terça-feira, 27 de dezembro de 2011

o sono, os livros

***

um dia, o sono me fugira e a insonia, que eu nem sabia existir, me visitara.
não me contive deitado e levantei em busca de socorro.

- pai, num consigo dormir. - choraminguei.

era já tarde para as crianças daquela época.

ele se levantou, olhou com carinho, me levou ao colo e caminhando lentamente de volta a meu quarto, escolheu não dizer nada por enquanto.
depois de me deitar, cobrir e fazer um breve cafuné, se levantou, andou até a cômoda e voltou dizendo, já com um livro nas mãos:

- o sono habita as páginas dos livros. as vezes se esconde logo nas primeiras. as vezes lá pra depois das tantas.

Para minha alegria, naquele dia, se escondeu lá no finzino da aventura.


evandro l! melo
@evandrolmelo

quinta-feira, 22 de dezembro de 2011

sexta-feira, 16 de dezembro de 2011

A GERAÇÃO DO EXCESSO DE INFORMAÇÃO


“Uma nova geração, que cresceu com um excedente de informação, está chegando. Para esta coorte não é problema perder um tweet ou dez, excluir um blog do seu Reader ou não retornar um SMS ou mesmo um correio de voz. O novo padrão de resposta automática de férias é: ‘Quando eu voltar, vou apagar todos os e-mails na minha caixa; se for algo importante, por favor, envie novamente na próxima semana.’ É isso que acontece quando algo vai do escasso ao excedente. Primeiro nos banhamos nele, depois desperdiçamos.”
Seth Godin em The Shower of Data – sobre a transformação das pessoas pela tecnologia e seus sintomas.

Peguei emprestado DAQUI.
*********

terça-feira, 13 de dezembro de 2011

e se isso se chamar fé?

e se tudo que havia de promessas já foi prometido? e se tudo que haveria de ser revelado já foi feito? e se agora é apenas viver com o que temos? e se isso se chamar fé?

evandro l! melo

quinta-feira, 8 de dezembro de 2011

quando me vem



quando me vem voando a poesia, corro aprisioná-la num papel.
evandro l! melo
@evandrolmelo 

domingo, 4 de dezembro de 2011

quarta-feira, 30 de novembro de 2011

quarta-feira, 23 de novembro de 2011

a filosofia humanista

Carl Rogers e a filosofia humanista (não confunda com humanismo secular) me encantam. E abaixo, explico (eu não, a Wikipedia) o motivo desse encantamento.

"Há três condições básicas e simultâneas defendidas por Rogers como facilitadoras,no relacionamento entre psicoterapeuta e cliente, para que ocorra a atualização desse núcleo essencialmente positivo existente em cada um de nós. São elas: a consideração positiva incondicional; a empatia e a congruência.
Em linhas gerais, ter consideração positiva incondicional é receber a aceitar a pessoa como ela é e expressar uma consideração positiva por ela, simplesmente por que ela existe, não sendo necessário que faça ou seja isto ou aquilo,portanto,aceitá-la incondicionalmente; a empatia, por sua vez, consiste na capacidade de se colocar no lugar do outro, ver o mundo através dos olhos dele e procurar sentir como ele sente;e a congruência, a coerência interna do próprio terapeuta.

Outro ponto a considerar é que após longos estudos, Rogers chegou à conclusão de que as três condições são eficazes como instrumento de aperfeiçoamento da condição humana em qualquer tipo de relacionamento, tais como: na educação entre professor e aluno, no trabalho, na família,nas relações interpessoais em geral.

Para Rogers todos os homens são bons na sua essência, e que todo o aprendizado deveria ser organizado no sentido do indivíduo para o meio, e não o contrário. Neste sentido, ele nos diz:

'A Questão é saber se podemos permitir que o conhecimento se organize no e pelo indivíduo, em vez de ser organizado para o indivíduo.' — Carl Rogers".

E sendo Cristão, encontro diretamente a filosofia ensinada por Jesus neste tripé de Rogers.
Aceitação incondicional e empatia, Jesus chamava de "amar ao próximo como a si mesmo", e congruência, ensinava a perseverança, fé e a não aceitação dos padrões mundanos. "Não vos acomodeis a este mundo".

E até que me provem o contrário, sou humanista. Acredito nas pessoas, tento aceitá-las e sentir suas dores (estou longe de conseguir) e mantenho-me firme em meus princípios, na minha fé.

Evandro L! Melo
@evandrolmelo

sexta-feira, 18 de novembro de 2011

A gente se acostuma

A gente se acostuma. Com tudo. Qualquer que seja o incomodo, se não for logo cortado fora, a gente se acostuma.

Tal qual o velho exemplo do sapo que ao ser jogado em uma panela de água quente, pula fora sem demora. Mas se for colocado em água fria e ir aquecendo, morre cozido. Porque vai se acostumando.

Comprei um carro novo tempo atrás, tudo legal, mas um barulhinho vindo do banco de trás me incomodava. Era quase um grilo fanho cantando um fado.
Nos primeiros dias a irritação foi tanta, que coloquei a esposa no volante e saltei ao banco para acabar com o maldito grilo. E nada. Mais outra tentativa, mais uma e deu preguiça. 
Foi indo, foi indo até que me acostumei. Continua lá o tal grilo, mas hoje meus ouvidos já não dão atenção a ele.

A maioria de nós ocupa a maior parte do tempo em um trabalho que não gosta, mas acostuma, a vida é dura.

A política pública, quase nula, incomoda, mas já acostumamos. Acostumamos com calçadas impossíveis de se caminhar, com buracos que exigem maestria no volante, com caos em forma de filas, descaso com os menos favorecidos, descaso com os aposentados, e por aí vai.

A gente se acostuma quando o contrário é que nos foi ensinado. "Não se acostumem com esse mundo", dizem suas palavras. Mas a gente se acostuma.

Que a inquietação existe, existe. Mas é que a gente de acostuma.

Evandro L! Melo

terça-feira, 15 de novembro de 2011

PRIMING




Priming é um fenômeno psicológico em que uma resposta a determinado estímulo é facilitada por estímulos anteriores.
Basicamente, indução.

Por exemplo, seu eu contar que nasci no dia 5, as 5 horas e 55 minutos (é verdade!) e pedir, dias depois, para você adivinhar meu número da sorte, provavelmente você vai falar “5″, mesmo que já tenha esquecido a história.

Ou, se eu escrever um post sobre velhice, cheio de palavras como asilo, artrite, dor na coluna, labirintite… quando você for se levantar da cadeira, provavelmente vai ser mais devagar e lentamente do que o de costume.

Isso porque esse seu cérebro maluco é cheio de associações contextuais inconscientes e que acabam afetando suas percepções, suas reações e seu comportamento. Ou seja, livre arbítrio muito menos livre do que você gostaria de acreditar.

É o campo de distorção de realidade do Steve Jobs. São as visualizações de sucesso usadas por atletas. É bocejar de mentirinha 3 vezes pra dar sono no seu filho (alguém mais usa esse truque?).

Claro, a propaganda sabe bem disso e adjetiva produtos desde sempre, mas geralmente passa do ponto e deixa a armadilha explícita demais pra você cair. A não ser que seja uma categoria bem mais sutil e sacana como o Stealth, a propaganda que você não sabe que é propaganda.

