segunda-feira, 28 de setembro de 2009

Desabafo

Ando sem inspiração para escrever, para me dedicar ao que gosto de fazer.

Culpo o tempo, ou melhor, a falta dele.

Não durmo até tarde, trabalho o dia todo e não chego cedo em casa.

Chego cansado, normalmente cansado e motivado apenas a curtir o sofá e a beleza da TV a cabo.

Já iniciei alguns hobbies, em momentos de empolgação me dedico, mas a febre passa e volto ao sofá com TV.

Ainda não sei tocar violão, não leio tantos livros como gostaria e não passei de poucas anotações para meu livro, que nem posso dizer estar escrevendo, pois não estou. O livro que estou pensando em um dia escrever, se a história não me for tomada pelo tempo.

Trabalho motivado, feliz, gosto do que faço, mas faço demais.

Me dou muito à empresa ma não recebo na mesma medida, e não é só grana o que me move, vai muito além.

Levo a vida muito a sério e não acho que ela mereça. Invejo o jardim do meu vizinho, mas ignoro as ervas daninhas que lá existem também.

Sinto saudade em forma de nostalgia, me lembro da minha infância, eu criança e meu pai adulto. Anos 80 não pareciam ser assim tão chato. Talvez seja o puro olhar infantil, talvez meus sobrinhos também pensem viver num mundo maravilhoso.

Fico feliz por eles, me deprimo por eles.

Não entendo e perco tempo tentando, este mundo maluco onde a tecnologia nos escraviza a cada dia mais.

Somos encontrados por celular, internet, googles e twitters nos vigiam, e somos nós os próprios informantes de nós mesmos.

Fico puto com a igreja e a falta de sensibilidade com que tratam as fraquezas humanas. Fraquezas essas criadas em conjunto com a própia igreja.

Culpo a igreja, pois de lá deveria nascer diferença.

Fico frustado por encontrar pessoas sensacionais capazes de mudar o mundo, mas não o fazem. Quem roubou nossa coragem?

Acho 'incrível' a criatividade de tranformar o fútil em notícia, em celebridade.

Me sinto estúpido por estar escrevendo isto, sendo que contribuo para toda essa porcaria.


Evandro L. Melo

segunda-feira, 21 de setembro de 2009

Insaciáveis: gente-com-problema e gente-problema

"João Batista …tem demônio ; O Filho do homem …é um glutão e bebedor de vinho, amigo de publicanos e pecadores."

Lucas 7.33,34

Insaciáveis, chatos, malas-sem-alça, cabeças-dura, carne-de-pescoço, cri-cri, meninos mimados, crianças bajuladas, melindrosos, ranhetas, cheios de não-me-toque, nhen-nhem-nhem, coisinhas. Isso mesmo: insaciáveis. Uma teologia/espiritualidade do tipo A ( João Batista ) não nos agrada: “Vixe, crente, santo demais, tradiconalissimo, ora-ora, reza-reza, coisa de beato de santarrão – onde já se viu, oração e jejum Que graça tem isso ! ” O mesmo com a do tipo B ( Jesus ): ” Isso não é ser crente, pode tudo, nenhuma ‘ diferença do mundo ‘, sem testemunho, sem santidade. Se isso é ser crente … ” .

Sabe de uma coisa? De vez em quando , se eu fosse Deus , eu perderia a paciência comigo mesmo e com um monte de gente ‘crente ‘, gente ‘ boa na pior acepção do termo “, como dizia Mark Twain. Ainda bem que não sou Deus. Graças a Deus que não sou Deus. Deus é bem mais paciente do que todos nós juntos. É por isso que ele é Deus. Umas das coisas mais difíceis para um pastor não é lidar com gente-com-problemas: isso é bom e traz gratificação, não obstante a dor envovida no serviço, a dor da identificação ( ainda bem que, como ensinou Henri Nouwen , ” Nada que é humano me é estranho ‘. ) . A dureza é lidar com gente-problema. Os publicanos e pecadores ( leia-se: prostitutas e os caras do copo de do bar – o moralismo religioso não muda mesmo ) são gente-com-problema. Os fariseus eram ( são ) gente-problema. Ah, esses insáciáveis religiosos, quem pode com eles? Eles são os responsáveis por essa Igreja-supermercado da TV: há oferta onde há procura. Misericórdia !

