quarta-feira, 16 de dezembro de 2009

O menino sumiu

- O menino sumiu. O menino sumiu.

Berrava o mendigo, dado como louco pelos demais cidadãos de bem.

Chegaram a lhe perguntar, quem era o menino ao qual ele se referia, mas ele só berrava. "O menino sumiu".

****

O menino nasceu trazendo grande alegria. Eram tempos difíceis, mas com ele vinha uma ponta de esperança.

A alegria era tanta que logo muitas pessoas se juntaram para vê-lo, chegar pertinho, sentir o perfume, observar seu sorriso, trazer-lhe alguns mimos.

Ah como era bom estar perto de alguém como aquele menino, estar perto dele trazia felicidade plena.

- Um momento como este não pode passar sem uma festa de comemoração. - Disse o bigodudo comerciante local.

Todos se animaram e logo começaram os preparativos.

O Pai da criança ficou muito animado de início, ficou contente, pois seu menino já chegara fazendo as pessoas sorrirem, o que não ocorria com facilidade. Eram tempos difíceis.

Começaram então os preparativos. Cada um ajudava doando o que tinha, doavam e colaboravam com o que tinham e não com o que lhes sobrava, tamanha era a alegria.

O dono da quitanda escolheu as melhores verduras, frutas, legumes, tudo do bom e do melhor.

O açougueiro separou logo as melhores carnes, de vaca, carneiro e até de porco.

Sem pestanejar o dono da vinicultura ofertou o mais puro e nobre vinho. Aqueles que ele vinha separando para uma ocasião especial, que ele nem sabia qual, mas dizia ele "a ocasião chegará" e chegou.

E assim foi. Os que trabalhavam com madeira ajudaram com as mesas, cadeiras. Os que trabalhavam com metal doaram talheres, panelas.

Os talentosos artistas cuidavam da decoração, da música, nada passava a seus olhos, tudo era cuidadosamente preparado para ficar belo, o mais belo possível às mãos humanas.

***

- Olha só aquilo. Quem é esse maluco?

- Sei não, deve ter ficado doido de tanto beber.

- um vagabundo, é o que ele é...

- Pobre coitado desse mendigo...

- Trabalhar que é bom nada... Vagabundo.

As pessoas que iam e vinham para seus trabalhos, estudos, tocando e rolando suas vidas, olhavam, apontavam e comentavam sobre o mendigo, que gritava a todo pulmão.

- O menino sumiu!

***

- Uma festa como esta não pode ter gente mal arrumada! - Disse num repente o fanfarrão. "Vamos nos arrumar minha gente" - finalizou.

E todos logo concordaram como quem concorda com o óbvio. Foram logo em busca de se embelezarem, se produzirem, se arrumarem.

As mulheres cuidando de si mesmas, dos filhos e dos maridos, é claro, pois estes por mais que tentavam, não tinham muito jeito pra coisa.

- Passavam horas e horas e porque não dizer, dias e dias, se arrumando e olhando para si, procurando detalhes, buscando uma perfeição inexistente.

E embora passassem tanto tempo cuidando de si mesmos, nunca estavam contentes, queriam sempre mais e mais e mais.

A perfeição de fato era inexistente, porém, alguns ficavam realmente bem arrumados. Lindas meninas parecendo bonecas de cera, rapazes garbosos parecendo anúncios de revista, mas nunca estavam contentes e a busca pela beleza não tinha fim.

Mesmo quando chegavam a um resultado satisfatório, pensavam como estariam os demais, e mentalmente se comparavam uns aos outros e a comparação gerava medo e iniciavam novamente a busca pela beleza.

****

O menino sumiu. Agora não era só a voz do mendigo que afirmava esta triste nota, mas também pichações nos muros da cidade.

Assim como a voz do mendigo, as pichações não diziam mais nada além da frase "o menino sumiu".

Todos atribuíam as pichações ao mendigo, e de fato devia ser dele mesmo.

****

O dia da festa chegou. Quase tudo preparado, mas como em toda grande festa, toda festa deste tamanho, ainda faltavam alguns detalhes para resolver.

Muitos corriam para finalizar a tempo o preparo para aquela que seria a maior festa de todos os tempos.

E tanto que correram que alguns até esqueceram porque estavam correndo, mas não podiam parar de correr, a festa tem que acontecer, afinal.

Tudo preparado, tudo colocado em seu lugar. "UAU que lindo que ficou"- muitos disseram.

E foi um dia espetacular. Todos se banquetearam, comeram muito,a té demais, beberam muito, até demais.

Abraçavam-se, trocavam felicitações.

Ah que alegria que foi aquele momento.

- E no ano que vem tem mais minha gente! - disse o comerciante, já um pouco alterado pelo vinho.

- VIVA! - Responderam todos.

***

Tentaram calar o mendigo. Levaram-no preso. O internaram em um hospício. Fizeram exames clínicos. Mas nada havia de errado com ele, era apenas um mendigo que perdera a noção do bom senso e dos bons costumes. Diagnosticaram.

***

Alguns anos se passaram e a cada ano a festa crescia, ficava mais bela, mais enfeitada, mesas mais fartas, mesmo que sobrasse muita coisa pois não davam conta de consumir o que produziam.

Em uma destas festas, em meio à correria para o preparo de mais uma grande festa, que seria ainda maior e melhor do que as anteriores, uma criança andava em meio ao alvoroço.

Curioso, o menino observava tudo e a todos, sem entender o motivo de tanto desespero e desgaste para algo que deveria ser para trazer alegria.

Tentava, sem sucesso, conversar com os que ali estavam, mas ou era ignorado ou era logo repreendido, "Menino, não vê que estamos trabalhando?", outros correndo enquanto olhavam assustados o tempo se esvaindo em um relógio de bolso, falavam a ele, embora parecesse que era ao vento, "é tarde, é tarde, é tarde até que arde, aiai meu deus, alô adeus, é tarde é tarde é tarde".

Ao menino, melancólico, só restou assistir o insano vai e vem de pessoas, como baratas tontas.

****

Os gritos não paravam e os registros escritos continuavam nos muros.

"O menino sumiu"

****

- Cortem esta árvore, é a mais alta e bela de todo o condado. - Disse um dos comerciantes, um dos que mais se esforçava ano a ano para que a festa continuasse a crescer.

- Enfeitem-na com o que for de mais belo - completou o artesão, sempre muito detalhista e cuidadoso com tudo.

- Vamos preparar o maior banquete de todos os tempos.

- Mas na festa passada sobrou muita comida.

- Não importa, este ano precisa ser melhor, não podemos regredir.

- É verdade, faz sentido!

Dialogaram as rechonchudas cozinheiras.

E assim foi, e foi e foi e é.

Um dia, o menino, que nesta altura já não era mais menino, a não ser em sua alma, que sempre foi e será de menino, conseguiu a atenção de todos e perguntou:

- A que mesmo estamos comemorando? Qual o motivo desta festa?

O silêncio foi ensurdecedor. Todos se olhavam, pasmos, pois se esqueceram do porquê tudo aquilo era preparado há anos. Alguns minutos se passaram enquanto só se ouvia os grilos e as cigarras.

- Um brinde a todo mundo e a esta linda festa e que no próximo ano venha uma melhor! - Interrompeu o silêncio, o comerciante, sempre ele.

- VIVA! - responderam todos, enquanto levantavam seus copos.

E assim, como se não houvesse tido nenhuma pergunta, não houve nenhuma resposta e todos brindavam e se felicitavam, como sempre fora.

***

As pessoas já não aguentavam mais a amolação do mendigo, que insistia em seus gritos a todos e a ninguém. "O menino sumiu! O menino sumiu!"

Tiveram uma idéia. Uma macabra idéia de matar o mendigo.

- Mas isso não pode.

- Porque não, é só um mendigo.

- Sim, mas matá-lo?

- só assim ele para com esses gritos que não fazem sentido.

- Mas faz sentido matá-lo por isso?

- Claro, você não acha?

- É, claro, faz sentido.

O mendigo foi morto.

Calaram-se os gritos de "O menino sumiu", e assim todas as pessoas de bem puderam curtir suas festanças com banquetes, muita comida, bebida, enfeites e presentes, sem a incômoda voz do mendigo doido.

Só restaram os muros, com as pichações já desbotadas pelo tempo, "O menino sumiu".

***

Feliz Natal.

Texto: Evandro L! Melo

Ilustração: Felipe Lopes

quarta-feira, 9 de dezembro de 2009

Besouro




O besouro rola-bosta vive de rolar bosta.

Esta é sua razão de vida, rolar bosta.

Sem ela, a bosta, ele não sobrevive.

Ele acredita que rolando bosta está fazendo bem, e há quem diga que seu trabalho é importante.

E por pensar que seu trabalho é importante, ele o executa com vigor, com louvor. Não se importa de trabalhar com bosta, na bosta.

É nela, na bosta, que ele se alimenta, deposita seus ovos, nasce e morre. Na bosta.

Essa é sua natureza, e por pensar que essa é sua natureza, o besouro não pensa em viver diferente. Ele está feliz e contente, na bosta.

O homem rola-vida, vive de rolar a vida...










Evandro L! Melo

terça-feira, 1 de dezembro de 2009

Ética Cristã, uma luz no fim do túnel - 2

Hoje ouvindo rádio enquanto vinha trabalhar, ouvi sobre o mais recente escânlado de Brasília.
O mensalinho do Arruda.

Enquanto o jornalista narrava os acontecimentos, falou apenas o nome de pelo menos 5 envolvidos, mas quando foi falar o nome de um dos pilantras, acrescentou "fulano que é pastor evangélico".

