segunda-feira, 24 de setembro de 2007

Minha fé não é aquilo em que acredito

A distinção mais útil que encontrei nesta caminhada foi a que estabeleceu Jacques Ellul entre fé e crença. Crença é aquilo que professamos acreditar; é o contéudo doutrinário peculiar à nossa facção religiosa, expresso com palavras muito bem escolhidas em nossas declarações de fé. Não há, por outro lado, conjunto de palavras suficiente para definir adequadamente a fé. Nossas crenças são passíveis de exposição, mas nossa fé é questão pessoal – seu conteúdo é o mistério tremendo, a tensão superficial entre eu e o universo, entre eu e o desconhecido, entre eu e o futuro, entre eu e a morte, entre eu e o outro, entre eu e Deus.

Os religiosos de todas as estirpes vivem em geral muito mais preocupados com as filigranas da crença do que com a vivência da fé – e posso dizê-lo por experiência própria. As divisões que fazemos questão de estabelecer entre a nossa e as demais facções da cristandade, e entre a cristandade e as outras heranças religiosas, estão fundamentados, naturalmente, em diferenças de crença. Às vezes dizemos que diante de Deus o desafio da fé é o mesmo para todos, mas agimos claramente como se nossa identidade de cristãos e de seres humanos fosse adequadamente definida pelo teor de nossas crenças. Sentimo-nos devidamente legitimados, devidamente representados, pela felicidade de pertencermos ao grupo ou denominação que professa (ao contrário, naturalmente, de todas os outros grupos ou denominações) a crença mais pura, destilada e correta. Fingimos que nos dobramos diante de Deus e de seu Cristo, mas nosso cristianismo é ortodoxolatria.

“A fé”, explica Ellul, “isola o indivíduo; a crença, (qualquer que seja, inclusive a cristã) ajunta pessoas. Na crença nos vemos unidos a outros na mesma corrente institucional, todos orientados em direção ao mesmo objeto de crença, compartilhando das mesmas idéias, seguindo os mesmos rituais, arrolados na mesma organização, falando o mesmo dialeto.”

Diante disso, sinto-me cada vez menos inclinado a responder aos que perguntam em que acredito, ou aos que levantam-se em indignação quando ouvem a temerária confissão de alguma crença minha (”O quê? O Brabo acredita na evolução?” “O quê? O Brabo não condena a fé dos católicos?” “O quê? O Brabo crê que igreja bem-sucedida é a que fecha as portas?” “O quê? O Brabo acredita em [inserir crença arbitrária aqui]”). Sinto-me cada vez menos motivado a responder aos que perguntam sobre minha tradição religiosa, a qual denominação pertenço, se faço parte de alguma igreja, se endosso determinado autor ou se fico devidamente escandalizado diante de determinada barbárie doutrinária.

Não devo iludir a mim mesmo ou a quem quer que seja dando a impressão de que resta algo de importância na vida espiritual (ou na vida) que não seja a fé, e – minha gente – minha fé não é aquilo em que acredito. Minha fé não está naquilo em que acredito, e nem poderia estar. Minha fé não é adequadamente expressa por aquilo em que acredito, e nem poderia ser.

Em primeiro lugar, porque minhas crenças mudam, mesclam-se e transformam-se constantemente. Minhas crenças nascem, reproduzem-se e morrem num plano totalmente independente do desafio que está na fé. Em segundo lugar porque, como lembra Ellul, “toda crença é um obstáculo à fé. As crenças atrapalham porque satisfazem a nossa necessidade de religião”. Quem pergunta aquilo em que acredito está tentando estabelecer comigo a mais rasteira das conexões; está querendo legitimar a sua crença a partir da minha, e isso não tem como ser saudável para ninguém.

