sexta-feira, 30 de abril de 2010

Primeiro encontro

primeiro ncontroNosso primeiro encontro foi assim. 

Cheguei lá em sua morada, bela morada, e enquanto caminhava boquiaberto com tanta beleza e tanto entendimento, eu o procurava. 

A procura não demorou muito, logo eu o avistei, ali a alguns metros de distância. Estava brincando com algumas crianças, de costas para mim.
Ele era belo, não belo como estamos acostumamos a definir a beleza, era uma beleza da mais pura. Com suas barbas e cabelos brancos como algodão, olhar manso, pele macia, passava um ar de tranquilidade, nunca visto antes. 

Não contive um sorriso no rosto, meu coração palpitava forte. Queria sair correndo a seu encontro, mas pensei em lhe pegar de surpresa.
Fui de mansinho, na ponta dos pés, para quando chegasse perto, desse um pulo para agarrá-lo num abraço.
Ele sabe de todas as coisas, é oniciente, sabia das minhas intenções de lhe pegar de surpresa, mas também sabia como me agradar, e deixou meu plano correr. 

Quando cheguei perto, me preparei e dei o bote. Em um salto de cinema me joguei em c ima Dele, caímos no chão, enchi Ele de beijos e abraços.
Passado esse momento, Ele se levanta, sério, ajeita sua grande barba de algodão, arruma os cabelos, ajeita suas vestes, e eu ali, com cara de menino assustado, olhos arregalados, respiração ofegante, momento de muita apreenção.

E foi então que Ele, muito maroto, se vira para mim, dá um pulo e me pega, me surpreendendo. Me abraça, me joga no chão e começa a me fazer cócegas.                                                   
-"Achou que me pegaria, né filhão?!" disse enquanto me fazia cócegas.
Ao mesmo tempo que eu queria me desvencilhar das cócegas, queria eternizar aquele momento. Me fez perder o fôlego de tanta risada. 

Depois me deu um abraço aconchegante, abraço que ia muito além de um ato físico, passava compreensão, ternura, amor. 

Fez um cafuné, bagunçando todo meu cabelo, sentou-se comigo no chão e iniciou uma conversa, deliciosa conversa. Sem pressa, sem nenhuma preocupação com o tempo.
Aliás, tempo era algo que não existia ali. 

Esse meu Pai, um brincalhão.
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Evandro L! Melo
P.S.: Inspirada na história que Bruno ‘Frei’ me contou.