Ele não disse qual a religião nem o que cada um dos demais faz, mas salientou o 'Pastor'.

Mais uma vez acho isso muito positivo, pois se a mídia, a descrente mídia, ainda enxerga esse absurdo a ponto de salientar isto todas as vezes é porque esperam alguma coisa dos Cristãos.

Dos demais não se espera mais nada, eles não tem a Deus, não servem a Cristo, estes são do mundo e não se espera coisa boa, mas dos Cristãos sim.

Lembrei do texto que escrevi há algum tempo atrás, mas que continua relevante.

Segue abaixo.

Paz!

Evandro Melo

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Ética Cristã, uma luz no fim do túnel

Alguns acontecimentos recentes me trouxeram à mente algo que venho refletindo a muito tempo.

A ética Cristã/evangélica e o mundo em que vivemos.

O primeiro acontecimento foi o trágico acidente na igreja Renascer, onde como todos sabem desabou o teto ferindo muitos e matando 9 pessoas.

O que me chamou a atenção em meio a todo alvoroço que a imprensa cria, como urubus em volta da carniça, foi a contradição em que os líderes da igreja evangélica Renascer entraram.
O presidente da igreja afirmou veementemente que não houve qualquer reparo ou reforma no teto da igreja recentemente, enquanto vizinhos do local afirmavam ter visto obras no final de 2008.

No dia seguinte outro líder da igreja afirmou ao lado do presidente que houve sim reforma no teto da igreja no final de 2008, que o teto foi inteiro substituído e restaurado.

Uma coisa é certa, um dos dois mentiu.

O outro fato aconteceu hoje, foi a tão divulgada e festejada posse do Obama. O que me chamou a atenção foi a tradição dos presidentes americanos de fazerem o juramento com a mão direita sobre a Bíblia.

Esses acontecimentos fizeram voltar a minha mente a idéia de ética que o mundo tem sobre os evangélicos.

Desde criança eu vejo um tipo de "perseguição" aos evangélicos. Qualquer erro cometido pelo evangélico é seguido da frase: "e depois diz que é evangélico".

Muitos jogadores de futebol saem com diversas mulheres, gritam palavrões etc , mas se um 'atleta de Cristo' faz algo parecido ouvimos a frase "e depois diz que é evangélico".

No Brasil temos diversos políticos, e convenhamos, é difícil achar um que presta, mas tratam em Brasília especificamente da 'bancada evangélica'.

E porque isso?

Bom, porque é assim que deve ser mesmo.

Esta 'perseguição' muito me alegra para dizer a verdade, porque comprova e admite que esperam do evangélico uma posição de diferença no mundo. Assume-se que o restante do mundo esta indo para um lado e espera-se que o evangélico caminhe para o lado inverso, carregando junto sua cruz.

E não é assim que deve ser?

O que me entristesse é ver que a cada dia que passa, o 'ser evangélico' torna-se mais mecânico, algo trivial, banal e até popular, torna-se uma tradição, como a dos presidentes colocarem a mão sobre a Bíblia. Diz-se que é evangélico como diz-se que é são-paulino, corintiano etc.

Estamos passando por uma transformação em nossa sociedade. Não sou sociólogo, mas sou observador, e o que observo é que nos anos 80, década em que nasci, ser evangélico era totalmente fora de moda, era ser quadrado, ouvíamos gozações na escola, nas ruas, enfim eramos o patinho feio.

Nos anos 90 não foi muito diferente, porém algumas igrejas alternativas, como a Renascer, trouxeram uma roupagem nova a quadradona igreja, fez parecer mais divertida, atraiu mais jovens, o que foi muito bom, espetacular. Porém ainda nos anos 90 descobriram que essa nova roupagem rendia fruto$.

Começou então a onda das igrejas moderninhas, que trazem mensagens de muita bonança, bençãos materiais,conquistas etc.
Deixaram de lado o verdadeiro evangelho da cruz, do caminho estreito e partiram para uma moda mais chamativa, que cabe nas estratégias de marketing.

Vivemos isto nesse momento. Quase todos os canais de TV e diversas rádios propagando o evangelho dos milagres, das bençãos financeiras e a cada dia esta mais difícil ser Cristão verdadeiramente.
Envergonha-se o verdadeiro evangelho em troca de 30 moedas de prata (na verdade muito mais do que isso).

O mesmo movimento creio ter acontecido na igreja católica. Como não sou historiador não tenho dados concretos, mas acredito que no início a igreja católica era coerente com o evengelho ensinado por Jesus e ao longo do tempo foi se perdendo, ao ponto de hoje ninguém sequer se
indignar pelos mesmos erros cometidos pelos católicos como indignam-se com os evangélicos. Não existe a 'bancada católica', por exemplo.

O que eu vejo com tudo isso é que o 'movimento evangélico' (o qual quero distância) está trilhando um caminho inverso ao evangelho verdadeiro, mas ainda há luz no fim do túnel.

A indignação e a intolerância das pessoas a certos erros dos evangélicos comprovam que ainda esperam algo dos Cristãos, ainda esperam que honremos com a Ética Cristã.

então só nos resta HONRAR com a Ética de CRISTO.

PAZ!

Evandro.

sexta-feira, 27 de novembro de 2009

A grande festa





O convite para a festa, a grande festa, foi entregue a todos.

Todos foram convidados, alguns escolhidos, mas o convite foi para todos.

O convite era maneiro, colorido, chamativo, intrigante e curioso.

Curioso, pois fazia apenas uma ressalva, uma exigência.

A festa, a grande festa, era de graça. Mas não daquelas com entrada grátis, mas o restante pago. Era tudo grátis mesmo, e podia-se comer, beber, brindar e brincar, se esbaldar de alegria. De graça!

De graça mesmo, sem nenhuma letra miúda com informações confusas.

O endereço estava lá, fácil de ler, talvez um pouco difícil de entender, mas estava lá e era um só.

Agora engraçado mesmo era o mapa para chegar à festa, a grande festa.

Cada convite tinha um mapa, uma direção diferente da outra, pareciam tão diferentes um do outro, mas no fim era o mesmo destino.

O mapa na verdade gerava certo desconforto, pois os caminhos, os diferentes caminhos eram um pouco estreitos demais, as estradas um pouco esburacadas, um pouco difícil de caminhar, eram trilhas estreitas.

Alguns desconfiaram, acharam estranho, não quiseram arriscar, se perder talvez. Era algo novo, ninguém nunca tivera estado lá para contar. Alguns preferiram a segurança da TV com sofá e disseram "deixa o verão pra mais tarde".

Os que se arriscavam e até se animavam para ir à grande festa procuravam se juntar em grupos. Grupos de amigos, de pessoas que pensavam parecidos, de pessoas que tinham a mesma idéia de vida. Pensavam que assim era mais fácil de chegar à grande festa.

Alguns preferiam ir sozinhos, e foram.

O curioso do convite é que fazia apenas uma exigência. Sim, a festa era gratuita, mas havia uma única exigência.
O convite dizia claramente que para entrar na grande festa era preciso ser criança. Apenas isso, não dizia como, porque, nem nada.

Muitas pessoas acharam aquilo o máximo. "UAU uma festa à fantasia!" imaginavam. E correram em busca de uma fantasia para se fingir de criança. Porém embora experimentassem diversas fantasias, nenhuma delas as tornavam crianças de verdade.

Alguns admitiram o equívoco, outros não. Os que não admitiram, continuaram a se fantasiar e a mentir a si mesmos, em uma busca vã de se convencer de que as fantasias as tornariam reais e que poderiam entrar na grande festa.

Ah a festa. Prometia ser a melhor de todos os tempos. Muita fartura. Nada de problemas para se reclamar. Haveria boa música, muita dança, muita animação. Não haveria rodinhas, panelinhas ou agrupamentos de pessoas por classe social, raça, credo ou qualquer coisa que o valha. Ali todos seriam tratados de forma igual e se tratariam da mesma maneira. Ah a grande festa.

Os que perceberam que se fantasiar, fingir ser, não adiantaria, procuraram entender a essência daquela exigência no convite. Era difícil, mas não impossível.

Assim seguiram todos para a grande festa. Cada qual segurando seu convite. Uns lendo e relendo enquanto caminhavam, olhando o mapa para não se perderem. Outros achavam que já haviam visto o bastante, mas mantinham o convite em mãos, como se fosse um amuleto. Outros guardaram o convite nos bolsos e não o consultavam, iam seguindo as pessoas que estavam na frente.

Chegaram à porta da grande festa. "Ué" Espanto e admiração geral.

Não havia portão, catraca, seguranças, só havia uma placa ali na entrada, que dizia: "Nesta festa só é permitido à entrada de crianças".

Curioso que mesmo não havendo ninguém para barrar a entrada, muitos não conseguiram entrar na festa, simplesmente não conseguiam. Cada fantasia, uma mais engraçada que a outra. Umas até convincente ao primeiro olhar, mas mesmo assim não faziam deles crianças.

E foram, um a um, voltando, tristes, sem poderem curtir nem um pouquinho da festança.
Mas para os que entraram, era o grande dia. O grande dia para a grande festa. Já contei como era a festa?! Ah, era fantástica. Havia palhaços, malabaristas, cuspidores de fogo, shows de mágica e muitos, mas muitos contadores de história e não havia ruídos ali, todos os ruídos se calaram.

Havia um tiozinho contando que certa vez colocou mais de 1 milhão de animais num barco de madeira, difícil era cuidar dos hipopótamos, dizia ele "bichinhos geniosos".

