de curar, mas em nossa necessidade de sermos curados. Descobrir esta nossa fraqueza nos coloca sem nada para oferecer, servir, doar, mas revela nossa necessidade de sermos amados, curados e restaurados.

Desisti de servir aos pobres. Estou voltando a encontrar os pobres e me encontrar neles. Voltei a descobrir a miséria que se esconde nas vidas bem montadas de nossa falsa segurança. E com isso posso entender o Jesus que fala com leprosos e com ricos homens de negócios, com cobradores de impostos em suas festas e com enfermos miseráveis. Em sua identificação com todos e cada um Ele via o que talvez mais ninguém via: a extrema miséria e pobreza da condição humana, independente de qualquer status ou roupagem social.

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De um texto absolutamente devastador do insubordinado Claudio Oliver. Posso ter de processá-lo por massacrar sem dó as ilusões que venho alimentando tão ternamente há anos.

Leia na íntegra clicando aqui, se tiver coragem de ser visto na rua com Deus.

terça-feira, 18 de agosto de 2009

Imagem e semelhança

O que nos diferencia de Deus?

À primeira vista esta pargunta parece estúpida por sua obviedade, mas se pararmos para analisar o texto de Gn 01:26 onde diz que Deus nos criou à sua imagem e semelhança, a pergunta não soa tão óvia assim.

Antes de falar o que nos diferencia de Deus, vamos analisar o que temos em semelhança.

Os seres humanos são capazes de tomar decisões, somos serem inteligentes e capazes portanto de escolher entre o sim ou não, entre certo e errado, entre bom ou ruim, e diversas outras decisões que enfrentamos diariamente.

Temos o poder sobre as outras criaturas. Não um poder místico que nos tranfrma em super heróis ou algo do tipo mas sim de autoridade e domínio.

Também somos capazes de amar e de demonstrar amor. Temos o sentimento do amor embutido em nosso DNA, já nascemos com este sentimento e todos, sem exeção, tem sentimento de amor por algúem ou por alguma coisa.

Podemos nos irar, nos indignar com alguma situação, sim não nos esqueçamos que a ira também é divina.

Estas são algumas poucas semelhanças que me vêem a mente. Mas, e então, quais são as diferenças? O que nos distancia de sermos à imagem de Deus?

Primeiramente o PECADO é o responsável pelo abismo aberto no relacionamento entre Deus e o homem. Por causa do pecado nós esquecemos que somos à imagem e semelhança de Deus e vivemos pensando e agindo como se fossemos nossa própria criação. Não somos!

Através e por causa do pecado, fazemos com que as semelhanças sejam as diferenças. Parece estranho, mas é o que acontece.

Por causa do pecado nos afastamos e perdemos o relacionamento com Deus. Relacionamento este que como contato no Gênesis era como de amigos, Deus andava junto com Adão, se bobear jogaram até futebol juntos e sendo Ele onipresente ainda conversava horas a fio com Eva.

Com a perda do relacionamento, facilmente perdemos Deus de vista e aí entra toda nossa prepotência em acharmos que podemos caminhar sozinhos e que somos donos de nós mesmos, começamos a distorcer os conceitos que antes nos assemelhavam ao Criador. Tomamos decisões não mais baseados na imagem de Deus, mas baseados em nossa humanidade, em nossos conceitos do certo e errado. Começamos a agir para benefício próprio e não necessariamente para o bem comum.

Continuamos tendo o domínio sobre todas as criaturas, sobre a terra, mas o que antes era um presente de Deus para que cuidássemos e tirássemos o melhor proveito das criações, hoje serve de sustento para luxo e consumo desenfreado. Não cuidamos com responsabilidade do presente que nos foi dado e hoje pagamos a consequência.

O sentimento de amar é latente dentro de cada ser humano, seja ele quem for. O ponto é que há diferença no que nós consideramos como amor e o amor Divino, o amor perfeito e puro.
Nosso amor, assim como nós, é limitado e condicionado. Amamos quando queremos, deixamos de amar quando assim desejamos.
Somos limitados no perdoar, sentimos inveja, ciúme, existe maldade, tudo isso demosntra o quanto nosso amor é frágil.