domingo, 25 de abril de 2010

Uma boa companhia

chaplin
Certo dia, há muito tempo, quando tudo era novo, logo de manhã bem cedo, um cãozinho se aproxima e repousa a meu lado.
Eu estava meditante, pensando na imensidão do nada e ele se sentou me fazendo companhia.
Era um cãozinho de rua, feio, encardido, magricela, mas com um rostinho amigável, como tem os cães.
Consigo, além do olhar amigo, apenas uma coleira com uma plaquinha pendurada. Na plaquinha seu nome, Dúvida. O cãozinho tinha um nome e seu nome era Dúvida.
O cãozinho Dúvida não é mal, não é um peso e não tem culpa de existir. Vaga pelo mundo à procura de alguém para se aproximar e mutuamente fazer companhia um ao outro.
Ele não teme desaparecer, de alguma forma sabe que sempre existirá, embora alguns o espante a gritos e vassouradas, ele continua a existir.
Dúvida, esse cãozinho amigo, é uma ótima companhia.
Dúvida tem uma característica peculiar, não consegue viver só, não por muito tempo. Precisa de outras companhias, por costume, vivem em grupos, em comunidade.
Como já expliquei, meu cãozinho era feio e encardido e por muito tempo tentei prendê-lo a mim, por vergonha, escondia Dúvida comigo, não ousava apresentar a ninguém. Coleira apertada e rédeas curtas, era assim que nós vivíamos.
Mas inquieto, ele não me deixava em paz, me incomodava. Era de sua natureza procurar um bando, viver só estava fora de cogitação, o deixava tristonho e por consequência a mim.
Resolvi então sair para passear com ele. Meu cãozinho feio, encardido, que tanta vergonha causava a mim e a tantos por aí.
Nas ruas, um misto de reações. Alguns olhavam mas fingiam nada ver, outros debochavam do meu cãozinho matusquela, probre Dúvida.
Havia ainda alguns tantos que andavam com seus cachorros grandes, fortes, muito bravos, chamados de Medo. Nos botavam para correr, esbravejando palavrões e botando o Medo pra cima de nós. Muitos, muitos mesmo, tentaram matá-lo.
Diziam que meu cãozinho era uma grande ameaça. Vejam vocês, como podem querer matar tal criaturinha?
Eu e Dúvida, só precisavamos de um abrigo, de outras companhias, de local seguro. Mas não era fácil.
Tentamos alguns abrigos, dito acolhedores, grandes casas, bonitas, com muita gente bem vestida que se reuniam semanalmente. Mas não fomos bem vindos. Disseram que aquele não era nosso lugar.
E assim continuamos, eu e Dúvida, à procura de um lar.dúvida
Até que um dia o encontramos, claro não sabíamos ter encontrado, percebemos depois, mas era esse o lugar.
Dúvida abanava o rabinho, feliz da vida, estava em casa.
Encontramos lugar onde descansar, uma comunidade, comunidade de pessoas acompanhadas cada uma com seu cãozinho, também chamamos Dúvida.
Nesse lugar, existia um bom homem, carinhoso, sorridente e brincalhão. Logo que entramos, lá estava Ele, deitado no chão com dezenas de cachorrinhos em cima Dele, brincando. Seu nome, seu nome é Verdade.
Assim que o conheceram, as coleiras se abriram, os cãezinhos Dúvida já não estavam mais presos a seus donos, o homem chamado Verdade os libertou.

Nessa comunidade é assim, nenhum mal é feito, nenhum cãozinho assolado, nenhum Dúvida morre. Ao contrário disso, encontram lugar para eles, lugar seguro e confortável.

Agora já não somos mais escravos um do outro, somos uma boa companhia.

E assim vivemos, em comunidade. Cada um com seu cãozinho, cada cãozinho livre, em seu lugar.

Texto: Evandro L! Melo
Ilustrações: Felipe Lopes
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terça-feira, 13 de abril de 2010

É brincadeira



A brincadeira começou assim, meio que de repente, sem um início estabelecido, sem regras, organização, times, fronteiras e limites. Começou do nada e assim se estendeu.

Um travesseiro fora atirado dando início a tudo. Logo as crianças correram, cada um em seu posto, descoberto e criado na hora. Cada um com sua munição, qualquer coisa fofinha e macia era uma 'arma mortal'. Tudo era válido, travesseiros, almofadas, bichos de pelúcia, bolas de meia... A alegria emanava por todos os cantos.

A excitação e adrenalina apareciam na forma de suor, que escorria pelos rostos vermelhos das crianças e fazia seus cabelos grudarem.

Pouca coisa era dita, quase nenhum diálogo se formava, eram apenas gritos, gemidos, sonoplastia (de guerra, explosão, quedas) e muita, mas muita risada.

O riso era incontido, saía sem que forçassem e era impossível de controlar.

A brincadeira durou a tarde toda, até que vencidas pelo cansaço as crianças pararam. Sentaram para descansar e riam muito enquanto respiravam ofegantes.

Combinaram de continuar a brincadeira no dia seguinte, tentariam melhorar e aprimorar mais a brincadeira.

Naquela noite cada uma foi dormir lembrando como fora a brincadeira, tentando eternizar os melhores momentos, e pensavam em como poderiam torná-la ainda melhor.

No dia seguinte se encontraram no mesmo local. Reuniram todos a fim de esquematizar como seria a brincadeira dessa vez. Tinha que ser ainda melhor.

Se separaram em times. Cada um tinha uma missão dentro do time. O objetivo era ser o vencedor, era, obviamente, vencer os adversários e ser reconhecidos como os melhores.