Lembro de um exemplo interessante em que uma garota muito bonita, fingindo ser uma turista estrangeira, abordava homens em salas de embarque de aeroporto perguntando se falavam inglês. Se respondessem que sim, ela disparava a falar muito rápido. O coitado não entendia nada e tinha que pagar um mico na frente daquela mulher linda, que simplesmente fazia uma carinha de pena. Horas depois, no desembarque em outra cidade, o passageiro recebia um folheto de uma escola de inglês, sem que associasse os dois eventos. Priming, a serviço do mal. Uma incompetência plantada na cabeça, seguida de solução.

Mas toda essa introdução é só para apresentar esse experimento social, que mostra grana sendo usada como priming e disparando comportamentos surpreendentes.

É impressionante.



Malcolm Gladwell também conhece bem o priming e conta um pouco sobre os experimentos de um especialista no assunto: John Bargh (que eu já associei como um cara nojento, só por causa do sobrenome)



E não sei se você reparou, mas você está, nesse momento, mais desconfiado do mundo. Priming.
***

Peguei emprestado do ótimo Update or Die

domingo, 13 de novembro de 2011

quarta-feira, 9 de novembro de 2011

Por quê valorizar o Musico Cristão Brasileiro de Qualidade? por Guilherme de Carvalho - parte 2



"eu não to defendendo que a gente abandone a defesa da verdade, to defendendo que a gente ajude as pessoas a perceberem que bondade, beleza e verdade são inseparáveis, que existe beleza na verdade..."


Veja também a Parte 1.

sexta-feira, 28 de outubro de 2011

Protesto

Escutem o barulho do protesto.

Milhões de pessoas ao redor do mundo se unem em um protesto único, desta semana.
Amanhã a imprensa não falará de outra coisa, por 5 minutos.

Os saudosistas não se aguentam e falam ao ar. "No meu tempo, pintávamos a cara". "Lembro de correr para não apanhar".

Agora não. Os protestos ocorrem dentro das casas. As redes sociais fazem o papel das ruas. O tédio, quando vem, policia a cada manifestante.

plec, plec plec… Gritam os teclados.
Outros nem som produzem. TouchScreen. "Na minha época..." Esbraveja um saudosista. 

Querem derrubar o técnico do time. Zoar o cantor do momento pela roupa mal vestida. Boicotar a Copa do mundo. Pôr abaixo um ditador.

Tudo no silêncio do plec, plec, plec.

Evandro L! Melo
@evandrolmelo

quinta-feira, 20 de outubro de 2011

passagem

façamos, às horas que virão, um acordo com o tempo.

farei eu, às horas tantas, às horas escuras e mudas, um acordo... não mais deitar a vida em dias e noites que se roubam diante dos ponteiros.

o tempo nunca nos mentiu, ele nem começa e nem acaba, apenas ingenuamente marcamos dias e datas, estas que passam sem nos percorrer.

que se evapore de mim, junto com meu suor, a ânsia.

sim! às horas mudas, onde dormem as palavras mais sábias: as que não foram ditas; a imensidão e a correnteza unam sensações para que até meus pêlos saibam que não há novembros, nem as cinco horas da tarde.

tudo é eternidade, desde o instante primeiro, tudo é eternidade.

o tempo desenhando mapas sobre mim, atravessando-me.

a vida há de ser qualquer coisa que nos atravessa e o tempo há de sempre ser.

havendo deus, que ele venha até mim, de novo re-encarnado e que esta força que há em nós, esta coisa que age e pensa, se despregue do tangível a fim de alcançar o ser.

então meus olhos estarão no longe do sem-fim e em minhas mãos... o que guardariam minhas mãos se eu soubesse o que é o tempo?

guimarães
http://ocadernodeescrita.blogspot.com

quinta-feira, 13 de outubro de 2011

quarta-feira, 12 de outubro de 2011

ser ou não ser, eis o cristão

Shakespeare com sua obra maior, Hamlet, tem algo a ver com a bíblia.

"Ser ou não ser, eis a questão: será mais nobre
Em nosso espírito sofrer pedras e setas
Com que a Fortuna, enfurecida, nos alveja,
Ou insurgir-nos contra um mar de provações
E em luta pôr-lhes fim? Morrer... Dormir: não mais."

 Mais precisamente com João e seu relato do Apocalipse, escrito na prisão da ilha de Patmos.

"Conheço as suas obras, sei que você não é frio nem quente. Melhor seria que você fosse frio ou quente! Assim, porque você é morno, não é frio nem quente, estou a ponto de vomitá-lo da minha boca."

Evandro L! Melo
@evandrolmelo

sexta-feira, 7 de outubro de 2011

música pelo ar

do vazio fez-se mundo
como música pelo ar
viaja junto ao vento
assovia ao raiar
DO SOL MI RElembrar, e
com SInos badalando
vamos sonhos FAbricando.
um dia voltaremos para LA
onde a infância sempre está.

evandro l! melo
@evandrolmelo

quarta-feira, 5 de outubro de 2011

Apenas salvação

O ladrão que, na cruz, reconhece a Jesus como seu salvador, talvez tenha sido o mais sincero e puro de todos nós, pois reconheceu a Jesus como Deus no momento em que Jesus estava mais parecido como um homem qualquer. Vulnerável. Pregado numa cruz, sentindo-se só, banhado em sangue e repleto de hematomas. Chorando de dor.
Não havia o que esperar de Jesus ali, apenas salvação.

Gostaria de ser como aquele ladrão perdoado. Não esperar para crer no salvador. Apenas crer e ser salvo.

Evandro L! Melo
@evandrolmelo

*Foto de Diego Venâncio

quinta-feira, 29 de setembro de 2011

um ponto no azul do céu

passarinho invejo seu vôo
voa como o vento quer
não deseje ser mais do que já é
um ponto no azul do céu

evandro l! melo
@evandrolmelo

sábado, 24 de setembro de 2011

PERDOEM-ME O DESGOSTO! ...ESTÁ INSUPORTÁVEL!



Perdoem-me, irmãos, eu confesso a tão aguardada confissão de minha boca. Sim, eu confesso que não posso mais deixar de declarar a minha alma. Para mim é questão de vida ou morte. Perdoem-me, irmãos, mas eu preciso confessar.

Sim, eu confesso...

Está insuportável. Se eu não abrir a minha boca, minha alma explodirá em mim.

quinta-feira, 22 de setembro de 2011

ser poeta

ser poeta é interessar-se pelas minúcias da vida, e desenhá-la com palavras.



evandro l! melo
@evandrolmelo

segunda-feira, 19 de setembro de 2011

Mãos à obra

"Mas o vinho novo deve deitar-se em odres novos, e ambos juntamente se conservarão" (Lc 5:38)

Vinho novo em odre novo.

Gente nova em casa nova. É preciso, portanto, desconstruir para construir.
Pintar paredes, tapar buracos e rachaduras com quadros de falsa beleza não fortalece o alicerce.

Com gente nova, carregando a nova e fiel mensagem, a casa velha vai cair. A casa vai cair.

É preciso derrubar, vir ao chão e nos escombros ressurgir.

Que seja feita a reforma.

Que surjam novos arquitetos e engenheiros civis. O último talvez fora o Eng° Martinho Lutero CREA 3110-1517.

E já não é sem tempo. As pedras podem até clamar, mas será que se organizam sozinhas?
A obra está parada, o canteiro de obras dormente, desacreditado talvez.

Há um caminho enorme a pavimentar.

"Preparem o caminho para o Senhor, façam veredas retas para ele. Todo vale será aterrado e todas as montanhas e colinas, niveladas. As estradas tortuosas serão endireitadas e os caminhos acidentados, aplanados. E toda a humanidade verá a salvação de Deus" (Lc 3:4-6)

Mãos à obra!