Outro ali contava o dia em que o mar se abriu na sua frente enquanto demonstrava um show de mágica no qual atirava um cajado de madeira no chão e este virava cobra, e depois pegava a cobra e voltava a ser cajado.

E mais outro contando como ele pequenino que era venceu um cara dos grandes, "Um fortão com uns 3 metros" dizia.

Mas o ponto alto da festa, não foi os parabéns nem o bolo, o ponto alto da festa foi quando chegou o dono da festa, aquele que enviou o convite a todos.

Sujeito admirável, parecia que brilhava. Sorriso simples na face, sorriso do mais sincero e mais puro que qualquer um ali jamais tinha visto. Era simples, não vestia roupa de gala, ao contrário, vinha descalço, com os cabelos levemente despenteados. É que acabara de sair do carrinho de bate-bate, onde brincava minutos antes com algumas crianças.

Abraçou um a um, e seu abraço trazia uma paz inexplicável. Nem os poetas que ali estavam conseguiam juntar as palavras exatas para tal sensação, tão boa e única ela era.

Ele contou muitas histórias, encantou a todos com o modo como falava, como era. E foi como se todos passassem a enxergar melhor. Em um estalo todos ali passaram a entender o que de fato era ser criança. "Ahhh então é isso" foi o coro geral.

E assim foi a grande festa e estava tão boa que ninguém jamais quis ir embora.
Ah essa festa, fantástica.

Evandro Melo

terça-feira, 24 de novembro de 2009

A gente acha que ama


A gente acha que ama.
E achando que amamos nos convencemos que amamos.
E quando convencidos que amamos,
julgamos que sabemos o que é amar.
E julgando que amamos da melhor forma, controlamos.
E controlando deixamos de amar.

Evandro L! Melo

domingo, 22 de novembro de 2009

Mais que gracejo seja o meu desejo agraciar




Cada um de nós tem o seu canto
mas quando a gente se ajunta para tocar
não sei vocês, mas eu gosto tanto que pergunto
Viu, Ser Abianto,
se nenhum de nós é grão e o outro palha,
pra que espalhar?
Quem nos junta é a graça
Favor que não mereço
Mas agradeço e peço
Ó Deus! Me faz também querer comunicar
Àquele com quem interagir, fazer sorrir
Mais que gracejo, seja o meu desejo, agraciar
Graça, faz o artista, no uso do talento
Se num recinto, o ingreço é livre
como que ao ar livre, porque livre é o ar
que lhe soprou seu próprio artesão
e em gratidão e ação de graça dá.

(Roberto Diamanso)

segunda-feira, 9 de novembro de 2009

O esfolador de anjos





Por Paulo Brabo || www.baciadasalmas.com



– O que você está lendo?

– Esse aqui.

– É romance? Nunca ouvi falar.

– Todo mundo já ouviu falar dO esfolador de anjos. Todo mundo já leu O esfolador de anjos. Ou pelo menos sabe o final.

– Eu não. Do que se trata?

– De que planeta você é? Bom, o que posso contar que é a história de um contador desempregado, bêbado e deprimido que recebe de um sujeito misterioso uma oferta irrecusável.

– Esfolar anjos, naturalmente.

– Ele não sabe quando aceita a oferta, mas é isso mesmo. O visitante misterioso é mandante da máfia dos demônios e vende peles de anjos no mercado negro.

– O contador vende a alma ao demônio, tipo Fausto.

– Mais ou menos. O demônio precisa da ajuda de um ser humano porque só os humanos são imateriais o bastante para manusear os corpos dos anjos. Os demônios esmagam-nos só de olhar para eles, e as peles estragam.

– Nossa.

– É basicamente isso. O resto não vou contar.

– Pode contar. Eu não vou ler.

– Mesmo? Tem certeza?

– Absoluta. Não é o tipo de história que me prende.

– Essa prenderia. O demônio passa toda semana na casa do contador e deixa um carro diferente na garagem, com o corpo de um anjo no porta-malas. O contador tira a pele e as asas e enterra o resto no quintal. No dia seguinte o demônio passa e leva o carro embora com a pele e as asas no porta-malas. Os dois, o contador e o anjo, nunca mais se falam nem se vêem, só se tratam assim, intermediados pelo carro.

– Só isso?

– Mas é bem legal, descreve bem direitinho como o homem esfola os anjos começando pela base das asas, e os métodos especiais que ele tem de usar para destrinchar os anjos antes de enterrar os pedaços. Eles tem uma anatomia diferente da nossa, embora sejam por fora parecidos. O esqueleto dos anjos é um colar de pérolas.

– O que o contador recebe em troca?

– Essa parte é engraçada. Nunca fica muito claro. Talvez nada, se for pensar bem. No quintal da casa do contador, onde ele enterra as carcaças dos anjos, nasce um jardim maravilhoso, com flores brancas desconhecidas e perfumadas, que todos na vizinhança passam a invejar. Um vizinho vem todos os dias para admirar as flores e traz sempre um engradado de cerveja. Mas fica a impressão de que o contador está esfolando os anjos porque quer. Porque gosta.

– E você gosta dessa história.

– Gosto. Especialmente do final.

– E como termina?

– Um dia, quando o contador abre o porta-malas, está o vizinho ali dentro, só que ele é um anjo, e está vivo.

– O vizinho do engradado de cerveja?

– Ele mesmo. Ferido, mas vivo. Ele vem dar ao contador uma última chance, por assim dizer.

– E o cara se arrepende?

– É meio tarde para se arrepender. O anjo revela ao contador que o demônio mafioso o enganou desde o começo. No começo da história ele não era pobre, nem bêbado nem desempregado; era feliz e tinha uma família bonita, embora não lembre hoje de mais nada. Cada anjo que ele esfolou custou um membro querido da sua família, que desapareceu da existência e de que por isso ele não tem como se lembrar.

– Caraca, e por que ele aceitou a oferta do demônio em primeiro lugar, se não estava deprimido nem desempregado?

– É o que o anjo quer saber antes de matar o contador.

– E o que contador responde?

– Não sei. Não cheguei ainda nesta parte.

– Você está nesta parte.

– Como assim?

– Este é O esfolador de anjos, idiota. Nunca estivemos fora da história. Nunca estivemos fora de história alguma.

– Absurdo. Não é possível.

– Se o contador foi enganado; se estamos na história, nada é inconcebível. Podemos ter enganado ou sido enganados nós mesmos. Não que faça diferença.

– Se é verdade, quem é você na história?

– A pergunta é: quem é você na história?

– E como eu vou saber?

– Depende da pergunta que você me fizer. Ou da resposta que me der.

– Ei, pra que essa faca?

– Está vendo? Você deveria ter perguntado na mão de quem ela está.

– Espere, deixe eu ler a última página.

– Idiota, a última página nunca faz diferença.

sexta-feira, 6 de novembro de 2009

Roda viva

Esta música, Roda Viva, de Chico Buarque nunca fez tanto sentido para mim.

Incrível como somos frágeis e um simples evento pode nos levar a lugares e situações nunca antes imaginadas.

Somos como barcos a vela no oceano, alguma vezes estamos no controle das velas e aproveitamos o vento, outras vezes os ventos nos levam sem controle nosso e algumas vezes surgem tempestades que compromete nossa nau.

Assim somos nós, frágeis, e mal nos damos conta disso.

PAZ!

Evandro Melo

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Roda Viva

Chico Buarque

Composição: Chico Buarque

Tem dias que a gente se sente
Como quem partiu ou morreu
A gente estancou de repente
Ou foi o mundo então que cresceu...

A gente quer ter voz ativa
No nosso destino mandar
Mas eis que chega a roda viva
E carrega o destino prá lá ...

Roda mundo, roda gigante
Roda moinho, roda pião
O tempo rodou num instante
Nas voltas do meu coração...

A gente vai contra a corrente
Até não poder resistir
Na volta do barco é que sente
O quanto deixou de cumprir
Faz tempo que a gente cultiva
A mais linda roseira que há
Mas eis que chega a roda viva
E carrega a roseira prá lá...

Roda mundo, roda gigante
Roda moinho, roda pião
O tempo rodou num instante
Nas voltas do meu coração...

A roda da saia mulata
Não quer mais rodar não senhor
Não posso fazer serenata
A roda de samba acabou...

A gente toma a iniciativa
Viola na rua a cantar
Mas eis que chega a roda viva
E carrega a viola prá lá...

Roda mundo, roda gigante
Roda moinho, roda pião
O tempo rodou num instante
Nas voltas do meu coração...

O samba, a viola, a roseira
Que um dia a fogueira queimou
Foi tudo ilusão passageira
Que a brisa primeira levou...

No peito a saudade cativa
Faz força pro tempo parar
Mas eis que chega a roda viva
E carrega a saudade prá lá ...

Roda mundo, roda gigante
Roda moinho, roda pião
O tempo rodou num instante
Nas voltas do meu coração...


segunda-feira, 2 de novembro de 2009

Cabra da peste

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Esses dias me disseram, a respeito de um projeto que estava desenvolvendo, que Deus levaria as pessoas certas a participar. Compreendo. O problema é que Deus não costuma levar em consideração o fato de que, se as pessoas certas, naquele caso, fossem poucas, eu teria que arcar com um pequeno rombo financeiro. Ele é meio desligado nessas miudezas monetárias. Afinal de contas é dono de todo ouro e prata. Não tem com que se preocupar. Nós é que precisamos desse demônio de papel para sobreviver.

Pensando nisso é que percebi o caminho sutil que está levando o tinhoso a assumir sua forma definitiva nesse mundinho cão.

