terça-feira, 31 de maio de 2011

Oração, silêncio.

Minha oração de hoje é silêncio Pai, para que ouças apenas meu coração, sem a manipulação das palavras que saem de minha boca.

Minhas súplicas quase nunca são sinceras, exponho o que me apraz e escondo o que me convém.

Meu coração nada te esconde. Ele é carne, músculo, sangue, sentimentos e angústias.
Despido de proteções.
Assim como não me é possível manipular-lhe o sangue sem tirar-lhe a vida, não lhe retiro, tampouco acrescento, os sentimentos. Bons e ruins se mostrarão.

E aquele, lá no fundo, que há tempos não se mede, venha a tona como hoje, inundando-me de coragem, sentimento que vem de Ti e se chama fé.

Amém.

Evandro L! Melo

quinta-feira, 26 de maio de 2011

As lutas que lutamos

Acima de qualquer coisa, amor, respeito e cuidado.

O que me incomoda nesta vasta e rasa discussão que arranca de todos os lados opiniões vindo das vísceras e não da razão, é a limitação do ser humano em ser unitarefa e elencar a seu bel prazer a luta a ser lutada.
Sem que isso signifique já ter vencido as lutas anteriores.

O racismo é um fantasma que nos assola desde os princípios dos tempos e continua a nos assustar. Não o vencemos, então porque desistimos dessa luta?

E quanto a miséria? Já a vencemos?

Lamento pelos que virão, assumir um mundo onde se discute um oceano na profundidade de uma poça de água. Pelo que lutamos, se não por satisfazer nossas próprias vontades?
Bando de hienas demagogas é o que somos. Queremos apenas nossa parte da carniça, mas fazemos disso um espetáculo.

Distribuir e disseminar em todos os veículos kits contra a homofobia*, te parece razoável?
E saber que todos os dias, milhares de famílias assistem a discriminação, racismo e xenofobia sem se incomodar nas novelas da TV GLOBO, que muitos desses que estão tomando partido em ambos os lados dessa discussão assistem todos os dias, que mostram as famílias brancas ricas sendo servidas pela empregada negra e com seus motoristas nordestinos? Isso te parece razoável?

Isso incomoda? A quem?

A luta deveria ser pelo 'senso comum' não pelo 'bom senso'. Bom senso é o que nos diferencia dos outros, senso comum é o que mantém o equilíbrio.
Talvez para alguns seja bom senso aceitar o homossexualismo como algo natural, para outros não, mas o senso comum é a tolerância e respeito mútuo.
Ambas as partes precisam assumir como senso comum o respeito às opiniões diversas e diversificadas, sem que isso agrida minha liberdade em pensar, seja pra que lado for.

*O que é de fato ser homofóbico?
Ter uma opinião contrária, mas continuar tratando o próximo com respeito e amor é ser homofóbico?
Ou homofobia é tratar de forma hostil o homossexual?

Evandro L! Melo

sexta-feira, 20 de maio de 2011

O Olhar




o olhar
ele sabe expressar
o que a alma quer falar

contar
pra si o que está por vir
esperança no porvir

acalentar o coração
fazer de tudo
pura paixão

o olhar
só ele sabe o que é


Evandro L! Melo
Foto e poesia

quarta-feira, 11 de maio de 2011

arrepio... É amor.

...e nesse momento
em que tudo faz sentido
o coração palpita
o ouvido agradece
e o corpo, feliz
todo se arrepia...

Evandro L! Melo
@evandrolmelo

domingo, 8 de maio de 2011

Rainha mãe

O Jogo de Xadrez tem todo seu encanto. Representa um reino, uma vida, a forma que vivemos.
Todos somos peças neste tabuleiro.

Embora toda atenção seja dada do Rei, é dele a proteção de todos, é a Rainha que rouba a cena.
Como não pensar nela, como não falar dela? Ela, a rainha-mãe, mãe-rainha.

Dona de um charme único, poderosa, capaz de ir onde for preciso para proteger os seus.
Não se limita a uma só direção, não se contenta em andar devagar.

Vai para onde for preciso, num instante.

Verdade é que nos tempos antigos, tinha seu valor, como mulher, reduzido. Ciúme, medo dos homens, talvez.
Não fosse isso, tenho certeza de que além de pai, chamariam Deus de mãe.

Mãe que acolhe a criança, que ensina, que ama, que tem em seu abraço a cura. Mãe, o único ser no mundo com o dom de fazer o filho acreditar que "vai passar, vai passar".

Se hoje estou aqui, sobrevivendo, vivendo neste tabuleiro-mundo, é porque você, rainha-mãe, se sacrificou por mim, esteve onde foi preciso.

Mãe, o substantivo do verbo amar.