Dentro dos times criaram hierarquia, pois, é claro, todo time tem que ter ordem e para isso é necessário um líder.

Houve ali a primeira discussão, pois mais de um queria ser o líder e não abriam mão disso. O tempo passou até que decidiram tirar na sorte. "Jockey Pow" – "Pedra vence tesoura, ganhei". Pronto, liderança definida, vamos para os próximos planos, tinham muito que resolver para tornar a brincadeira inesquecível.

Ao contrário do dia anterior, quando as munições eram encontradas pelo caminho, desta vez preferiram dividir tudo em iguais quantidades.

Cada munição tinha seu valor. Travesseiros valiam mais, pois eram grandes e tinham poucos. Pelúcia tinha seu valor, assim como tudo ali e por último vinham as bolas de meia, em grande quantidade e certeiras para atirar.

O quartel general de cada time foi outro ponto duro de decidir. Todos queriam o quarto do meio, dava acesso aos quartos das extremidades e ainda era perto da escada de acesso à sala, no andar debaixo.

Certamente o time que ficasse com o quarto do meio levaria vantagem sobre os demais, não que isso tivera importância no dia anterior, mas agora tinha e era necessário resolver isso.

Não era fácil tomar essa decisão; alguns logo abriram mão buscando agilizar os planos e partir para a ação, mas não era consenso do grupo e voltaram à discussão.

Mais uma vez teria que ser decidido na sorte.

“Jockey Pow” não, pois era muito amador para decidir algo dessa grandeza. Anotaram então em pedaços de papel os nomes dos times e em outros pedaços maiores de papel anotaram os quartos.

Separaram em dois potes distintos e fizeram o sorteio.

Primeiro sortearam o time e em seguida o quarto em que ficaria.

Alegrias e decepções, não dava para esconder o sorriso (e até um risinho sarcástico) do time que ficara com o melhor quarto.

Tudo pronto, ou melhor, quase tudo. Ainda não tinham escolhido os nomes dos times.

Uma brincadeira tão especial como essa não poderia ter times sem nome, não é mesmo?!

Mais tempo de perdeu, mais discussão, menos consenso e novamente sorteio de pedaços de papel.

Pronto, nomes definidos, agora vamos começar a brincadeira.

Cada time foi para sua base, não contendo as provocações.

O dia já estava quase no fim, quando iniciaram a brincadeira. Os risos incontidos, os gritos espontâneos, já não eram os mesmos do dia anterior.

Deram lugar a gritos de guerra, provocações e xingos.

Era estranho, não era a mesma coisa. A brincadeira era outra e todos ficaram com a sensação incômoda, uma certa melancolia e uma nostalgia, querendo encontrar algo já perdido.
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Evandro L! Melo
Ilustrado por Uiara F. Melo

sexta-feira, 2 de abril de 2010

Os dias de Páscoa

Penso nos acontecimentos destes 3 dias de Páscoa, da seguinte maneira:

- 6a-feira
    Muita confusão, medo, aflição, ondas de terríveis pensamentos inundando a mente de todos.
    Só Deus (Pai, Filho e Espírito Santo) tinham ciência de tudo.

- Sábado   
    Luto. Muito pesar, muita tristeza e dor. Cada um relembrando os momentos terrivelmente únicos do dia anterior e pensando - "E agora?!"

- Domingo

    Espanto e admiração. Adoração e compreensão. Entendimento do que tudo aquilo significara.
    Dia de milagre, de transformação. Dia de salvação.

Obrigado Pai, por ser a nossa Páscoa!

Evandro Melo

quinta-feira, 1 de abril de 2010

JESUS DE NAZARÉ, O CRISTO DE DEUS, NOSSA PASCOA


por Carlos Bregantim

Sempre que chega esta chamada "semana santa", faço uma releitura dos últimos dias do meu Senhor, Jesus de Nazaré, narrados nos evangelhos.