Conheço uma pessoa cujo pai abandonou a abandonou junto da sua mãe e seus irmãos quando iniciava a adolescencia e foi viver com outra mulher, formou outra família. Esta pessoa hoje é muito bem sucedida financeiramente enquanto o pai esta em uma situação crítica, muitas vezes faltando o básico. Ela diz que não sente nada pelo pai, que não o considera como pai e que não quer saber de suas dificuldades.

Não quero julgar a atitude dela, é uma situação delicada, teve a infância e adolescência difíceis. Segundo ela não há perdão.

Mas se questionada se sabe o que é amor, se ela ama, com certeza a repsosta será positiva. Ela dirá que ama sua mãe, seu marido, filho dentre outras coisas. Existe amor dentro dela.

O amor que Deus tem por nós não está condicionado a nada, vai muito além do que imaginamos. Deus nos ama e isto basta. Por isso é capaz de nos perdoar mesmo que cometamos qualquer pecado, por mais absurdo que seja. Deus é capaz de perdoar assassinos de crianças, pedoa àqueles que mataram e surraram Jesus. Deus perdoa porque Ele é AMOR, amor verdadeiro e não o limitado como o nosso.

E por último, enquanto a ira de Deus, Sua indignação sempre é lícita e justa e se transforma em correção, em amor, nós pela nossa pequeneza e mesquinheza, transformamos nossa indignação, que nem sempre é justa, em atos de vingança, de ódio, de violência, rancor.

Julgamos como justo algo que nos agrade que nos atenda, caso contrário nos iramos, mas não para alcançar o bem comum, mas sim alcançar nossa própria satisfação.

Com estas e muitas outras semelhanças consigo enxergar as diferenças e a distância que estamos do Deus Criador.

Para nossa alegria uma das diferenças entre Criador e criaturas é que a misericórdia do Criador se renova a cada dia.

Paz!

Evandro L! Melo

segunda-feira, 10 de agosto de 2009

Cuidado com a tacocracia

Se você não se cuidar, a tacocracia vai te pegar!

Os antigos gregos, avós da cultura ocidental, quando usavam o termo tákhos (rápido) para expressar uma característica ou a qualidade específica de algo, não poderiam imaginar que um dia seus herdeiros fôssemos capazes de escolher a velocidade como o principal critério de qualidade para as coisas em geral.

Estamos próximos, muito próximos, de uma tacocracia, na qual a rapidez em todas as áreas aparece como um poder quase despótico e como exclusivo parâmetro para aferir se alguma situação, procedimento ou relação serve ou não serve, é boa ou não.

A pressa não é mais inimiga da perfeição? Devagar não se vai mais ao longe? Há, ainda, algum valor que possa ser atribuído a algo que demora um pouco mais para ser feito, fruído ou conquistado?

Não; não temos mais tempo! Cada dia levantamos mais cedo e vamos dormir mais tarde, sempre com a sensação de que o dia deveria ser mais extenso ou não soubemos nos organizar direito. Nem o relógio olhamos mais para ver que horas são, mas, isso sim, para verificar “quanto falta”. É essa urgência de visualizar o intervalo espacial entre os ponteiros que fez, por exemplo, com que os relógios de pulso digitais não obtivessem sucesso duradouro, pois precisam ser lidos, em vez de apenas percebidos de relance; hoje, só os usam os que têm algum tempo sobrante para fazer cálculos.

Vai demorar para ficar pronto? Vou demorar para aprender isso? A conexão é demorada? A leitura desse livro é demorada? A visita ao museu é demorada? O culto é demorado? Aprender a tocar este instrumento é demorado? Cuidar mais do corpo é demorado? Demora para fazer esta comida? Então, não posso querer.

Será um exagero pensar que estamos sendo invadidos pela tacocracia? Bem, lembremos somente uma situação modelar: a alimentação.