Aquele espírito de luz, não muito tempo depois de nos aparecer como serpente, abandonou a pobrezinha rastejante e assumiu a forma de metal pesado. Ouro, prata, bronze. Era preciso centenas de escravos para carregar, em carruagens reforçadas, um bom pagamento para casa. Com o passar dos séculos, transformou-se em níquel, mais leve e sutil. Uma boa quantia poderia ser carregada em uma maleta. Lentamente, como o inseto de Kafka, foi afinando até a leveza e versatilidade do papel, e coube em bolsos e cuecas. E vem seguindo seu inacreditável processo de desmaterialização, na intenção maldosa de tomar de novo a forma original da virtualidade, do espírito. Estará, logo, logo, instalado definitivamente dentro de nós.

Não é a toa que o Filho do Homem aconselhou-nos ao desapego total. Não é a toa que chamou o dinheiro pelo seu verdadeiro nome. Mamom. Não é a toa que nos deu como modelo os passarinhos e lírios.

Mas essa insuportável passagem dos evangelhos, talvez uma das mais desprezadas no cristianismo contemporâneo, é quase sempre vista de uma perspectiva, na melhor das hipóteses, parcial. Na esmagadora maioria das vezes, aqueles que não fogem desse texto intragável costumam usá-lo como exemplo do inescapável cuidado de Deus - aquele cuidado que vai fazer a adesão àquele projeto ser certamente suficiente e o rombo no orçamento ser evitado.

Evidentemente não é isso que o texto diz.

O surpreendente com os lírios é que mesmo que muitos floresçam, enfeitem e perfumem o campo, uma enorme quantidade deles morre seca e esturricada na estiagem ou afogada na enchente. Isso quando alguma cabra maldita não pisoteia ou, pior, mata o lírio sufocado em seu esterco. E pássaros, além de serem devorados por uma porção de predadores, são absolutamente incapazes de enxergar a parede de vidro que lhes partirá o pescoço. Ainda assim, por mais absurdo que nos pareça, todos estão sob o cuidado de Deus, segundo o primogênito de Maria.

O negócio é tocar a vida e torcer para nenhuma cabra passar por perto e para que todas as janelas permaneçam abertas.

terça-feira, 27 de outubro de 2009

Sou pedra





Os pés estavam bravos com alguma coisa, andavam agitados e solitários à beira do riacho.
Nem pensaram ao avistar uma predra, chutaram raivosos, como que se isso descarregasse a raiva.
A pedra era bela. Redonda e bela. Nem tão grande, nem muito pequena, era bela.

Os pés logo perceberam o que fizeram, arrependidos foram logo falando:

- Pedra, desculpe, estamos nervosos. - e fizeram um convite:
- Pode nos fazer companhia?
- Posso, mas não quero, não quero e não vou. - responde a Pedra enfezada.
- Mas Pedra, por que não?
- Não percebem?! Vocês me chutaram. A culpa é sua!

Os Pés olham tristemente e refletem:

- Sim é verdade, sabemos disso. A culpa é nossa, nos perdoe.

A Pedra responde, ainda sentida:

- Não posso, sou pedra, essa é minha natureza.

- Mas Pedra, assim não seremos amigos. Nos perdoa. - Pedem aflitos os Pés.

- Sinto muito. Sou pedra.


Evandro L! Melo

quarta-feira, 21 de outubro de 2009

Show de lançamento Denis Campos

"Olá galera..

Gostaria de convidar a todos pro show de lançamento do meu primeiro CD, chamado "De todos os ângulos".
Será num sábado, dia 7 de Novembro, às 20h, na Casa da Comuna.

Clique AQUI para ver o Mapa de como chegar lá.

Banda: Jorge Ervolini, Elly Aguiar, Vagner Roberto, Vini Bertolino.
Participações: Gerson Borges, Diego Venâncio.

Conto com a presença de todos!
Divulguem!

Abraços",

Denis Campos.

terça-feira, 20 de outubro de 2009

A verdade e sua metáfora


Por Paulo Brabo(www.baciadasalmas.com)

Em certo país dava-se o nome de metáfora a qualquer recipiente próprio para conter algum líquido. Havia nesse país uma fonte de água cristalina, porém tão amarga que dizia-se bastar um único gole para matar de desgosto um homem adulto; cria-se no entanto que diluída ou em pequenas doses essa água tinha propriedades mágicas ou medicinais, e deu-se a ela o nome de verdade.

Levas de peregrinos acorriam incessantemente à fonte, e partiam para seus lugares de origem levando a verdade em seus vasos metafóricos.

Porém uma rigorosa seita, que cria que a verdade deve ser experenciada sem o auxílio de metáforas, atacava as caravanas de peregrinos. Querendo ensiná-los a obter a verdade em estado puro, os sectários destruíam a pauladas as metáforas que a continham. Quebrados os recipientes, a verdade se derramava e desaparecia no solo, ficando sem ela peregrinos e sectários.

Certa vez um rapaz voltava da fonte levando a verdade em sua metáfora quando viu de longe a aproximação dos sectários. Não querendo ver derramada a verdade que trazia consigo, o rapaz não hesitou e bebeu em goles resolutos toda a água da vasilha.

– Onde está a verdade que você trazia nessa metáfora? – perguntaram os perseguidores.

– Eu bebi – desafiou o rapaz. – Agora a verdade está dentro de mim.

E os sectários mataram-no a pauladas.

Em compensação, começou a correr a notícia de que a verdade, embora amarga, não era mortal, e que o recipiente próprio para conter a verdade era um ser humano. Com o passar do tempo os próprios homens passaram a ser chamados de metáforas, e conta-se que nunca estiveram mais perto da verdade.

terça-feira, 13 de outubro de 2009

Feliz


Feliz.
Felicidade que em si se basta.
Feliz.
Felicidade ao mesmo tempo rara e vasta.

Feliz.
Felicidade, mesmo errante conforta.
Feliz.
Por saber que hoje estou, e hoje importa.

Feliz.
Sabendo que é como segurar areia.
Feliz.
Sabendo que tem a praia inteira.

Feliz.
Conhecendo minhas limitações.
Feliz.
Não sabendo de todo Suas intenções.

Feliz.
Confiando e velejando na Sua maré.
Feliz.
Por uma vida de fé.

Feliz.

Evandro L! Melo

segunda-feira, 5 de outubro de 2009

Denis Campos: De todos os ângulos

Amigos é com muita felicidade que anuncio aqui o lançamento do CD "De todos os ângulos" do Denis Campos.

Cd que vem repleto de boas músicas, excelentes letras, tudo muito bem feito e feito com muito carinho.

Tomei a liberdade e fiz um vídeo para divulgar uma das músicas que gosto muito. Aos poucos vou colocando mais por aqui.

Segue também o endereço para o blog, myspace e orkut dele.

http://denisscampos.blogspot.com/
http://www.myspace.com/denisscampos
http://www.orkut.com.br/Main#Profile.aspx?uid=3778232357430642073
http://www.orkut.com.br/Main#Community?cmm=94437981&refresh=1



Apreciem sem nenhuma moderação.

segunda-feira, 28 de setembro de 2009

Desabafo

Ando sem inspiração para escrever, para me dedicar ao que gosto de fazer.

Culpo o tempo, ou melhor, a falta dele.

Não durmo até tarde, trabalho o dia todo e não chego cedo em casa.

Chego cansado, normalmente cansado e motivado apenas a curtir o sofá e a beleza da TV a cabo.

Já iniciei alguns hobbies, em momentos de empolgação me dedico, mas a febre passa e volto ao sofá com TV.

Ainda não sei tocar violão, não leio tantos livros como gostaria e não passei de poucas anotações para meu livro, que nem posso dizer estar escrevendo, pois não estou. O livro que estou pensando em um dia escrever, se a história não me for tomada pelo tempo.

Trabalho motivado, feliz, gosto do que faço, mas faço demais.

Me dou muito à empresa ma não recebo na mesma medida, e não é só grana o que me move, vai muito além.

Levo a vida muito a sério e não acho que ela mereça. Invejo o jardim do meu vizinho, mas ignoro as ervas daninhas que lá existem também.

Sinto saudade em forma de nostalgia, me lembro da minha infância, eu criança e meu pai adulto. Anos 80 não pareciam ser assim tão chato. Talvez seja o puro olhar infantil, talvez meus sobrinhos também pensem viver num mundo maravilhoso.

Fico feliz por eles, me deprimo por eles.

Não entendo e perco tempo tentando, este mundo maluco onde a tecnologia nos escraviza a cada dia mais.

Somos encontrados por celular, internet, googles e twitters nos vigiam, e somos nós os próprios informantes de nós mesmos.

Fico puto com a igreja e a falta de sensibilidade com que tratam as fraquezas humanas. Fraquezas essas criadas em conjunto com a própia igreja.

Culpo a igreja, pois de lá deveria nascer diferença.

Fico frustado por encontrar pessoas sensacionais capazes de mudar o mundo, mas não o fazem. Quem roubou nossa coragem?

Acho 'incrível' a criatividade de tranformar o fútil em notícia, em celebridade.

Me sinto estúpido por estar escrevendo isto, sendo que contribuo para toda essa porcaria.


Evandro L. Melo

segunda-feira, 21 de setembro de 2009

Insaciáveis: gente-com-problema e gente-problema

"João Batista …tem demônio ; O Filho do homem …é um glutão e bebedor de vinho, amigo de publicanos e pecadores."