***

Evandro L! Melo
@evandrolmelo

quinta-feira, 15 de setembro de 2011

sonhar

     que resta ao homem
     senão sonhar?
     sonhar que sonha,
     depois acordar.


evandro  l! melo

terça-feira, 13 de setembro de 2011

Fé bombástica

"Porque a fé que vocês têm é pequena. Eu lhes asseguro que se vocês tiverem fé do tamanho de um grão de mostarda e uma dinamite do tamanho de uma banana, poderão dizer a este monte: 'Vá daqui para lá', e ele irá. Nada lhes será impossível." -  disse o chinês vendedor de fogos, convertido ao cristianismo.
 ***

Evandro L! Melo
@evandrolmelo

quinta-feira, 8 de setembro de 2011

Crônica da liberdade aprisionada


 
- Me solta!
- Humpf (desdém).
- Anda, seu merda, me solta.
- Pfff (desprezo).

Livre como um pássaro no poleiro. Elefante de circo. Oito toneladas presas num toco junto ao chão.

A porta entreaberta causa medo. O desconhecido é tímido e a coragem ausente.

"ah mas e se eu sair e...e...e… ah mas..."

O sarcasmo é pontual. Com ele posso contar, todos os dias ao despertar. Ah, ele me faz sentir livre. Com ele, graças a ele, aperto o nó da gravata, leio meu jornal em meio ao café amargo.
Abro a porta de casa e me sinto livre. O trânsito é que tenta espantá-lo um pouco, "é o preço do progresso ", ele saca da cartola.

Observo a vida lá fora. Já não sei se está frio ou calor. Dentro do carro está na temperatura de sempre.
Tremo, como um bom homem livre, ao ver alguém mal encarado na rua. As mãos, automáticas, correm travar as portas.

Troco 'bom dias', sorrisos, poucos apertos de mão, nenhum abraço.
Combino o almoço por caracteres com meus colegas. Tempo de descontração. Banho de sol, que todo homem livre merece.

Mal vejo o sol baixar. Lá se foi mais um dia.

Chego em casa, o cansaço a me dominar. Ligo a TV, por hábito, puro hábito. Lá vem o cachorro com a bolinha na boca. Não contenho um sorriso em minha boca. Brinco com ele.

Santo microondas que facilita minha vida. Como rapidamente. Mais um pouco de TV. Mais uma bolinha lançada. Como é bom vê-lo correr.

Vou dormir, ninguém é de ferro. Partes de mim parecem ser, mas não tudo.
O travesseiro funciona como um ímã que atrai a realidade. Uma foto desbotada dos meus dias se apresenta a mim.

Durmo como um bom e livre homem. Graças ao sarcasmo.

- Vamos lá, e se eu pedir por favor?
- ?
- Me solte.
- Liberdade. Não me amole.

Evandro L! Melo

quinta-feira, 1 de setembro de 2011

Genesis

no princípio eram letras
partículas soltas pelo ar
até decidir ser história
verbo pondo-se a contar
infinito optou por infinitivo
e do amor escolheu amar.

evandro l! melo

sexta-feira, 26 de agosto de 2011

quão velho é você?

a forma como se fala sobre a idade no inglês, demonstra mais nua e cruamente a força e a indiferença do tempo.
      - how old are you?
     - i am 30 years old.


que na tradução literária:
     - quão velho é você?
     - eu estou(sou) 30 anos velho.

nascemos e desde este dia ficamos velho a cada inda e vinda dos pulmões. quando bebês não pensamos muita coisa, apenas sobreviver, quentinho, seco e alimentado. qualquer alteração e disparamos o alarme.
mais crescidinhos, crianças, vivemos intensamente a cada dia. talvez por notar que o tempo é feroz no cumprimento do seu dever de passar, vivemos intensamente. dormir é perder tempo de vida. só dormimos porque o esgotamento vence a vontade.

a adolescência, aquela fatídica idade (a qual fui obrigado a passar), em que só pensamos em não pensar. crianças crescidas, jovens ranzinzas. tão rebeldes que queremos ficar mais velhos só para contrariar a nós mesmos de que ficar velho é um saco.

na fase adulta, não tem jeito. tudo se torna pateticamente claro. acordo, me encaro no espelho com dó do que vejo. finjo não reparar nas marcas de expressão, na calvície e naquele maldito fio de cabelo branco. eutearranqueiontemseufilhodeuma
e ela chega. a velhice. aquela fase em que ninguém nunca se prepara para recebê-la e quando chega dá um sustinho, uma melancolia, uma vontade de rever a vida e de ter aproveitado mais os espaços em branco do passado.

na veliche, onde informados de que a vida passa ligeiro e impotentes para qualquer outra coisa, levantam num último brado de fulgor e tentam alertar aos mais jovens. vivam, seus imbecis, aproveitem melhor a vida.
em vão, claro, bem sabem que deixaram passar diversos alertas dos profetas do pretérito, quando mais novos.

só não diga que não avisei.
 ___

Escrito para o tema "Pensar" no site Sobre Pensar.

evandro l! melo
@evandrolmelo

terça-feira, 23 de agosto de 2011

Oração, escuta.


pai, escuta as palavras de meus lábios,
aconselha os sentimentos do meu coração,
mova minhas mãos para que ajam, toquem;
ilumina meus caminhos,
guia meus pés para que andem, alcancem;
elucida meus pensamentos para que encontrem os seus.

amém.

evandro l! melo
@evandrolmelo

segunda-feira, 15 de agosto de 2011

De corpo e alma

Parece-me que para ser bem sucedido neste mundo é preciso estar de corpo e alma no negócio. Seja este qual for.

Dedicar-se, priorizar e focar naquilo que você acredita e mergulhar fundo nestas águas, de corpo e alma.

O dilema, ou a crise para aproveitar a palavra do momento, é justamente a unidade necessária de corpo e alma.
Ou estes dois caminham juntos ou temos uma crise de identidade e identificação com o mundo e tudo que o abrange.

Esta crise se inicia para mim quando me dou conta que sou Cristão. Quando acordo, abro os olhos ainda sonolento e me dou conta que realmente creio que meu Deus criador cuida de mim e que sou seu filho.
Isto porque não me é possível escolher ou selecionar no que eu quero crer e seguir. Ou é tudo ou é nada. O meio termo, o "em cima do muro" não parecem definições de Cristianismo.

E segregar este casamento do corpo e alma é uma atividade dolorosa que requer habilidades cínicas e maestria em enganar-se, mentir a si mesmo.

É preciso certo nível de cinismo para acordar cedo, vestir-se adequadamente, apertar a gravata, tomar o café enquanto acompanha o jornal, seguir em seu carro por um longo período de tráfego, chegar na empresa e dedicar-se o dia todo ao trabalho, se não estiver envolvido de corpo e alma nisso. Também é preciso alto nível de cinismo para entender que isso faz parte da vida do homem, mesmo os que se dizem Cristãos, e que o evangelho cabe nas reuniões de Domingo.

A questão é que se torna difícil enganar-se quanto a isso, quando se tem, breve que seja, contato com as escrituras e portanto passando conhecer a filosofia do Mestre, que priorizava os pobres, os excluídos... Andava em meio ao povo, não se curvava frente ao sistema e não se deslumbrava com poder e riquezas.
Difícil conciliar corpo e alma, quando o corpo quer conforto e alma quer o bem ao próximo. Tarefa árdua fazer com que andem em paz, corpo e alma, quando o corpo é vaidoso e a alma quer vender tudo e seguir ao Mestre.