Quem se abraça dessa forma à crença está buscando, evidentemente, o conforto do terreno conhecido e palmilhado. “A crença é confortadora”, observa Ellul. “A pessoa que vive no mundo da crença sente-se segura”. A fé, por outro lado, é coisa terrível, a que ninguém em são juízo deveria aspirar. A fé deixa-me sozinho com um Deus que pode não estar lá. A fé convida-me a um grau de liberdade que posso não ter o desejo de experimentar. A fé quer tirar-me da zona de conforto da crença e levar-me para regiões de mim mesmo e dos outros aonde não quero ir. A fé pressupõe a dúvida, a crença exclui a dúvida. A crença explica sensatamente aquilo em que acredito, a fé exige loucamente que eu prove.

Nossas crenças são âncoras de legitimação, que nos mantém seguros no lugar mas nos impedem de seguir adiante – o que, convenhamos, é muito conveniente. Quem iria em sã consciência escolher abandonar o abraço confirmatório da crença comum e dar um passo em direção à vertigem da fé, ao desafio de tornar-se um indivíduo separado, distinto e singular (numa palavra, santo) diante de Deus? Queremos voltar para o Egito, onde havia cebolas; não suportamos o desafio constante, sempre iminente, sempre exigente, do deserto.

Não tenho como recomendar a crença; sua única façanha é nos reunir em agremiações, cada uma crendo-se mais notável do que a outra e chamando o seu próprio ambiente corporativo de espiritualidade. Não tenho como endossar a crença; não devo dar a entender que a espiritualidade pode ser adequadamente transmitida através de argumentos e explicações. Não devo buscar o conforto da crença; o Mestre tremeu de pavor e não tinha onde reclinar a cabeça.

Não devo ouvir quem pede a tabulação da minha crença; minha fé não é aquilo em que acredito.
Nunca deixa de me surpreender que para o cristianismo Deus não enviou para nos salvar um apanhado de recomendações ou uma lista suficiente de crenças, mas uma pessoa. Minha espiritualidade não deve ser vivida ou expressa de forma menos revolucionária. Não pergunte em que acredito. Mande um email, pegue uma condução, venha até minha casa, tome um café na minha mesa e aceite o meu abraço. Não devo esperar ato maior de fé, e não tenho fé maior para oferecer.

Paulo Brabo

sexta-feira, 21 de setembro de 2007

Com O Coração Juntinho A Deus

"Este povo honra-me com os lábios; o seu coração, porém,
está longe de mim" (Mateus 15:8).

"Se eu quisesse descobrir se um homem é um cristão, eu não
iria procurar seu ministro. Eu iria e perguntaria à sua
esposa. Se um homem não trata bem a sua esposa, eu não quero
ouvi-lo falar de cristianismo. De que adianta falar de
salvação para a próxima vida se ele não tem salvação para
esta. Nós queremos um cristianismo que entre diariamente em
nossas vidas e casas." (Dwight L. Moody)

O que tem significado o cristianismo em nossas vidas? Alguma
coisa que aprendemos da Palavra ou do sermão no final de
semana ou uma prática de vida que foi moldada pelo poder do
Espírito Santo de Deus? Tem sido alguns versículos decorados
na última leitura da Bíblia para recitarmos no trabalho ou
na Faculdade para os colegas ou um sentimento de que é o
verdadeiro fundamento para uma vida abundante e feliz?

Não tem nenhum valor o conhecimento de textos santos ou
mesmo a eloquência nas reuniões evangelísticas se não
houver, por trás, uma vida santa e de oração, um desejo
ardente de louvar e glorificar o nome do Senhor, um prazer
de estar vivendo à sombra do altar de Deus.

Um homem ou uma mulher que sai a pregar a Palavra de Deus,
mas que continua com as mesmas práticas do passado, quando
não tinha qualquer compromisso com o Senhor Jesus Cristo,
que tem um relacionamento ruim em casa, tanto no trato entre
o casal como no cuidado com os filhos, pode até parecer ser
um cristão verdadeiro, mas engana apenas a si mesmo e nunca
ao Senhor da glória que tudo sabe e tudo vê.