Lucas 7.33,34

Insaciáveis, chatos, malas-sem-alça, cabeças-dura, carne-de-pescoço, cri-cri, meninos mimados, crianças bajuladas, melindrosos, ranhetas, cheios de não-me-toque, nhen-nhem-nhem, coisinhas. Isso mesmo: insaciáveis. Uma teologia/espiritualidade do tipo A ( João Batista ) não nos agrada: “Vixe, crente, santo demais, tradiconalissimo, ora-ora, reza-reza, coisa de beato de santarrão – onde já se viu, oração e jejum Que graça tem isso ! ” O mesmo com a do tipo B ( Jesus ): ” Isso não é ser crente, pode tudo, nenhuma ‘ diferença do mundo ‘, sem testemunho, sem santidade. Se isso é ser crente … ” .

Sabe de uma coisa? De vez em quando , se eu fosse Deus , eu perderia a paciência comigo mesmo e com um monte de gente ‘crente ‘, gente ‘ boa na pior acepção do termo “, como dizia Mark Twain. Ainda bem que não sou Deus. Graças a Deus que não sou Deus. Deus é bem mais paciente do que todos nós juntos. É por isso que ele é Deus. Umas das coisas mais difíceis para um pastor não é lidar com gente-com-problemas: isso é bom e traz gratificação, não obstante a dor envovida no serviço, a dor da identificação ( ainda bem que, como ensinou Henri Nouwen , ” Nada que é humano me é estranho ‘. ) . A dureza é lidar com gente-problema. Os publicanos e pecadores ( leia-se: prostitutas e os caras do copo de do bar – o moralismo religioso não muda mesmo ) são gente-com-problema. Os fariseus eram ( são ) gente-problema. Ah, esses insáciáveis religiosos, quem pode com eles? Eles são os responsáveis por essa Igreja-supermercado da TV: há oferta onde há procura. Misericórdia !

ORAÇÃO: Jesus de Nazaré, meu Mestre, Senhor, Salvador, que eu seja parte dessa gente-com-problema, gente fraca, ciente da sua precariedade, suas faltas, seu pecado, sua humanidade. Que eu não seja – nem pra mim , nem pra ninguém , essa gente-problema, que reclama o tempo todo do Senhor e de todo o resto, que é melhor do que todos, que sabe mais, que é mais crente, mais santo… Deus , que eu me enxergue : se eu cair nessa armadilha da religião da retribuição ( ” Sou bom, logo Deus me abençoa, me faz próspero etc ” ), arrebenta o laço e me ponha de novo na estrada da Graça ( Sou mal, logo , o que vier é lucro, é ferramenta de transformação, é pura misericórdia do Senhor ! ). A propósito Senhor, eu sou pior do que esse que eu condeno… Oh, Deus, meu Pai ! Amém .


Texto de Gerson Borges

http://nordestinamente.wordpress.com/

quinta-feira, 17 de setembro de 2009

Não Vou Me Adaptar

A letra dessa música tem muita a ver com o que vivemos. Essa correria frenética, inversão de valores etc.




Eu não caibo mais nas roupas que eu cabia
Eu não encho mais a casa de alegria
Os anos se passaram enquanto eu dormia
E quem eu queria bem me esquecia...

Será que eu falei o que ninguém dizia?
Será que eu escutei o que ninguém ouvia?
Eu não vou!
Me adaptar
Não vou!
Me adaptar
Não vou!
Me adaptar, não!
Não vou!
Me adaptar
Não vou!
Me adaptar!

Eu não tenho mais a cara que eu tinha
No espelho essa cara já não é minha
Mas é que quando eu me toquei achei tão estranho
A minha barba estava deste tamanho...

Será que eu falei o que ninguém ouvia?
Será que eu escutei o que ninguém dizia?
Eu não vou!
Me adaptar
Não vou!
Me adaptar
Não vou!
Me adaptar
Não vou!
Me adaptar,
Não vou!
Me adaptar!

Eu não caibo mais nas roupas que eu cabia
Eu não encho mais a casa de alegria
Os anos se passaram enquanto eu dormia
E quem eu queria bem me esquecia...

Eu não tenho mais a cara que eu tinha
No espelho essa cara já não é minha
Mas é que quando eu me toquei achei tão estranho
A minha barba estava deste tamanho...

Será que eu falei o que ninguém ouvia?
Será que eu escutei o que ninguém dizia?
Eu não vou!
Me adaptar
Não vou!
Me adaptar
Eu não vou!
Me adaptar, não vou
Eu não vou!
Não vou me adaptar
Não vou!
Me adaptar!

Arnaldo Antunes e Nando Reis

sábado, 12 de setembro de 2009

Desabafo

É uma pena que o mundo nos veja como alienados religiosos. É triste eu ter que perder tanto tempo explicando que minha fé nada tem a ver com o que as pessoas assistem ou ouvem por aí e muitas vezes desisto dos argumentos e apenas levo a vida da maneira que acredito ser correta, quem sabe não é o melhor a fazer.

Mas triste mesmo é saber que nós crentes, evangélicos, nós a igreja, contribuímos com tudo isso, com toda essa mediocridade que estamos vivendo.

Se estamos assim a culpa é nossa que pensamos sempre em lotar igrejas, em seguir rituais dominicais, em achar que fé é a poderosa maneira de movermos a mão de Deus.

Tento e me esforço ao máximo para fugir da religiosidade.

Tento ser filosofo como Platão seguindo meu Sócrates, Jesus o Cristo.

PAZ!

Evandro L! Melo

sexta-feira, 4 de setembro de 2009

A pobreza tem fim?



Teria fim a pobreza? Tem solução para a destruição social chamada pobreza?

Pensar em consertar o mundo e dar fim a esta triste realidade é utopia, mas atuar para fazer diferença no mundo e transformar nem que seja uma gota dos 7 mares em água doce potável não.

Não só não é utopia como é nosso dever. Nosso dever como cidadão e mais ainda nosso dever como cristão. Não estou aqui me referindo às estúpidas divisões dentro do cristianismo, a qual erroneamente chamamos de religião e igreja, mas sim da filosofia, ética e forma de viver a qual Jesus tentou nos ensinar.

Como descreve bem o post "Por que desisti de servir os pobres", o qual considero uma excelente provocação à reflexão, pobreza vai além da pobreza material, existem muitos pobres abastados.

Mas quero focar neste momento na probreza material, e quando digo material, me refiro a recursos básicos como alimentação, saúde, segurança etc.

A probreza social funciona como um ciclo vicioso, este ciclo se repete e se renova a cada dia. A criança que trabalha vendendo drops nos semáforos e que sentimos compaixão e dó, um dia se tornará o adolescente que "ameaça nossa segurança" e que tememos e mais tarde o adulto que explora o filho vendendo drops nos semáforos e que sentimos tanta raiva.

"tá relampiano, cadê Nenem, tá vendendo drops no sinal pra alguém..."

Este ciclo não terá fim a menos que algo, algum evento o interrompa e mude sua direção. Quando generalizamos e falamos neste ciclo social, nào conseguimos ver solução, mas trazendo isto para mais perto de nós, olhando mais no detalha percebemos que este ciclo acontece de forma individual, acontece com famílias distintas e se com ações corretas estas famílias podem ser ajudadas, podem ser salvas.

"todo dia é dia, toda hora é hora, Nenêm não tem hora pra se levantar, mãe lavando roupa, pai já foi embora, e o caçula chora pra se acostumar, com a vida lá de fora do barraco, há que endurecer um coração tão fraco..."

Para as estatísticas certamente não irá representar grande coisa, mas para aquela criança, adolescente, adulto, para a família atingida certamente fará grande diferença.

"tudo é tão normal, todo tal e qual, Nenêm não tem hora para se deitar, mãe passando roupa do pai de agora, de um outro caçula que ainda vai chegar, é mais uma boca dentro do barraco, mais um quilo de farinha do mesmo saco..."

Quando chamo de estúpida as divisões que estúpidos criam no cristianismo, é porque perde-se tanto tempo discutindo qual seguimento, denominação, costume é o correto, que não sobra tempo para se dedicar ao que é a obrigação da igreja, amar a Deus sobre todas as coisas e ao próximo como a si mesmo. Dedicar-se aos pobres e necessitados é a obrigação secundária da igreja e dos indivíduos cristãos, não o fazem (não o fazemos, preciso me incluir nisto).

Precisamos ser os causadores dos eventos que rompem este ciclo de pobreza. Difícil? Pode ser que sim, mas impossível nunca.

Recentemente li o livro "Falcão meninos do tráfico" escrito por MV Bill e Celso Athayde. O livro conta as histórias das curtas vidas dos meninos que trabalham para o tráfico de drogas pelo Brasil à fora.

Fácil é criticar os adolescentes e adultos marginais bandidos, difícil é aceitarmos que eles iniciam nesta vida ainda criança, e acreditem, não é por opção, mas sim pela falta de.

Uma coisa que me chocou neste livro é o relato muito parecido de cada falcão dizendo que aquilo ali não era vida não, estavam naquela vida para sobreviver, para sustentar a família e levantar uma grana e que queriam sair daquela vida. Perguntado de quanto precisavam ganhar para escolher um emprego digno, veio a resposta que me surpreendeu, mil reais era uma meta de salário deles.

"MV Bill: Hoje você é vapor. O que você imagina pra você daqui a 3 anos, por exemplo?
Falcão: (sorri) Porra, sei lá, não sei nem se eu vou estar vivo..."

Eu sempre imaginei que ganhassem bem mais do que isso e que por isso estavam naquela vida, mas não, eles ganham pouco mais de mil reais por mês para viver aquele inferno.

"Mv Bill: Você pensa em sair do crime?
Falcão: Penso. Isso não é profissão não."