Como fazer com as mensagens de "olhai os lírios do campo e as aves do céu" se o corpo é ansioso e quer bastar-se em si mesmo, quer dirigir a própria vida?

Sem o cinismo e o sarcasmo é impossível levar essa vida ambígua e perversa, de traição ao corpo e a alma.
Como posso enganar a rotina maçante do dia-a-dia fazendo-me parecer estar de corpo e alma presente, se somente o corpo está lá, enquanto a alma voa longe?
E de igual forma, como posso trair minha crença e meus princípios se somente a alma está lá presente? O corpo já cansado pela rotina, pouco faz em acompanhar.

Parece-me que ser Cristão é viver na pele o dilema de Hamlet, "ser ou não ser, eis a questão".

segunda-feira, 8 de agosto de 2011

Quantos pensadores são necessários para trocar uma idéia?

 
Chegou o evento do ano! Que final de saga de Harry Potter que nada. Todos estavam ansiosos, desesperados, ávidos para a chegada do grande dia. E ele chegou!

Temos a grata satisfação de anunciar a todos, a inauguração da nova casa do Sobre Pensar!

O Sobre Pensar é um Sarau online, onde TODOS podem participar com TODAS as formas de arte. Poemas, contos, crônicas, declarações de amor, ilustração, fotografia, música, etc.

O Sobre Pensar nasceu de uma vontade de compartilhar idéias, pontos de vista a cerca de um tema em comum.
Deu seus primeiros passos como um pequeno blog, tomou corpo, ainda no Tumblr, já recebendo uma pequena centena de visitas semanais e enfim, chegou a hora de mudar de casa.

Contando com o esmero de Nuno Junior, o site do Sobre Pensar ficou uma beleza. Visual muito legal, prático de navegar, uma beleza!

Já falamos sobre amor, já discorremos sobre solidão e até sobre terremoto já passamos. Agora na estréia, iremos falar sobre 'Pensar'.

Esperamos todos  vocês lá para um café. Acessem o www.SobrePensar.com , divulguem o www.SobrePensar.com , colaborem com o www.SobrePensar.com

Valeu!

Evandro L! Melo

quarta-feira, 3 de agosto de 2011

Nós somos o futuro




Propagandas para crianças são proibidas nas TVs de muitos países sérios. Mas o Marketing não para por aí, vai muito além do que 30 segundos na TV. Mensagens subliminares inseridas nos filmes blockbusters, grandes redes de fastfood com mensagens infantilizadas e diversas outras formas de ganhar o consumidor através da criança. Seja o produto direta ou indiretamente ligado a criança.

Um bom exemplo é o marketing para o comércio de automóvel. Qual a necessidade de comerciais de carro, um produto diretamente para adultos, se utilizar de crianças, fazer jingles engraçadinhos ou então ligar o carro a um personagem de desenho animado famoso? Necessidade não existe, existe sim a esperteza do marketing. Fisgando a criança o peixe grande vem junto.

E agora, para coroar o super ego dos publicitários, sai este vídeo, onde marketeiros falam para marketeiros, publicitário conversando com publicitário. Quase que uma conversa consigo mesmo frente ao espelho.

Um vídeo onde atores mirins falam para os publicitários/marketeiros de hoje, que eles são o futuro, eles são os consumidores (diretamente, pois indiretamente já o são hoje) do amanhã.
E a sutileza da sacanagem não para por aí.
O vídeo não aponta apenas para o futuro do consumo, mas para o futuro da sociedade. O que já estamos notando hoje e que seguindo a tendência do nosso caminhar, será amanhã.

Note que a partir dos 21 segundos, o vídeo tem uma boa sacada em mostrar a mistura de culturas que o marketing enfrentará e deverá estar esperto para atender. Brancos, negros, orientais, meninas e meninos e nos 24 segundos vem o que eu quis dizer no parágrafo anterior.
Entre as crianças que representam cada um sua cultura, aparece uma criança que não sabemos dizer se é menino ou menina, com um close especial, que nenhuma outra teve.

'Nós somos o futuro' é um curto documentário (acidental) brilhante que nos informa o que devemos esperar. Neste mundo em que o que é senso comum vira bom senso. Onde o governo decide leis para nos dizer como criar nossos filhos (lei da palmada). Onde antigos conselhos vindos de pais e avós, pessoas as quais confiamos, são transformados da noite para o dia em politicamente incorretos.
Aliás, como é politicamente incorreto este meu post.

Me inquieto em saber que estamos quietos esperando o futuro chegar.

Evandro L! Melo

Indico também: Criança, a alma do negócio

segunda-feira, 1 de agosto de 2011

A ceia

 
Eram 13 amigos,
tão amigos como são os meninos na rua.
Pés no chão, bola nos pés, joelhos ralados.
Meninos sabem o que é que a vida é.
E vive sem pensar.

Eram tão amigos que andavam sem parar,
não pareciam cansar,
descansavam sem querer.

Comiam sem preocupação.
Sentavam, mesa posta ao chão
sem delongas, partilhavam o pão.

O pão da vida
pão que dá a vida

Eram tão meninos que já viviam o céu.

***

Poeminha escrito a pedido de Uiara F'Melo, artista que pintou esta tela.

Evandro L! Melo

sexta-feira, 29 de julho de 2011

Sarau da Comuna: Abertura

"cheguei agora com saudade pra rever
à minha gente eu quero e vou dizer
meu Deus me deu minha canção, a minha voz
e muito mais a quantos queiram receber"

Com estas palavras, cantadas junto ao doce som do acordeon de Abianto, Roberto Diamanso rompe o silêncio, dando sua boa vinda aos tímidos vizinhos da Passagem Santa Cruz na Vila São Pedro em SBC.
Logo em seguida Diamanso desafio e lança o convite:

..."eu quero convidar você
nós vamos celebrar
e quem quiser dançar,
chega pra cá muito prazer".

Inicia-se assim o Sarau da Comuna 2011, festa de quatro dias, que reúne o que há de melhor na música popular brasileira cristã.
E jeito melhor de se começar uma festa, que na rua de uma favela (a maior de SBC), não há.

Enquanto se torna cada vez mais comum músicos 'gospel' se aproximarem da música secular e seus costumes, cachês altos, camarim, som que precisa estar perfeito firulas desnecessárias, Diamanso vai na contramão e ao receber o convite para estar no Sarau, faz apenas uma exigência, "não quero tocar na igreja, quero tocar na rua, na favela".


E assim foi feito. Tudo sofisticadamente improvisado, como não podia deixar de ser, armou-se o som na rua inclinada. Bota um calço aqui, puxa tomada da casa da frente, iluminação está fraca, mas quem se importa?!

E vem o segundo baião, a banda quebrando tudo, Abianto fazendo seu acordeon chorar, Diamanso mostrando o que um artista verdadeiro faz e os vizinhos ainda tímidos se arriscam a sair para as calçadas. Ao final da canção, Diamanso chama o povo, "minha gente, trouxemos açaí e sorvete de cupuaçu para mais de duzentos, chega pra cá, vamos comer". Tinha também cachorro-quente.

E cantando partilhamos o pão, mas como "nem só de pão vive o homem" servimos o açaí e o cupuaçu.

Ah que festa, vocês tinham que ver.

E imitando Jesus em sua radicalidade, levamos água como poesia e comida em forma de música para pessoas com sede e fome não só de pão e água. Levamos Jesus àquelas pessoas queridas.

Ah que festa!



Evandro L! Melo

quinta-feira, 28 de julho de 2011

Teorias da conspiração x Prática da Bíblia

Sou simpático à Teorias da conspiração, sobretudo aquelas que tem fundamentos, são bem articuladas e colecionam um grande número de informações que conectadas dão o tom da história.