Que a nossa vida cristã seja reconhecida tanto no falar como
no agir e que o nosso coração esteja o mais próximo possível
de Deus, na igreja, no trabalho, no local de estudo e no
interior de nosso lar. Que a nossa família, unida, possa
sempre dizer sem qualquer hipocrisia: "Eu e a minha casa
servimos ao Senhor."
Pr. Paulo Roberto Barbosa

quinta-feira, 13 de setembro de 2007

Dúvidas, dúvidas e mais dúvidas.


A dúvida não só faz parte da vida, como faz bem ao viver. Desde que através das dúvidas, dos questionamentos, das incertezas, nós não nos afastemos de Deus, mas sim o contrário, que as dúvidas possam nos levar ainda mais a procurar Deus, a questionar Deus, a conhecer Deus.

Fiquem na Paz.
Evandro
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Fico abismado com a insinceridade de quem jura não ter dúvida alguma. Senti um bruto alívio quando espalharam que Madre Teresa de Calcutá conviveu com várias suspeitas sobre Deus e sobre o mundo espiritual.

Que privilégio perceber-me seu companheiro! Eu também hesito quando encaro o mistério da Divindade, os porquês do sofrimento humano, a morte, e tantas outras questões.

Aliás, sem pretensões vaidosas, Madre Teresa e eu não estamos sozinhos em nossas inquietações.

Davi balançou em diversas ocasiões. Quando assediado pela dor, clamou: “Senhor, por que estás tão longe? Por que te escondes em tempos de angústia? (Salmos 10.1).

Isaías titubeou por não conseguir entender o jeito como Deus tratava seu povo: “Senhor, por que nos fazes andar longe dos teus caminhos e endureces o nosso coração para não termos temor de ti? Volta, por amor dos teus servos, por amor das tribos que são a tua herança!" (Isaías 63.17.

Elias foi o mais ousado profeta da Bíblia hebraica. Desgastado pelo confronto com os profetas de Baal, escondeu-se numa caverna e passou a vitimar-se: “Tenho sido muito zeloso pelo SENHOR, o Deus dos Exércitos. Os israelitas rejeitaram a tua aliança, quebraram os teus altares, e mataram os teus profetas à espada. Sou o único que sobrou, e agora também estão procurando matar-me” (1Reis 19.10).

João Batista balançou sobre sua própria mensagem, mesmo depois de ter anunciado que Jesus era “O cordeiro de Deus”: “És tu aquele que haveria de vir ou devemos esperar algum outro?” (Lucas 7.20).

Depois da ressurreição, os discípulos conviveram com Jesus por quarenta dias. Aparentemente, esse tempo não bastou para dar-lhes uma fé inabalável. Na hora derradeira, antes de Jesus subir ao céu, eles ainda não estavam persuadidos de sua mensagem e de seu projeto. “Quando o viram, o adoraram; mas alguns duvidaram” (Mateus 28.17).

Portanto, cismar não é estranho aos crentes. Madre Teresa não sofre nenhum desdouro por expressar sua fragilidade espiritual, pelo contrário, suas inquietações só lhe engrandecem.

Madre Teresa foi uma mulher que lidou com a indigência mais absurda, com a miséria mais absoluta. Como fitar seres humanos numa situação de extrema penúria e não se abalar?

A aflição humana continua um mistério sem resposta. Por que Deus permite que em Calcutá pessoas vivam em condições mais degradantes do que os porcos de uma favela? Caso Madre Teresa tratasse sua missão profissionalmente, bastaria responder com um chavão fundamentalista.

Madre Teresa era frágil. Embora fosse uma batalhadora incansável, totalmente dedicada ao que fazia, agoniava-se como qualquer mortal; jamais tentou passar por imbatível.

É triste constatar que o mundo atual tenta fabricar super-heróis, pretensos semideuses, todos falsos e forjados pela cultura do narcisismo.

Madre Teresa foi apenas uma mulher que persistiu em sua obstinação de servir a Deus, mesmo assaltada por perplexidades. Isso só a torna mais digna. Caso trabalhasse movida por certezas, sua determinação seria menos honrosa.