E fato é que com o trabalho do MV Bill e a CUFA (Central Única das Favelas) dezenas de vidas foram transformadas. De mareginais e bandidos, viraram trabalhadores de bem. E isto só ocorreu porque MV Bill não conformado com o ciclo da pobreza, resolveu interromper alguns destes ciclos.

Por que então não fazemos mais isto? Porque a igreja é tão tímida nestas ações? Porque se preocupam muito mais no crescimento interno e na propagação de suas cranças do que na abrangência social?

"Meu sonho é ser palhaço. Quando eu fizer 18 anos, vou largar este fuzil e procurar um circo."

O tempo não para, a vida continua e o ciclo da pobreza vai se renovando, se repetindo e nós assistindo confortáveis em nossas poltronas.


quinta-feira, 27 de agosto de 2009

Por que desisti de servir os pobres

Recebi de um amigo a indicação deste texto encontrado no site Bacia das Almas.

Muito provocador, algumas vezes parecendo absurdo outras se mostrando inteiramente correto.

O texto nos leva a parar e pensar, só por isto já vale a pena.

Evandro L! Melo

_______________

[…] Observo o quanto a pobreza se entranha na vida dos pobres, e quanto esta somente revela muitas vezes o seu desejo mal sucedido de possuir, de ter acesso ao consumo destruidor de tudo; observo como sua situação se constrói pela sedução das mesmas coisas que seduzem e destróem os ricos. O mesmo individualismo, o mesmo egoísmo, a mesma tendência a sentir-se confortável e identificado com a posse das coisas.DESISTI DE
AJUDAR
OS POBRES,
DE SERVÍ-
LOS E DE
SALVÁ-LOS
E a adesão inegociável a um estilo de vida e modo de pensar que os prende ao mito da necessidade moderna, ao desejo mítico de evoluir e à submissão ao mito do desenvolvimento.

Igualmente a ricos, pobres e remediados estão convencidos de que o que precisam é de algo que o mercado, o dinheiro, o governo ou alguma agência pode lhes oferecer. Que serão felizes com a posse, com a pança cheia (uns com pão, outros com brioches) e com o fluir permanente do dinheiro que tudo pode e tudo resolve. E dentre estes, alguns bem intencionados estendem a mão para “incluir” outros no estilo de vida ou no patamar que alcançaram. À mão estendida de cima para baixo chamamos serviço.

Descobri ao longo dos anos que a própria posição de servir aos pobres, de compromisso com a libertação, estava cheia de superioridade, daquele tipo de superioridade que se traduz por dar ao outro o que eu tenho. Sutilmente, com meus atos, assumo que o que eu tenho ou faço era o que ele deveria ter ou fazer –Jesus não tem nenhuma boa notícia para quem serve os pobres. uma tradução percebida na sutil arrogância das tais políticas de “inclusão”, sempre buscando colocar o outro dentro da caixa onde vivo, incluído no meu estilo de vida.

[…]

Desisti de ajudar os pobres, de servi-los e de salvá-los. E isso porque tenho re-descoberto uma verdade dura: a de que Jesus não tem nenhuma boa notícia para quem serve os pobres. Jesus não veio trazer boas notícias a quem serve os pobres, ele trouxe uma boa notícia aos pobres. Ele não tem nada a dizer a outros salvadores, a quem disputa com Ele o cargo de Messias, de Redentor. A agenda de Jesus só traz uma mensagem aos que se reconhecem pobres, nus, feridos, cansados, sobrecarregados, carentes e sem esperança. Aos demais, sua agenda tem pouco ou nada a oferecer

A única maneira de permanecer com os pobres é se descobrimos que somos nós mesmos os miseráveis. É se reconhecemos a nós mesmos, ainda que bem disfarçados, naquele que está diante de nossos olhos.Deus não se apresenta em nossa capacidade de curar, mas em nossa necessidade de sermos curados. Ao encontrarmos neles nossa miséria, ao nos dar-mos conta de nossa carência, da desesperada necessidade de sermos salvos, aí nos encontramos com a agenda de Jesus.

Deus não se apresenta em nossa capacidade de curar, mas em nossa necessidade de sermos curados. Descobrir esta nossa fraqueza nos coloca sem nada para oferecer, servir, doar, mas revela nossa necessidade de sermos amados, curados e restaurados.

Desisti de servir aos pobres. Estou voltando a encontrar os pobres e me encontrar neles. Voltei a descobrir a miséria que se esconde nas vidas bem montadas de nossa falsa segurança. E com isso posso entender o Jesus que fala com leprosos e com ricos homens de negócios, com cobradores de impostos em suas festas e com enfermos miseráveis. Em sua identificação com todos e cada um Ele via o que talvez mais ninguém via: a extrema miséria e pobreza da condição humana, independente de qualquer status ou roupagem social.

***

De um texto absolutamente devastador do insubordinado Claudio Oliver. Posso ter de processá-lo por massacrar sem dó as ilusões que venho alimentando tão ternamente há anos.

Leia na íntegra clicando aqui, se tiver coragem de ser visto na rua com Deus.

terça-feira, 18 de agosto de 2009

Imagem e semelhança

O que nos diferencia de Deus?

À primeira vista esta pargunta parece estúpida por sua obviedade, mas se pararmos para analisar o texto de Gn 01:26 onde diz que Deus nos criou à sua imagem e semelhança, a pergunta não soa tão óvia assim.

Antes de falar o que nos diferencia de Deus, vamos analisar o que temos em semelhança.

Os seres humanos são capazes de tomar decisões, somos serem inteligentes e capazes portanto de escolher entre o sim ou não, entre certo e errado, entre bom ou ruim, e diversas outras decisões que enfrentamos diariamente.

Temos o poder sobre as outras criaturas. Não um poder místico que nos tranfrma em super heróis ou algo do tipo mas sim de autoridade e domínio.

Também somos capazes de amar e de demonstrar amor. Temos o sentimento do amor embutido em nosso DNA, já nascemos com este sentimento e todos, sem exeção, tem sentimento de amor por algúem ou por alguma coisa.

Podemos nos irar, nos indignar com alguma situação, sim não nos esqueçamos que a ira também é divina.

Estas são algumas poucas semelhanças que me vêem a mente. Mas, e então, quais são as diferenças? O que nos distancia de sermos à imagem de Deus?

Primeiramente o PECADO é o responsável pelo abismo aberto no relacionamento entre Deus e o homem. Por causa do pecado nós esquecemos que somos à imagem e semelhança de Deus e vivemos pensando e agindo como se fossemos nossa própria criação. Não somos!

Através e por causa do pecado, fazemos com que as semelhanças sejam as diferenças. Parece estranho, mas é o que acontece.

Por causa do pecado nos afastamos e perdemos o relacionamento com Deus. Relacionamento este que como contato no Gênesis era como de amigos, Deus andava junto com Adão, se bobear jogaram até futebol juntos e sendo Ele onipresente ainda conversava horas a fio com Eva.

Com a perda do relacionamento, facilmente perdemos Deus de vista e aí entra toda nossa prepotência em acharmos que podemos caminhar sozinhos e que somos donos de nós mesmos, começamos a distorcer os conceitos que antes nos assemelhavam ao Criador. Tomamos decisões não mais baseados na imagem de Deus, mas baseados em nossa humanidade, em nossos conceitos do certo e errado. Começamos a agir para benefício próprio e não necessariamente para o bem comum.

Continuamos tendo o domínio sobre todas as criaturas, sobre a terra, mas o que antes era um presente de Deus para que cuidássemos e tirássemos o melhor proveito das criações, hoje serve de sustento para luxo e consumo desenfreado. Não cuidamos com responsabilidade do presente que nos foi dado e hoje pagamos a consequência.

O sentimento de amar é latente dentro de cada ser humano, seja ele quem for. O ponto é que há diferença no que nós consideramos como amor e o amor Divino, o amor perfeito e puro.
Nosso amor, assim como nós, é limitado e condicionado. Amamos quando queremos, deixamos de amar quando assim desejamos.
Somos limitados no perdoar, sentimos inveja, ciúme, existe maldade, tudo isso demosntra o quanto nosso amor é frágil.

Conheço uma pessoa cujo pai abandonou a abandonou junto da sua mãe e seus irmãos quando iniciava a adolescencia e foi viver com outra mulher, formou outra família. Esta pessoa hoje é muito bem sucedida financeiramente enquanto o pai esta em uma situação crítica, muitas vezes faltando o básico. Ela diz que não sente nada pelo pai, que não o considera como pai e que não quer saber de suas dificuldades.

Não quero julgar a atitude dela, é uma situação delicada, teve a infância e adolescência difíceis. Segundo ela não há perdão.

Mas se questionada se sabe o que é amor, se ela ama, com certeza a repsosta será positiva. Ela dirá que ama sua mãe, seu marido, filho dentre outras coisas. Existe amor dentro dela.

O amor que Deus tem por nós não está condicionado a nada, vai muito além do que imaginamos. Deus nos ama e isto basta. Por isso é capaz de nos perdoar mesmo que cometamos qualquer pecado, por mais absurdo que seja. Deus é capaz de perdoar assassinos de crianças, pedoa àqueles que mataram e surraram Jesus. Deus perdoa porque Ele é AMOR, amor verdadeiro e não o limitado como o nosso.

E por último, enquanto a ira de Deus, Sua indignação sempre é lícita e justa e se transforma em correção, em amor, nós pela nossa pequeneza e mesquinheza, transformamos nossa indignação, que nem sempre é justa, em atos de vingança, de ódio, de violência, rancor.