Mas não perco o sono com um vídeo no YouTube, um email bem escrito ou conversas de elevador.
Os illuminati, maçons, bancos, repúblicas que estão ruindo, grandes corporações que governam o mundo, interesses privados na miséria de muitos, guerra por petróleo, poder, dinheiro. Tudo isso me deixa triste, mas não me tira a paz.

Não por não acreditar em tudo isso, mas porque tudo isso já fora revelado na Bíblia. E entre a Teoria da conspiração e a Prática da Bíblia, eu fico com a segunda opção.

"Sabemos que somos de Deus e que o mundo todo está sob o poder do Maligno." I João 5:19.

É perceptível o declínio do mundo, em um curto espaço de tempo, da minha infância para a infância atual, de meus sobrinhos, nota-se uma imensa mudança, perda de liberdade, medo, pressões por consumo, educação e saúde pública ruins.
Para minha tristeza, isso é só o começo. Aproximam-se dias tenebrosos, de muita sombra. Economia global em colapso, fome, guerras, inversão de valores e muito mais do que sonha minha vã filosofia.

Mas também é nessa hora em que o evangelho de Jesus faz mais sentido e deve ser praticado. Nessa hora em que veremos se "tudo podemos Naquele que nos fortalece". Se sabemos viver tanto na abundância quanto na miséria.
Nessa hora que e aproxima, teremos que provar do amor ao próximo, teremos que largar mão de qualquer orgulho, teremos que provar da fé que pregamos.

Um dos livros mais antigos e o mais importante, a bíblia, já diz tudo isso que essas Teorias da conspiração, estão dizendo, a diferença é que a palavra de Deus vai além, a bíblia fala também de esperança.

"Então os que estiverem na Judéia fujam para os montes, os que estiverem na cidade saiam, e os que estiverem no campo não entrem na cidade. Pois esses são os dias da vingança, em cumprimento de tudo o que foi escrito.
Como serão terríveis aqueles dias para as grávidas e para as que estiverem amamentando! Haverá grande aflição na terra e ira contra este povo. Cairão pela espada e serão levados como prisioneiros para todas as nações. Jerusalém será pisada pelos gentios até que os tempos deles se cumpram.    "Haverá sinais no sol, na lua e nas estrelas. Na terra, as nações estarão em angústia e perplexidade com o bramido e a agitação do mar.   
Os homens desmaiarão de terror, apreensivos com o que estará sobrevindo ao mundo; e os poderes celestes serão abalados.   
Então se verá o Filho do homem vindo numa nuvem com poder e grande glória.
Quando começarem a acontecer estas coisas, levantem-se e ergam a cabeça, porque estará próxima a redenção de vocês". Lucas 21

Nossa esperança é Jesus, que já venceu o mundo, a nós cabe ter bom ânimo!

"Tenho-vos dito isto, para que em mim tenhais paz; no mundo tereis aflições, mas tende bom ânimo, eu venci o mundo". João 16:33 


Evandro L! Melo

sábado, 16 de julho de 2011

Oração, Cata-vento



paizinho esteja comigo nesse dia
seja meu companheiro
traga consigo a quietude necessária
traga em ti a beleza, o aconchego

que em sua companhia tudo me faça sentido
e meus sentidos me façam perceber-te
na singeleza, nos detalhes, nos aromas
na ausência de sentido que agora me ronda

que o sorriso surja espontâneo
como ar que se transforma em vento
e move a poeira pelo tempo

meu coração seja um cata-vento
capture tua graça pelo ar
e me transforme em movimento

amém.

Evandro L! Melo

terça-feira, 12 de julho de 2011

Meu filho, você não merece nada

"A crença de que a felicidade é um direito tem tornado despreparada a geração mais preparada
Por Eliane Brum
 
Ao conviver com os bem mais jovens, com aqueles que se tornaram adultos há pouco e com aqueles que estão tateando para virar gente grande, percebo que estamos diante da geração mais preparada – e, ao mesmo tempo, da mais despreparada. Preparada do ponto de vista das habilidades, despreparada porque não sabe lidar com frustrações. Preparada porque é capaz de usar as ferramentas da tecnologia, despreparada porque despreza o esforço. Preparada porque conhece o mundo em viagens protegidas, despreparada porque desconhece a fragilidade da matéria da vida. E por tudo isso sofre, sofre muito, porque foi ensinada a acreditar que nasceu com o patrimônio da felicidade. E não foi ensinada a criar a partir da dor.

Tenho me deparado com jovens que esperam ter no mercado de trabalho uma continuação de suas casas – onde o chefe seria um pai ou uma mãe complacente, que tudo concede. Foram ensinados a pensar que merecem, seja lá o que for que queiram. E quando isso não acontece – porque obviamente não acontece – sentem-se traídos, revoltam-se com a “injustiça” e boa parte se emburra e desiste.

Como esses estreantes na vida adulta foram crianças e adolescentes que ganharam tudo, sem ter de lutar por quase nada de relevante, desconhecem que a vida é construção – e para conquistar um espaço no mundo é preciso ralar muito. Com ética e honestidade – e não a cotoveladas ou aos gritos. Como seus pais não conseguiram dizer, é o mundo que anuncia a eles uma nova não lá muito animadora: viver é para os insistentes.

É como se os filhos nascessem e imediatamente os pais já se tornassem devedores. Para estes, frustrar os filhos é sinônimo de fracasso pessoal. 

Nossa classe média parece desprezar o esforço. Prefere a genialidade. O valor está no dom, naquilo que já nasce pronto. Dizer que “fulano é esforçado” é quase uma ofensa. Ter de dar duro para conquistar algo parece já vir assinalado com o carimbo de perdedor. Bacana é o cara que não estudou, passou a noite na balada e foi aprovado no vestibular de Medicina. Este atesta a excelência dos genes de seus pais. Esforçar-se é, no máximo, coisa para os filhos da classe C, que ainda precisam assegurar seu lugar no país.

Da mesma forma que supostamente seria possível construir um lugar sem esforço, existe a crença não menos fantasiosa de que é possível viver sem sofrer. De que as dores inerentes a toda vida são uma anomalia e, como percebo em muitos jovens, uma espécie de traição ao futuro que deveria estar garantido. Pais e filhos têm pagado caro pela crença de que a felicidade é um direito. E a frustração um fracasso. Talvez aí esteja uma pista para compreender a geração do “eu mereço”.
Quando o que não pode ser dito vira sintoma – já que ninguém está disposto a escutar, porque escutar significaria rever escolhas e reconhecer equívocos – o mais fácil é calar. E não por acaso se cala com medicamentos e cada vez mais cedo o desconforto de crianças que não se comportam segundo o manual. Assim, a família pode tocar o cotidiano sem que ninguém precise olhar de verdade para ninguém dentro de casa.
Se os filhos têm o direito de ser felizes simplesmente porque existem – e aos pais caberia garantir esse direito – que tipo de relação pais e filhos podem ter? Como seria possível estabelecer um vínculo genuíno se o sofrimento, o medo e as dúvidas estão previamente fora dele? Se a relação está construída sobre uma ilusão, só é possível fingir.

Aos filhos cabe fingir felicidade – e, como não conseguem, passam a exigir cada vez mais de tudo, especialmente coisas materiais, já que estas são as mais fáceis de alcançar – e aos pais cabe fingir ter a possibilidade de garantir a felicidade, o que sabem intimamente que é uma mentira porque a sentem na própria pele dia após dia. É pelos objetos de consumo que a novela familiar tem se desenrolado, onde os pais fazem de conta que dão o que ninguém pode dar, e os filhos simulam receber o que só eles podem buscar. E por isso logo é preciso criar uma nova demanda para manter o jogo funcionando.