Ao continuar debilitada pela dúvida, ela acançou a bem-aventurança que só pertece aos sinceros. Jesus ensinou a Tomé que quem vê e crê é feliz, mas, completou: “muito mais ditosos são os que não vêem e crêem” (João 20.29). Madre Teresa creu sem ver.

Graças a Deus porque, mesmo depois de morta, o testemunho dessa mulher ainda fala: ninguém precisa esconder suas inquietações, somos amados de Deus mesmo com falta de fé - "Senhor, ajuda-me em minha incredulidade" (Marcos 9.24).
Soli Deo Gloria.

Ricardo Gondim.

quarta-feira, 12 de setembro de 2007

Sangue bom

Neste sábado que passou, 08 de Setembro, colocamos em prática um pouco do texto de 1João 3:16.
Um pequeno, mas importante grupo de jovens da Ig Batista Betel, foi ao Hospital Estadual Mario Covas em Santo André, doar sangue.

Uma experiência singela mas com bastante amor e que com certeza ajudará várias pessoas.

Esperamos poder ajudar ainda mais, crescer em nossos trabalhos missionários e compromisso como Cristãos que somos, de sempre buscar colocar em prática a maior de todas as ordenanças, que é de amar ao próximo.

Fiquem na PAZ!

quarta-feira, 5 de setembro de 2007

Sangue bom




Faça o que um dia Jesus fez por você, doe vida, doe sangue.

Sábado, 8 de Setembro Jovens da Igreja Batista Betel irão
doar sangue e evangelizar no Hospital Brasil em Santo André.

Convide amigos, participe!

Nos encontraremos às 8:30h na IB Betel,
Rua Xingú 713, Valparaíso (Travessa da Rua Atlantida) - Santo André

"Conhecemos o amor nisto: que Ele deu a sua vida por nós, e nós devemos dar a vida pelos irmãos." 1João3:16


segunda-feira, 3 de setembro de 2007

NAS PROFUNDEZAS DO MAR

São lançados nossos pecados confessados com arrependimento sincero.
É assim que a Bíblia se refere ao fato de Deus apagar com o perdão
proveniente do sangue de Cristo os pecados do crente.

Há um livro "o Peregrino" que descreve como um cristão, após percorrer
várias estradas trazendo às costas um enorme fardo, do qual procura
livrar-se, chega ao pé da Cruz de Cristo e vê, feliz, o fardo se desprender,
deixando-o aliviado. O que é apresentado no livro acontece na vida
de todo crente sincero: os pecados, os traumas, as perdas, adversidade,
estresses são retirados e lançados, pela fé, na cruz de Jesus Cristo e
“o sangue de Jesus Cristo, Seu Filho, nos purifica de todo o pecado”
(I João 1 : 7).

Não é raro encontrarmos cristãos vivendo situações de pressão sob
um peso que parece sufocante. São problemas de várias espécies:
financeiros, morais, conjugais ou familiares, físicos ou de saúde,
espirituais, etc...Parece que quanto mais se procura uma solução,
mais os problemas se agigantam, como ondas enormes no encapelado
mar da vida.

Em circunstâncias tais devemos lembrar-nos da palavra do apóstolo:
"Lançando sobre Ele toda a vossa ansiedade, porque Ele tem cuidado
de vós". (I Pedro 5:7).

Sozinhos, jamais poderemos suportar. É preciso que reconheçamos
nossas limitações e fraquezas e, ao vir tormento, lancemos-nos, qual
criança indefesa, nos braços de nosso Pai Celestial.

"Olhai para as aves do Céu, que não semeiam, nem ceifam, nem ajuntam,
em celeiros; e vosso Pai Celestial as alimenta; Não valeis vós muito
mais do que elas? Porque vosso Pai Celestial sabe que precisais de
tudo isso!" (Mateus 6:26 e 32b)

Pr. Mário Pereira da Silva