Julgamos como justo algo que nos agrade que nos atenda, caso contrário nos iramos, mas não para alcançar o bem comum, mas sim alcançar nossa própria satisfação.

Com estas e muitas outras semelhanças consigo enxergar as diferenças e a distância que estamos do Deus Criador.

Para nossa alegria uma das diferenças entre Criador e criaturas é que a misericórdia do Criador se renova a cada dia.

Paz!

Evandro L! Melo

segunda-feira, 10 de agosto de 2009

Cuidado com a tacocracia

Se você não se cuidar, a tacocracia vai te pegar!

Os antigos gregos, avós da cultura ocidental, quando usavam o termo tákhos (rápido) para expressar uma característica ou a qualidade específica de algo, não poderiam imaginar que um dia seus herdeiros fôssemos capazes de escolher a velocidade como o principal critério de qualidade para as coisas em geral.

Estamos próximos, muito próximos, de uma tacocracia, na qual a rapidez em todas as áreas aparece como um poder quase despótico e como exclusivo parâmetro para aferir se alguma situação, procedimento ou relação serve ou não serve, é boa ou não.

A pressa não é mais inimiga da perfeição? Devagar não se vai mais ao longe? Há, ainda, algum valor que possa ser atribuído a algo que demora um pouco mais para ser feito, fruído ou conquistado?

Não; não temos mais tempo! Cada dia levantamos mais cedo e vamos dormir mais tarde, sempre com a sensação de que o dia deveria ser mais extenso ou não soubemos nos organizar direito. Nem o relógio olhamos mais para ver que horas são, mas, isso sim, para verificar “quanto falta”. É essa urgência de visualizar o intervalo espacial entre os ponteiros que fez, por exemplo, com que os relógios de pulso digitais não obtivessem sucesso duradouro, pois precisam ser lidos, em vez de apenas percebidos de relance; hoje, só os usam os que têm algum tempo sobrante para fazer cálculos.

Vai demorar para ficar pronto? Vou demorar para aprender isso? A conexão é demorada? A leitura desse livro é demorada? A visita ao museu é demorada? O culto é demorado? Aprender a tocar este instrumento é demorado? Cuidar mais do corpo é demorado? Demora para fazer esta comida? Então, não posso querer.

Será um exagero pensar que estamos sendo invadidos pela tacocracia? Bem, lembremos somente uma situação modelar: a alimentação.

Embora esta seja uma das maiores fontes de prazer e convivência para a nossa espécie, querem que eu, o tempo todo (em vez de ser opção eventual), procure um tipo de comida em função da qual não precise pensar muito para selecionar - posso numerá-la, no lugar de nomeá-la - e, claro, não espere além de um minuto para recebê-la.

Ademais, essa comida deve ter uma consistência que me permita dispensar o trabalho de mastigar muito, podendo comê-la com as mãos, após ser tirada do interior de um saco de papel. O melhor de tudo é que eu consiga fazer isso sentado em fixos banquinhos desconfortáveis (diante de incômodas mesas) ou, como ápice civilizatório, dentro do carro, enquanto dirijo.

É prático, sem dúvida. Mas, é bom? Possibilita que eu ganhe tempo, mas, o que faço com o tempo que ganho? Vou desfrutar mais lentamente outras coisas ou continuo correndo?

Tem alguma coisa errada nessa turbinação toda.

Afinal, para além dos gregos que traímos, vamos pelo menos respeitar os latinos, para os quais curriculum vitae significava o percurso da vida, e não a vida em correria...

Por: Mário Sérgio Cortella

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PAZ!
Evandro L! Melo

quarta-feira, 5 de agosto de 2009

Chicken a la carte

Nesta sociedade consumista em que vivemos, nós os fartos esquecemos da triste realidade dos escassos.

Num mundo onde todos deveríamos ser iguais, pois somos todos a imagem e semelhança de Deus, acontece isso e nós pouco fazemos.

Deus tenha misericórdia da minha vida.

PAZ!

Evandro L! Melo

domingo, 2 de agosto de 2009

Carência cibernética

O que me surpreende no mundo que vivemos é o nível de carência das pessoas, procurando um jeito para falar, se fazer ouvir, ser importante.

Me questiono se a tecnologia, mais precisamente a internet, ajuda ou atrapalha no convívio e na evolução social.

À primeira vista, a internet parece ser uma ferramenta facilitadora e que ajuda a unir as pessoas. O distanciamento físico e geográfico não seria mais um problema, já que através da rede podemos falar com alguém do outro lado do mundo, sem dificuldades.

Mas outro fenômeno também ocorre, meio que involuntariamente acontece e quando percebemos já estamos servos obedientes dele.

A mesma internet que aproxima pessoas tão distantes, distancia pessoas tão próximas. Trocamos mensagens no MSN para chamar o colega da mesa ao lado para ir almoçar, enviamos emails para pessoas que trabalham a poucos metros ao invés de falar ao vivo ou pelo telefone.

Criamos barreiras invisíveis que nos isolam do mundo.

A tecnologia por si só não causa mal, mas o que fazemos dela e como a tratamos podem nos levar a bons e maus caminhos.

O ser humano ainda não evoluiu (ou regrediu) a ponto de se dar bem com esta mudança, por isso a carência aumenta a ponto de milhares querer gritar algo a alguém que nem conhece. Gente que não tem nada a dizer, agora diz ao mundo todo.

Por outro lado, o fato de todos que tiverem acesso à rede (não vou comentar aqui a questão do acesso à tecnologia e o analfabetismo cibernético, isso fica para outro post) poder dizer o que bem entende é um grande avanço na busca da democracia outrora utópica. Outros meios de comunicação são facilmente manipulados, notícias de jornal, rádio, televisão não necessariamente representam o que o povo sente e quer. Aqui é o lugar onde indivíduos, não apenas os famosos ou barões da mídia, tem o direito a se expressar.

A internet não tem dono, é cada um por si, o que também representa algo bom e ruim, pois algo que não tem dono, não tem controle, tanto pessoas de boa intenção quanto as más intencionadas podem usufruir da liberdade que nos é dada.

Como quase tudo na vida, a internet tem dois lados, deleite-se com um e sofra com o outro.

Abraços.

Evandro L! Melo

terça-feira, 28 de julho de 2009

Sarau da Comuna - Parte 3

Mais 2 vídeos do Sarau da Comuna 2009, agora do meu amigo Marinaldo Cardoso.

Caso não tenha visto, no post abaixo tem mais!!!

PAZ!!

Evandro Melo



segunda-feira, 27 de julho de 2009

Sarau da Comuna - Parte 2

Extasiado, é a palavra que mais se aproxima de como fiquei após passar a tarde e noite de sábado no Sarau da Comuna.

Foi meu primeiro Sarau da Comuna e a impressão não poderia ser melhor. Passar um tempo ouvindo e vendo artistas brilhantes, usando seus dons para louvar a Deus com muita qualidade, muito bom gosto.

É incrível ver como temos talentos como estes dentro do meio evangélico e tão desconhecidos pelo público secular.

Pessoas talentosas como João Alexandre, Diego Venâncio, Thiago Viana, Diamanso, Elly Aguiar, Jorge Ervolini, Gerson Borges, Marinaldo Cardoso e meu primo, menino prodígio Denis Campos.

Além de artistas renomados da MPB como Wanda Sá, uma das maiores intérpretes da Bossa Nova e Telo Borges, vencedor de Grammy em 2003, que cresceu junto e integrou o Clube da Esquina, formado por ninguém menos que Milton Nascimento e Lô Borges.

Pena que o público geral desconhece artistas como estes, mas faço minha parte para divulgá-los.

Seguem alguns vídeos de Denis Campos e Diego Venâncio, vou subir mais vídeos ao longo do tempo.

Apreciem sem moderação!!!








sexta-feira, 24 de julho de 2009

Her Morning Elegance

Nada como os sonhos, que nos permitem ir além sem sairmos da cama.

OBS.: Este vídeo está disponível para baixar AQUI.


terça-feira, 21 de julho de 2009

Sarau da Comuna

Amigos, está chegando o Sarau da Comuna 2009, um dos eventos artísticos mais esperados no meio Cristão.

Pessoas talentosas usando seus dons a serviço do Rei!

Este ano será ainda mais especial pois terei bons amigos se apresentando!

Primeiro meu primo e amigo Dennis Campos, que em breve (muito breve mesmo) estará lançando seu disco "de todos os ângulos" que só pelo que pude conferir será bom demais, e também meu grande amigo Diego Venâncio, que está lançando seu 2o disco "Calar dos ruídos", este também eu já conferi e posso dizer que está demais de bom, se apresentarão no sábado dia 25.

Serão 3 dias de evento, dia 23 e 24 na Universidade Metodista em SBC e dia 25 na Comunidade de Jesus em SBC.

Para maiores detalhes clique AQUI.

PAZ!

Evandro L! Melo

domingo, 19 de julho de 2009

20 de Julho: Dia do amigo!

Hoje é dia do amigo e portanto gostaria de agradecer a Deus pelos amigos que tenho e dedicar este post a todos eles.

Mas afinal, o que é 'amigo'?

Amigo é aquela pessoa que você encontra em algum momento da vida e a partir daí passam a ser meio irmãos. Amigo é aquela pessoa que é mais do que simples conhecido ou alguém que tem empatia, em uma amizade rola amor.

Mas afinal, o que é 'amor'?

Infelizmente na Língua Portuguesa temos apenas uma palavra 'amor' para expressar este tipo de sentimento e por isso acabam limitando a palavra 'amor' ao desejo físico, mas amor é muito mais do que isso. Amor é o sentimento mais belo e nobre, amor é quando se faz o inesperado, quando se espera um tapa e vem um abraço.