O resultado disso é pais e filhos angustiados, que vão conviver uma vida inteira, mas se desconhecem. E, portanto, estão perdendo uma grande chance. Todos sofrem muito nesse teatro de desencontros anunciados. E mais sofrem porque precisam fingir que existe uma vida em que se pode tudo. E acreditar que se pode tudo é o atalho mais rápido para alcançar não a frustração que move, mas aquela que paralisa.

Seria muito bacana que os pais de hoje entendessem que tão importante quanto uma boa escola ou um curso de línguas ou um Ipad é dizer de vez em quando: “Te vira, meu filho. Você sempre poderá contar comigo, mas essa briga é tua”.
Agora, se os pais mentiram que a felicidade é um direito e seu filho merece tudo simplesmente por existir, paciência. De nada vai adiantar choramingar ou emburrar ao descobrir que vai ter de conquistar seu espaço no mundo sem nenhuma garantia. O melhor a fazer é ter a coragem de escolher. Seja a escolha de lutar pelo seu desejo – ou para descobri-lo –, seja a de abrir mão dele. E não culpar ninguém porque eventualmente não deu certo, porque com certeza vai dar errado muitas vezes. Ou transferir para o outro a responsabilidade pela sua desistência.

Crescer é compreender que o fato de a vida ser falta não a torna menor. Sim, a vida é insuficiente. Mas é o que temos. E é melhor não perder tempo se sentindo injustiçado porque um dia ela acaba. "

Por Eliane Brum
Leia o texto completo AQUI.

Talvez você também goste deste aqui Geração Terabyte.
E deste aqui, A faácia do sucesso

Evandro L! Melo
 

domingo, 10 de julho de 2011

Oração, pétala



Nesse coração
que agora ecoa
no vazio do peito
venha com Teu ser
completa-me por inteiro

Transforma o cinza angústia
em azul graça, amarelo alegria
que minha sombra, seja meio-dia

Torna esse coração
duro como pedra
em sensível pétala
que traz beleza
até o instante último
voando em sua queda

e do silêncio
que ensurdece a noite
faça-se música, faça-se dia
minha alma, seja uma valsa
com Sua mais bela melodia.

Evandro L! Melo

domingo, 3 de julho de 2011

Geração Terabyte




Alguns dizem que somos seres preguiçosos, outros que somos seres práticos. O que acontece de fato é que agimos de  acordo com a necessidade.

A revolução (chamo de revolução porque se trata de uma grande mudança na concepção de tudo o que havia existido até  então, não necessariamente sendo uma evolução no que diz respeito a melhorar a forma de vida e sobrevivência) que a  humanidade passou no último século, com início na Revolução Industrial e ainda mais fortemente acelerada com a  introdução da comunicação/Internet supera todos os acontecimentos dos séculos passados juntos.
Esta drástica mudança, traz consigo próis e contras, muitas vezes não nos damos conta do que é prol e do que é contra.

Antes do advento da computação, as coisas eram registradas em papel (estou na era mais moderna, pós papiros e afins).  Convenhamos que não é tarefa das mais fáceis registrar, armazenar, divulgar, via papel. E justamente estas  dificuldades, que depois foram diminuídas com a invenção da máquina de escrever (falamos dela daqui umas linhas), criam  no ser humano (preguiçoso ou prático) a necessidade de criar filtros. Nem tudo ia para o papel, apenas o que era de  fato relevante e que valesse a pena o esforço.

A máquina de escrever, inventada em sua melhor forma em 1843, facilitou a escrita. Porém ainda continuava a ser um  desafio escrever horas a fio. Lembrando que não existia "BackSpace". Cada erro de digitação, cada erro gramatical ou  cada frase mal escrita representava a necessidade de jogar tudo fora e começar tudo de novo. Existia o limpa-tipo,  claro, mas era uma tormenta.
Dessa mesma forma, havia de ter muita disposição para escrever e registrar as idéias, informações e afins, tinha que  valer mesmo a pena.

Surge então o computador, essa deliciosa máquina de viciar, com suas teclas macias, seus editores de texto e o bendito  "BackSpace". Errou?! Sem crise o corretor ortográfico corrige para você. Não gostou? E daí, seleciona e apaga o trecho  ruim.
Começou a ruir, silenciosamente, o poder de filtro, que só a preguiça/prática traz. O limitador dos primeiros  computadores, com sua telas verdes, passou a ser memória. Contávamos no início dos anos 80 e até os anos 90 com pouco  espaço de armazenagem. Custava caro. Mantinhamos armazenado o que valia a pena e jogávamos no lixo (virtual) aquilo que  não valia o espacinho tomado.

O progresso da tecnologia não para, acelera mais e mais e os obstáculos parecem inexistir. O que nos preocupa hoje, já  tem uma solução em vista amanhã.
O que no início era bytes, passou a kilobytes, chegou a Megabytes, 100,400,700, GigaByte e agora Terabyte. Ao alcance  de todos. Cabe no meu bolso.


Chegamos na geração terabyte. Lembra dos desafios da escrita à mão? Inexistem. Lembra da dificuldade de datilografar?  Não existe mais. Lembra do problema de armazenamento? Esquece, superamos isso.
Então, qual a necessidade de filtros agora?

Parece ainda não existir.

Escrevo, fotografo, desenho, gravo músicas, faço filmes e compartilho com o resto do mundo. Antes não tínhamos nada a  dizer, agora dizemos ao mundo todo.

A geração tebabyte desaprendeu a se desapegar de memórias passadas e inutilizadas pelo tempo.
Tudo se consome, e mesmo o que se consumiu por 15 segundos, é armazenado.
Tudo é lícito e tudo convém. Tudo é permitido e nada precisa, ou deve, ser descartado.
Não existe mais lixo.

Devo experimentar essa coisa estranha? E porque não?
E esse cabelo novo? Porque não?
E esses novos costumes que jogam no chão o que aprendemos de berço?
E esse lixo industrializado de música, filme e toda forma de entretenimento? Qual o problema, cabe no meu HD!

Parece inexistir problemas por esta nova forma de vida à curto prazo, mas aprendi com o Newtão que toda ação causa uma  reação inversa, de mesma força e intensidade.

Tudo nos é lícito, mas nem tudo nos convém.

Evandro L! Melo

terça-feira, 28 de junho de 2011

Em nome de quem e a quem eu digo.



- Seo Oscar (da quitanda) venho aqui a pedido (em nome de) minha mãe, me vê um quilo de tomate e um maço de cigarro.
- Endoidou menino?! Sua mãe jamais compraria cigarros.

- Sou mensageiro Lorde Fulano do Rei das Bandas do Lado de Lá e trago uma mensagem em nome do Rei das Bandas do lado de lá para vosso Rei das Bandas do Lado de Cá.
- Sim, e qual mensagem trazes de vosso Rei, conhecido como Rei humilde e misericordioso, bondoso para com os pobres?
- Estais correto quanto a sua observação quanto a meu Rei, bondoso e misericordioso. Pois bem, ele me envia para que em nome dele eu peça a vosso Rei, ajuda para conseguir um castelo novo, ainda maior e mais luxuoso e novas carruagens, com cavalos ferrari.