Embora esta seja uma das maiores fontes de prazer e convivência para a nossa espécie, querem que eu, o tempo todo (em vez de ser opção eventual), procure um tipo de comida em função da qual não precise pensar muito para selecionar - posso numerá-la, no lugar de nomeá-la - e, claro, não espere além de um minuto para recebê-la.

Ademais, essa comida deve ter uma consistência que me permita dispensar o trabalho de mastigar muito, podendo comê-la com as mãos, após ser tirada do interior de um saco de papel. O melhor de tudo é que eu consiga fazer isso sentado em fixos banquinhos desconfortáveis (diante de incômodas mesas) ou, como ápice civilizatório, dentro do carro, enquanto dirijo.

É prático, sem dúvida. Mas, é bom? Possibilita que eu ganhe tempo, mas, o que faço com o tempo que ganho? Vou desfrutar mais lentamente outras coisas ou continuo correndo?

Tem alguma coisa errada nessa turbinação toda.

Afinal, para além dos gregos que traímos, vamos pelo menos respeitar os latinos, para os quais curriculum vitae significava o percurso da vida, e não a vida em correria...

Por: Mário Sérgio Cortella

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PAZ!
Evandro L! Melo

quarta-feira, 5 de agosto de 2009

Chicken a la carte

Nesta sociedade consumista em que vivemos, nós os fartos esquecemos da triste realidade dos escassos.

Num mundo onde todos deveríamos ser iguais, pois somos todos a imagem e semelhança de Deus, acontece isso e nós pouco fazemos.

Deus tenha misericórdia da minha vida.

PAZ!

Evandro L! Melo

domingo, 2 de agosto de 2009

Carência cibernética

O que me surpreende no mundo que vivemos é o nível de carência das pessoas, procurando um jeito para falar, se fazer ouvir, ser importante.

Me questiono se a tecnologia, mais precisamente a internet, ajuda ou atrapalha no convívio e na evolução social.

À primeira vista, a internet parece ser uma ferramenta facilitadora e que ajuda a unir as pessoas. O distanciamento físico e geográfico não seria mais um problema, já que através da rede podemos falar com alguém do outro lado do mundo, sem dificuldades.

Mas outro fenômeno também ocorre, meio que involuntariamente acontece e quando percebemos já estamos servos obedientes dele.

A mesma internet que aproxima pessoas tão distantes, distancia pessoas tão próximas. Trocamos mensagens no MSN para chamar o colega da mesa ao lado para ir almoçar, enviamos emails para pessoas que trabalham a poucos metros ao invés de falar ao vivo ou pelo telefone.

Criamos barreiras invisíveis que nos isolam do mundo.

A tecnologia por si só não causa mal, mas o que fazemos dela e como a tratamos podem nos levar a bons e maus caminhos.

O ser humano ainda não evoluiu (ou regrediu) a ponto de se dar bem com esta mudança, por isso a carência aumenta a ponto de milhares querer gritar algo a alguém que nem conhece. Gente que não tem nada a dizer, agora diz ao mundo todo.

Por outro lado, o fato de todos que tiverem acesso à rede (não vou comentar aqui a questão do acesso à tecnologia e o analfabetismo cibernético, isso fica para outro post) poder dizer o que bem entende é um grande avanço na busca da democracia outrora utópica. Outros meios de comunicação são facilmente manipulados, notícias de jornal, rádio, televisão não necessariamente representam o que o povo sente e quer. Aqui é o lugar onde indivíduos, não apenas os famosos ou barões da mídia, tem o direito a se expressar.

A internet não tem dono, é cada um por si, o que também representa algo bom e ruim, pois algo que não tem dono, não tem controle, tanto pessoas de boa intenção quanto as más intencionadas podem usufruir da liberdade que nos é dada.

Como quase tudo na vida, a internet tem dois lados, deleite-se com um e sofra com o outro.

Abraços.

Evandro L! Melo