Como Paulo escreve em Corintios, o amor tudo sofre, tudo crê, tudo espera, tudo suporta, não tem vaidades, orgulhos, a tudo perdoa. Amor é para os bons e os maus momentos.

Mas afinal, o que são 'maus momentos'?

São momentos inesperados em que em algum instante uma das partes é atingido. Maus momentos são aqueles momentos tristes, di'ficeis, de lutas. São também aqueles momentos onde o amigo diz algo ou age de uma forma que nos decepciona, são momentos em que talvez você esteja repleto de razões mas o amigo não percebe, são momentos de perda, derrotas. Existem diversas formas de maus momentos, mas o importante é que o AMOR tudo supera, tudo suporta e tudo perdoa.

Mas afinal, o que quero com este post?

Dizer aos meus poucos porém bons amigos: FELIZ dia do Amigo. Que Deus aperfeiçôe nossa amizade e nos ajude no caminhar.

PAZ!

Evandro Melo

segunda-feira, 13 de julho de 2009

Qual a sua bandeira?

Dia desses assisti ao filme Operação Valquíria, que se ambienta na 2a Guerra Mundial onde um capitão do exército alemão, vivido por Tom Cruise, lidera a Operação que dá nome ao filme e tem por objetivo matar Hitler.

A motivação para o assassinato é o fato de não concordarem com o modo que os Nazistas estão conduzindo a alemanha na Guerra, estão guerreando por causas próprias e não pela pátria.

Um fato que me chamou a atenção neste filme e recordando de outros filmes e documentários sobre a 2a guerra, são as bandeiras utilizadas em cada lado da Guerra.

De um lado, os EUA utilizam (e muito) a bandeira americana, os soldados lutam pelo amor à pátria, pelo amor aos EUA e do outro lado não se vê bandeiras da Alemanha, mas sim a suástica do Nazismo.

Os alemães não mais lutavam pelo amor à pátria, mas lutavam pelo ideal Nazista, que nem precisa ser mencionado aqui.

Não pude deixar de fazer uma analogia ao que nós Cristãos vivenciamos. Que estamos em uma guerra é fato, pobreza, fome, violência etc, são nossos inimigos, mas por qual bandeira estamos guerreando?

Estamos erguendo a bandeira de Cristo, buscando fazer a diferença no mundo usando do amor ao próximo ou estamos erguendo a bandeira da religião, entrando em uma guerra inútil entre denominações?

Nossa bandeira maior, a motivação do nosso lutar, do nosso viver é a bandeira do amor a Deus, do amor de Cristo ou é a bandeira da Igreja Assembléia de Deus, Batista, Católica, Presbiteriana etc.?

OBS.: Não concordo com as Guerras. Não consigo concordar com pessoas matando pessoas, seja pelo motivo que for, apenas fiz analogia a algo que me chamou a atenção.

PAZ!

Evandro L! Melo

segunda-feira, 6 de julho de 2009

A pobreza da riqueza

Tiago 5
1 Ouçam agora vocês, ricos! Chorem e lamentem-se, tendo em vista a desgraça que lhes sobrevirá. 2 A riqueza de vocês apodreceu, e as traças corroeram as suas roupas. 3 O ouro e a prata de vocês enferrujaram, e a ferrugem deles testemunhará contra vocês e como fogo lhes devorará a carne. Vocês acumularam bens nestes últimos dias. 4 Vejam, o salário dos trabalhadores que ceifaram os seus campos, e que vocês retiveram com fraude, está clamando contra vocês. O lamento dos ceifeiros chegou aos ouvidos do Senhor dos Exércitos. 5 Vocês viveram luxuosamente na terra, desfrutando prazeres, e fartaram-se de comida em dia de abatee. 6 Vocês têm condenado e matado o justo, sem que ele ofereça resistência.

Boa leitura.
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"Em nenhum outro país os ricos demonstram mais ostentação que no Brasil. Apesar disso, os brasileiros ricos são pobres. São pobres porque compram sofisticados automóveis importados, com todos os exagerados equipamentos da modernidade, mas ficam horas engarrafados ao lado dos ônibus de subúrbio. E, às vezes, são assaltados, seqüestrados ou mortos nos sinais de trânsito. Presenteiam belos carros a seus filhos e não voltam a dormir tranqüilos enquanto eles não chegam em casa. Pagam fortunas para construir modernas mansões, desenhadas por arquitetos de renome, e são obrigados a escondê-las atrás de muralhas, como se vivessem nos tempos dos castelos medievais, dependendo de guardas que se revezam em turnos.

Os ricos brasileiros usufruem privadamente tudo o que a riqueza lhes oferece, mas vivem encalacrados na pobreza social. Na sexta-feira, saem de noite para jantar em restaurantes tão caros que os ricos da Europa não conseguiriam freqüentar, mas perdem o apetite diante da pobreza que ali por perto arregala os olhos pedindo um pouco de pão; ou são obrigados a restaurantes fechados, cercados e protegidos por policiais privados. Quando terminam de comer escondidos, são obrigados a tomar o carro à porta, trazido por um manobrista, sem o prazer de caminhar pela rua, ir a um cinema ou teatro, depois continuar até um bar para conversar sobre o que viram. Mesmo assim, não é raro que o pobre rico seja assaltado antes de terminar o jantar, ou depois, na estrada a caminho de casa. Felizmente isso nem sempre acontece, mas certamente, a viagem é um susto durante todo o caminho. E, às vezes, o sobressalto continua, mesmo dentro de casa.

Os ricos brasileiros são pobres de tanto medo. Por mais riquezas que acumulem no presente, são pobres na falta de segurança para usufruir o patrimônio no futuro. E vivem no susto permanente diante das incertezas em que os filhos crescerão. Os ricos brasileiros continuam pobres de tanto gastar dinheiro apenas para corrigir os desacertos criados pela desigualdade que suas riquezas provocam: em insegurança e ineficiência.

No lugar de usufruir tudo aquilo com que gastam, uma parte considerável do dinheiro nada adquire, serve apenas para evitar perdas. Por causa da pobreza ao redor, os brasileiros ricos vivem um paradoxo: para ficarem mais ricos têm de perder dinheiro, gastando cada vez mais apenas para se proteger da realidade hostil e ineficiente.

Quando viajam ao exterior, os ricos sabem que no hotel onde se hospedarão serão vistos como assassinos de crianças na Candelária, destruidores da Floresta Amazônica, usurpadores da maior concentração de renda do planeta, portadores de malária, de dengue e de verminoses. São ricos empobrecidos pela vergonha que sentem ao serem vistos pelos olhos estrangeiros.

Na verdade, a maior pobreza dos ricos brasileiros está na incapacidade de verem a riqueza que há nos pobres. Foi esta pobreza de visão que impediu os ricos brasileiros de perceberem, cem anos atrás, a riqueza que havia nos braços dos escravos libertos se lhes fosse dado direito de trabalhar a imensa quantidade de terra ociosa de que o país dispunha. Se tivesse percebido essa riqueza e libertado a terra junto com os escravos, os ricos brasileiros teriam abolido a pobreza que os acompanha ao longo de mais de um século. Se os latifúndios tivessem sido colocados à disposição dos braços dos ex-escravos, a riqueza criada teria chegado aos ricos de hoje, que viveriam em cidades sem o peso da imigração descontrolada e com uma população sem miséria.

A pobreza de visão dos ricos impediu também de verem a riqueza que há na cabeça de um povo educado. Ao longo de toda a nossa história, os nossos ricos abandonaram a educação do povo, desviaram os recursos para criar a riqueza que seria só deles, e ficaram pobres: contratam trabalhadores com baixa produtividade, investem em modernos equipamentos e não encontram quem os saiba manejar, vivem rodeados de compatriotas que não sabem ler o mundo ao redor, não sabem mudar o mundo, não sabem construir um novo país que beneficie a todos. Muito mais ricos seriam os ricos se vivessem em uma sociedade onde todos fossem educados.

Para poderem usar os seus caros automóveis, os ricos construíram viadutos com dinheiro de colocar água e esgoto nas cidades, achando que, ao comprar água mineral, se protegiam das doenças dos pobres. Esqueceram-se de que precisam desses pobres e não podem contar com eles todos os dias e com toda saúde, porque eles (os pobres) vivem sem água e sem esgoto. Montam modernos hospitais, mas tem dificuldades em evitar infecções porque os pobres trazem de casa os germes que os contaminam. Com a pobreza de achar que poderiam ficar ricos sozinhos, construíram um país doente e vivem no meio da doença.

Há um grave quadro de pobreza entre os ricos brasileiros. E esta pobreza é tão grave que a maior parte deles não percebe. Por isso a pobreza de espírito tem sido o maior inspirador das decisões governamentais das pobres ricas elites brasileiras.

Se percebessem a riqueza potencial que há nos braços e nos cérebros dos pobres, os ricos brasileiros poderiam reorientar o modelo de desenvolvimento em direção aos interesses de nossas massas populares. Liberariam a terra para os trabalhadores rurais, realizariam um programa de construção de casas e implantação de redes de água e esgoto, contratariam centenas de milhares de professores e colocariam o povo para produzir para o próprio povo. Esta seria uma decisão que enriqueceria o Brasil inteiro - os pobres que sairiam da pobreza e os ricos que sairiam da vergonha, da insegurança e da insensatez.

Mas isso é esperar demais. Os ricos são tão pobres que não percebem a triste pobreza em que usufruem suas malditas riquezas".


Por Cristóvam Buarque