Para falar em nome de alguém, há de se considerar esse alguém, o que ele falaria por si mesmo.
Só posso dizer algo em nome de outro, se a pessoa me der autorização para fazê-lo, seja direta ou indiretamente, através de sua vida.

Para fechar minha oração ao Deus Pai, em nome do Deus filho, preciso antes conhecer o caráter desse que estou me dando ao direito de falar em se nome.
não consigo imaginar Jesus pedindo ao Pai por uma ajudinha que irá me beneficiar e a mais ninguém.
Como posso pedir em nome de Jesus por bênçãos financeiras e materiais se é com Ele que eu aprendo que "onde está o seu tesouro lá está seu coração" ou ainda que "o amor ao dinheiro é a raiz de todos os males" e também que eu devo olhar os lírios do campo e as aves do céu?

Conhecendo Jesus, sua vida, seus ensinos, bem sei que não posso pedir em seu nome um bem material desnecessário, como um carro de luxo.

Ao falar a Deus, em nome de Deus, é necessário pensar como ele, buscar seu caráter, imitá-lo.

Em nome de Jesus, amém.

Evandro L! Melo

quinta-feira, 16 de junho de 2011

Provem, e vejam.

"Provem, e vejam como o Senhor é bom. Como é feliz o homem que nele se refugia!" Salmos 34:8



Tenho provado pouco e mal, o meu Senhor.

Provo mal, quando o coloco em prova, quase como uma chantagem, para benefício próprio.

Provo pouco, quando penso ter o controle das minhas ações. Quando me deixo tomar pela ansiedade e medos.

"Provem", é o convite do salmista. Não é "façam prova", "provoque" como alguns habilidosos enganam o povo na TV.

"…e vejam como o Senhor é bom.". A certeza do salmista me encanta. Não existe talvez ou qualquer ponta de dúvida. É certo que veremos que o Senhor é bom.

Como o convite da Vó quando diz "Prove esse bolo de fubá cremoso, é bom!", eu sem pestanejar obedeço.

Degustem, aproveitem, deleitem-se, experimentem, o Senhor é bom!

Evandro L! Melo

terça-feira, 31 de maio de 2011

Oração, silêncio.

Minha oração de hoje é silêncio Pai, para que ouças apenas meu coração, sem a manipulação das palavras que saem de minha boca.

Minhas súplicas quase nunca são sinceras, exponho o que me apraz e escondo o que me convém.

Meu coração nada te esconde. Ele é carne, músculo, sangue, sentimentos e angústias.
Despido de proteções.
Assim como não me é possível manipular-lhe o sangue sem tirar-lhe a vida, não lhe retiro, tampouco acrescento, os sentimentos. Bons e ruins se mostrarão.

E aquele, lá no fundo, que há tempos não se mede, venha a tona como hoje, inundando-me de coragem, sentimento que vem de Ti e se chama fé.

Amém.

Evandro L! Melo

quinta-feira, 26 de maio de 2011

As lutas que lutamos

Acima de qualquer coisa, amor, respeito e cuidado.

O que me incomoda nesta vasta e rasa discussão que arranca de todos os lados opiniões vindo das vísceras e não da razão, é a limitação do ser humano em ser unitarefa e elencar a seu bel prazer a luta a ser lutada.
Sem que isso signifique já ter vencido as lutas anteriores.

O racismo é um fantasma que nos assola desde os princípios dos tempos e continua a nos assustar. Não o vencemos, então porque desistimos dessa luta?

E quanto a miséria? Já a vencemos?

Lamento pelos que virão, assumir um mundo onde se discute um oceano na profundidade de uma poça de água. Pelo que lutamos, se não por satisfazer nossas próprias vontades?
Bando de hienas demagogas é o que somos. Queremos apenas nossa parte da carniça, mas fazemos disso um espetáculo.

Distribuir e disseminar em todos os veículos kits contra a homofobia*, te parece razoável?
E saber que todos os dias, milhares de famílias assistem a discriminação, racismo e xenofobia sem se incomodar nas novelas da TV GLOBO, que muitos desses que estão tomando partido em ambos os lados dessa discussão assistem todos os dias, que mostram as famílias brancas ricas sendo servidas pela empregada negra e com seus motoristas nordestinos? Isso te parece razoável?

Isso incomoda? A quem?

A luta deveria ser pelo 'senso comum' não pelo 'bom senso'. Bom senso é o que nos diferencia dos outros, senso comum é o que mantém o equilíbrio.
Talvez para alguns seja bom senso aceitar o homossexualismo como algo natural, para outros não, mas o senso comum é a tolerância e respeito mútuo.
Ambas as partes precisam assumir como senso comum o respeito às opiniões diversas e diversificadas, sem que isso agrida minha liberdade em pensar, seja pra que lado for.

*O que é de fato ser homofóbico?
Ter uma opinião contrária, mas continuar tratando o próximo com respeito e amor é ser homofóbico?
Ou homofobia é tratar de forma hostil o homossexual?

Evandro L! Melo

sexta-feira, 20 de maio de 2011

O Olhar




o olhar
ele sabe expressar
o que a alma quer falar

contar
pra si o que está por vir
esperança no porvir

acalentar o coração
fazer de tudo
pura paixão

o olhar
só ele sabe o que é


Evandro L! Melo
Foto e poesia

quarta-feira, 11 de maio de 2011

arrepio... É amor.

...e nesse momento
em que tudo faz sentido
o coração palpita
o ouvido agradece
e o corpo, feliz
todo se arrepia...

Evandro L! Melo
@evandrolmelo

domingo, 8 de maio de 2011

Rainha mãe

O Jogo de Xadrez tem todo seu encanto. Representa um reino, uma vida, a forma que vivemos.
Todos somos peças neste tabuleiro.

Embora toda atenção seja dada do Rei, é dele a proteção de todos, é a Rainha que rouba a cena.
Como não pensar nela, como não falar dela? Ela, a rainha-mãe, mãe-rainha.

Dona de um charme único, poderosa, capaz de ir onde for preciso para proteger os seus.
Não se limita a uma só direção, não se contenta em andar devagar.

Vai para onde for preciso, num instante.

Verdade é que nos tempos antigos, tinha seu valor, como mulher, reduzido. Ciúme, medo dos homens, talvez.
Não fosse isso, tenho certeza de que além de pai, chamariam Deus de mãe.

Mãe que acolhe a criança, que ensina, que ama, que tem em seu abraço a cura. Mãe, o único ser no mundo com o dom de fazer o filho acreditar que "vai passar, vai passar".

Se hoje estou aqui, sobrevivendo, vivendo neste tabuleiro-mundo, é porque você, rainha-mãe, se sacrificou por mim, esteve onde foi preciso.

Mãe, o substantivo do verbo amar.


Evandro L! Melo


originalmente postado em 17/07/2010

sexta-feira, 6 de maio de 2011

sobre a caridade

"E Piotr Pietróvitch estendeu a Sônia uma nota de dez rublos bem aberta. Sônia
pegou nela, corou, balbuciou umas palavras e apressou-se a fazer-lhe uma reverência. Piotr
Pietróvitch acompanhou-a até a porta com muita solenidade. Ela saiu finalmente daquele
quarto, muito comovida e admirada, e voltou para junto de Ekatierina Ivânovna na maior
perturbação. Durante todo o tempo que esta cena durou, Andriéi Siemiônovitch ou
permanecia junto da janela ou dava voltas pelo quarto para não interromper o diálogo;
assim que Sônia saiu, aproximou-se imediatamente de Piotr Pietróvitch e estendeu-lhe
solenemente a mão.