Mateus, Marcos, Lucas e João usam lentes diferentes para descrever os mesmos episódios, digo, as cenas secundárias do momento apoteótico da crucificação e em seguida da ressurreição do Senhor.

São muitos os detalhes e, cada um deles merecem observações de acordo com a percepção de quem lê.

Já fiz estes exercícios muitas vezes ao longo destes anos que leio as Escrituras Sagradas e, tento usar lentes diferentes para observar e ganhar as percepções mais variadas, sobre as circunstancias daqueles últimos dias de Jesus, o Cristo de Deus.

Gosto, na verdade, impacta-me os títulos que são dados a Jesus, enquanto vamos lendo as narrativas dos evangelistas.

Esta semana, pensando nestes títulos e, claro, mais que os títulos, o que de fato o Senhor é, emocionei-me imaginando os passos dEle ao lado dos amigos, discípulos e seguidores distantes.

Imaginei a Eternidade e, um instante em que a Trindade Eterna conclui um acordo que implicava em, Um desceria e viraria gente e seria o Redentor da humanidade.

O Trio do Amor decidiu que o Filho, a Segunda Pessoa da Trindade Santa, encarnaria e, isto se daria do modo mais comum, isto é, se contentaria em ser formado como homem a partir do útero de uma mulher.

Nascer, crescer, ser formado homem na companhia de uma família de humanos simples.

O Rei dos reis crescendo numa carpintaria.

O Príncipe da Paz sendo levado pelas mãos ao templo e a todos os lugares onde seus pais o levava.

O Amado do Céu sendo batizado pelo primo ermitão.

O Maravilhoso Conselheiro sendo inquirido, interrogado desde os primeiros dias do seu ministério.

O Pai da Eternidade limitado ao corpo de um humano e ao espaço insignificante dos humanos.

O Justo sendo o tempo todo questionado e percebendo duvidas até entre os seus melhores amigos.

E, a medida que a plenitude do tempo chegou, a Verdade Eterna se curva e lava os pés dos amigos que, a partir daquela noite viveriam as piores complexidades de alma e se tornariam, traidores, duvidosos, temerosos e carregados de pavor.

A Vida seria presa por soldados cruéis sob os olhares apáticos e medrosos dos amigos.

A Pedra de Esquina seria interrogada e julgada culpada.

A Agua da Vida receberia cusparadas, murros e bofetões e vinagre pra beber.

O Santo de Israel, o Rei dos reis, o Pão da Vida carregaria pelas ruas de Jerusalém a Cruz e levaria sobre si, o pecado de todo mundo.

O Alpha, O Omega, o Cordeiro Eterno, o nosso Mediador se entregaria e escandalosamente morreria pendurado na Cruz.

O Verbo Divino seria sepultado e tido como morto definitivamente.

Ninguém a não ser Ele, o Caminho, sabia que ressuscitaria.

E pra desgraça eterna do inferno e todos os seus moradores, mas, para nossa eterna felicidade Jesus, o Cristo de Deus ressuscitou.

O Seu próprio Poder fez com que saísse e deixasse o túmulo vazio para sempre.

Apareceu aos amigos e a muitos.

Subiu aos Céus e está assentado a destra do Pai.

E, como prometeu, virá outra vez e nós o celebraremos e ai, cantaremos uma canção ou muitas canções.

Talvez uma delas será esta, FORMOSO ÉS, AMADO MEU. TU ÉS A FONTE DA MINHA VIDA E O DESEJO DO MEU CORAÇÃO.

Formoso És:

Em meu coração há uma canção
Que demonstra minha paixão
Para meu Rei e meu Senhor
Para aquele que me amou

Formoso és, meu Senhor
Formoso és tu, amado Deus
Tu és a fonte da minha vida
E o desejo do meu coração
Feliz Pascoa.

Graça, paz & todo bem a você, sua família e os seus queridos todos.

Bjs.

Carlos Bregantim
TWITTER ( Vem comigo...e no Caminho te explico )
http://twitter.com/carlosbregantim