Evandro L! Melo


originalmente postado em 17/07/2010

sexta-feira, 6 de maio de 2011

sobre a caridade

"E Piotr Pietróvitch estendeu a Sônia uma nota de dez rublos bem aberta. Sônia
pegou nela, corou, balbuciou umas palavras e apressou-se a fazer-lhe uma reverência. Piotr
Pietróvitch acompanhou-a até a porta com muita solenidade. Ela saiu finalmente daquele
quarto, muito comovida e admirada, e voltou para junto de Ekatierina Ivânovna na maior
perturbação. Durante todo o tempo que esta cena durou, Andriéi Siemiônovitch ou
permanecia junto da janela ou dava voltas pelo quarto para não interromper o diálogo;
assim que Sônia saiu, aproximou-se imediatamente de Piotr Pietróvitch e estendeu-lhe
solenemente a mão.


- Ouvi tudo e vi tudo - disse, acentuando a última palavra de maneira especial. - Isso
é nobre, isto é, humano. O senhor queria evitar a gratidão que eu bem vi.
E, confesso-lhe,
se bem que, por princípio, não admita a caridade privada, porque não só não extirpa
radicalmente o mal como até o fomenta,
não posso, no entanto, deixar de reconhecer que vi
o seu procedimento com satisfação... Sim, senhor, foi uma coisa simpática.

"E, confesso-lhe, se bem que, por princípio, não admita a caridade privada, porque não só não extirpa radicalmente o mal como até o fomenta"
 
- Tudo isso é absurdo! - murmurou Piotr Pietróvitch um tanto comovido e como se
olhasse com certo receio para Liebiesiátnikov.


- Não, não é absurdo. Um homem que, ofendido e amargurado, como o senhor, por
causa do que aconteceu ontem, ainda é capaz de pensar na desgraça alheia
...
um homem
assim, ainda que com a sua conduta cometa um erro social... no entanto... é digno de
respeito!
Eu de nenhuma maneira esperava isso do senhor, Piotr Pietróvitch, tendo em
conta as suas idéias, oh! e quanto o prejudicam ao senhor essas idéias! Como o perturbou
aquele insucesso de ontem! - exclamou o bonacheirão do Andriéi Siemiônovitch, sentindo
outra vez renascer a sua amizade por Piotr Pietróvitch. - Mas por que, por que é que o
senhor, meu bom Piotr Pietróvitch, tinha tanto interesse nesse casamento legal? Por que
havia o senhor de exigir infalivelmente essa legalidade no casamento? Bem, se quiser, batame;
mas estou tão contente, tão contente, porque isso tenha falhado, porque o senhor
continue a ser livre e não seja um homem completamente perdido para a humanidade...
Pronto, já desabafei! "

FIODOR DOSTOIEVSKI em Crime e Castigo.

domingo, 1 de maio de 2011

A árvore do bem e do mal

Conhecer o bem e o mal. O fruto da árvore a qual Deus instruiu a seus primeiros filhos a que não comecem.

Deus é nosso pai, o pai perfeito, ao qual não é possível aludir qualquer falha, seja de personalidade, de caráter ou de amor.

Deus é amor, o amor é ele, portanto Deus nosso pai sabe como nos amar.

Quando um pai ou a mãe dizem não a um filho, quando o dizem de coração, não é por maldade, mas sim porque eles, com seus conhecimentos de vida mais vastos e amplos, sabem que aquilo não é bom ao filho, que aquilo lhe fará mal.

Quando Eva é abordada pela serpente, que astutamente, lhe oferece do fruto da árvore do conhecimento do bem e do mal, lhe diz que este fruto é bom e que lhe fará igual a Deus, conhecedores do bem e do mal, donos de si próprios, independentes, auto suficientes.

Ao comer o fruto, assumiram ainda que enganados pela serpente, que a partir daquele momento, eram capazes de decidir o que era melhor para si mesmos e não precisavam mais dos cuidados do Pai.

Os avisos de cuidado do Pai zeloso, de "Não ande por aí", "cuidado, não coloque a mão, vai queimar", "ei, isso machuca, não faça", "por aí você vai se dar mal", e também os conselhos e direcionamentos, "Esse é o melhor a caminho", "isso é o melhor a ser feito", "muito bem, está ótimo", perderam efeito.

Declararam sua independência, a partir daquele momento eram donos de seus próprios caminhos.
Soltaram da mão do Pai e atravessaram a rua sozinhos.

Talvez não soubessem que cada escolha é acompanhada de consequencias.

Deus não é um tirano, um ditador possessivo. Ele é amor, a forma mais completa que se pode ter do amor e por isso é o único capaz de cuidar de nós. Seu cuidado não é para se auto valorizar como Deus, Ele não carece disto, mas antes, para nos valorizar, por amor a nós.

Minha oração é para que Deus nos perdoe por este ato de rebeldia e procura pela independência e me aceite de volta em seus cuidados, como o filho pródigo que voltou ao colo do pai.

Evandro L! Melo