- Ouvi tudo e vi tudo - disse, acentuando a última palavra de maneira especial. - Isso
é nobre, isto é, humano. O senhor queria evitar a gratidão que eu bem vi.
E, confesso-lhe,
se bem que, por princípio, não admita a caridade privada, porque não só não extirpa
radicalmente o mal como até o fomenta,
não posso, no entanto, deixar de reconhecer que vi
o seu procedimento com satisfação... Sim, senhor, foi uma coisa simpática.

"E, confesso-lhe, se bem que, por princípio, não admita a caridade privada, porque não só não extirpa radicalmente o mal como até o fomenta"
 
- Tudo isso é absurdo! - murmurou Piotr Pietróvitch um tanto comovido e como se
olhasse com certo receio para Liebiesiátnikov.


- Não, não é absurdo. Um homem que, ofendido e amargurado, como o senhor, por
causa do que aconteceu ontem, ainda é capaz de pensar na desgraça alheia
...
um homem
assim, ainda que com a sua conduta cometa um erro social... no entanto... é digno de
respeito!
Eu de nenhuma maneira esperava isso do senhor, Piotr Pietróvitch, tendo em
conta as suas idéias, oh! e quanto o prejudicam ao senhor essas idéias! Como o perturbou
aquele insucesso de ontem! - exclamou o bonacheirão do Andriéi Siemiônovitch, sentindo
outra vez renascer a sua amizade por Piotr Pietróvitch. - Mas por que, por que é que o
senhor, meu bom Piotr Pietróvitch, tinha tanto interesse nesse casamento legal? Por que
havia o senhor de exigir infalivelmente essa legalidade no casamento? Bem, se quiser, batame;
mas estou tão contente, tão contente, porque isso tenha falhado, porque o senhor
continue a ser livre e não seja um homem completamente perdido para a humanidade...
Pronto, já desabafei! "

FIODOR DOSTOIEVSKI em Crime e Castigo.

domingo, 1 de maio de 2011

A árvore do bem e do mal

Conhecer o bem e o mal. O fruto da árvore a qual Deus instruiu a seus primeiros filhos a que não comecem.

Deus é nosso pai, o pai perfeito, ao qual não é possível aludir qualquer falha, seja de personalidade, de caráter ou de amor.

Deus é amor, o amor é ele, portanto Deus nosso pai sabe como nos amar.

Quando um pai ou a mãe dizem não a um filho, quando o dizem de coração, não é por maldade, mas sim porque eles, com seus conhecimentos de vida mais vastos e amplos, sabem que aquilo não é bom ao filho, que aquilo lhe fará mal.

Quando Eva é abordada pela serpente, que astutamente, lhe oferece do fruto da árvore do conhecimento do bem e do mal, lhe diz que este fruto é bom e que lhe fará igual a Deus, conhecedores do bem e do mal, donos de si próprios, independentes, auto suficientes.

Ao comer o fruto, assumiram ainda que enganados pela serpente, que a partir daquele momento, eram capazes de decidir o que era melhor para si mesmos e não precisavam mais dos cuidados do Pai.

Os avisos de cuidado do Pai zeloso, de "Não ande por aí", "cuidado, não coloque a mão, vai queimar", "ei, isso machuca, não faça", "por aí você vai se dar mal", e também os conselhos e direcionamentos, "Esse é o melhor a caminho", "isso é o melhor a ser feito", "muito bem, está ótimo", perderam efeito.

Declararam sua independência, a partir daquele momento eram donos de seus próprios caminhos.
Soltaram da mão do Pai e atravessaram a rua sozinhos.

Talvez não soubessem que cada escolha é acompanhada de consequencias.

Deus não é um tirano, um ditador possessivo. Ele é amor, a forma mais completa que se pode ter do amor e por isso é o único capaz de cuidar de nós. Seu cuidado não é para se auto valorizar como Deus, Ele não carece disto, mas antes, para nos valorizar, por amor a nós.

Minha oração é para que Deus nos perdoe por este ato de rebeldia e procura pela independência e me aceite de volta em seus cuidados, como o filho pródigo que voltou ao colo do pai.

Evandro L! Melo

domingo, 24 de abril de 2011

Os dias de Páscoa

Penso nos acontecimentos destes 3 dias de Páscoa, da seguinte maneira:

- 6a-feira
Muita confusão, medo, aflição, ondas de terríveis pensamentos inundando a mente de todos.
Só Deus (Pai, Filho e Espírito Santo) tinham ciência de tudo.

- Sábado
Luto. Muito pesar, muita tristeza e dor. Cada um relembrando os momentos terrivelmente únicos do dia anterior e pensando - "E agora?!"

- Domingo
Espanto e admiração. Adoração e compreensão. Entendimento do que tudo aquilo significara.
Dia de milagre, de transformação. Dia de salvação.

Obrigado Pai, por ser a nossa Páscoa!

Evandro L! Melo
(originalmente escrito e postado em  sexta-feira, 2 de abril de 2010)

quarta-feira, 20 de abril de 2011

A fúria de Pangéia

Essa é uma história interessante, conta a vida de África e América, dois eternos amantes.
Ela era altiva como a vida e ele, forte como o amor.

Porém, como toda história de romance, havia um outro envolvido, alguém bastante intrigante.
Seu nome era Pangéia, forte e poderoso, senhor daquela era.
Seu coração doía, ao ver os dois em alegria, seu rosto se contorcia.

Dono de toda porção de terra, decidiu declarar guerra, reuniu seu escudeiro e pediu que desse um jeito, que América viesse a ser sua por inteiro.
Jeito, para quase tudo havia, logo lhe avisou, morte não desfazia e paixão não se movia.

Tamanha fora a fúria de Pangéia, clamou das profundas terras, força oculta, como ninguém soubera.
Bruta força que do fundo chão brotou, fez tremer os montes, rios e lagos esvaziou.
De tanto medo, a Terra começou a tremer, chacoalhou a todos, não escapou nenhum ser.

Se amando, África e América se olharam, coisa boa que não era, logo notaram.
E Pangéia, a terra ao meio dos dois partiu, em um forte estrondo, como nunca se ouviu.

De mãos dadas os amantes não puderam conter, os blocos de terra que os separavam, de tanto tremer.
Nem a força do amor foi capaz de segurar, as mãos unidas, os dois juntos, só queriam se amar.
E lentamente América e África pequenos se viam, e novos mares surgiam, das lágrimas que não continham.

O tempo impiedoso passou, mas o amor que foi, ficou e marcou.

Hoje América busca ser grande, dar a volta por cima e se reencontrar com África, seu amante.
Enquanto África que virara motivo de pilhéria, chora amargurado toda sua miséria.

Pangéia sujeito cruel, provou do seu veneno, amargo como fel. Vive em pedaços cercado de dor, e vez por outra é possível sentir o seu tremor.

Até hoje se conta de orelha em orelha, a história de amor entre África da pele escura e América da pele vermelha.


Texto de: Evandro L! Melo
Ilustração de: Felipe Lopes
escrito para o tema "Terremoto" do Sobre Pensar.

sexta-feira, 15 de abril de 2011

Sempre és

Na tristeza, nos dias rosados
No sorriso, ou dias nublados
Presente como o ar
e eterno como vento 
Tu És

no silêncio se mostra
no vazio se espera
a primeira nota,
a melhor nota como
 Tu És

Minha alma a ti canta
no lamento, na esperança
na dor que arde em chama
em festa como uma criança

Agita-se em mim a paz
na procura do aconchego
ou na busca por si mesma
Tua calma é o que me apraz


Evandro L! Melo
com uns retoques do Diego Venâncio