ORAÇÃO: Jesus de Nazaré, meu Mestre, Senhor, Salvador, que eu seja parte dessa gente-com-problema, gente fraca, ciente da sua precariedade, suas faltas, seu pecado, sua humanidade. Que eu não seja – nem pra mim , nem pra ninguém , essa gente-problema, que reclama o tempo todo do Senhor e de todo o resto, que é melhor do que todos, que sabe mais, que é mais crente, mais santo… Deus , que eu me enxergue : se eu cair nessa armadilha da religião da retribuição ( ” Sou bom, logo Deus me abençoa, me faz próspero etc ” ), arrebenta o laço e me ponha de novo na estrada da Graça ( Sou mal, logo , o que vier é lucro, é ferramenta de transformação, é pura misericórdia do Senhor ! ). A propósito Senhor, eu sou pior do que esse que eu condeno… Oh, Deus, meu Pai ! Amém .


Texto de Gerson Borges

http://nordestinamente.wordpress.com/

quinta-feira, 17 de setembro de 2009

Não Vou Me Adaptar

A letra dessa música tem muita a ver com o que vivemos. Essa correria frenética, inversão de valores etc.




Eu não caibo mais nas roupas que eu cabia
Eu não encho mais a casa de alegria
Os anos se passaram enquanto eu dormia
E quem eu queria bem me esquecia...

Será que eu falei o que ninguém dizia?
Será que eu escutei o que ninguém ouvia?
Eu não vou!
Me adaptar
Não vou!
Me adaptar
Não vou!
Me adaptar, não!
Não vou!
Me adaptar
Não vou!
Me adaptar!

Eu não tenho mais a cara que eu tinha
No espelho essa cara já não é minha
Mas é que quando eu me toquei achei tão estranho
A minha barba estava deste tamanho...

Será que eu falei o que ninguém ouvia?
Será que eu escutei o que ninguém dizia?
Eu não vou!
Me adaptar
Não vou!
Me adaptar
Não vou!
Me adaptar
Não vou!
Me adaptar,
Não vou!
Me adaptar!

Eu não caibo mais nas roupas que eu cabia
Eu não encho mais a casa de alegria
Os anos se passaram enquanto eu dormia
E quem eu queria bem me esquecia...

Eu não tenho mais a cara que eu tinha
No espelho essa cara já não é minha
Mas é que quando eu me toquei achei tão estranho
A minha barba estava deste tamanho...

Será que eu falei o que ninguém ouvia?
Será que eu escutei o que ninguém dizia?
Eu não vou!
Me adaptar
Não vou!
Me adaptar
Eu não vou!
Me adaptar, não vou
Eu não vou!
Não vou me adaptar
Não vou!
Me adaptar!

Arnaldo Antunes e Nando Reis

sábado, 12 de setembro de 2009

Desabafo

É uma pena que o mundo nos veja como alienados religiosos. É triste eu ter que perder tanto tempo explicando que minha fé nada tem a ver com o que as pessoas assistem ou ouvem por aí e muitas vezes desisto dos argumentos e apenas levo a vida da maneira que acredito ser correta, quem sabe não é o melhor a fazer.

Mas triste mesmo é saber que nós crentes, evangélicos, nós a igreja, contribuímos com tudo isso, com toda essa mediocridade que estamos vivendo.

Se estamos assim a culpa é nossa que pensamos sempre em lotar igrejas, em seguir rituais dominicais, em achar que fé é a poderosa maneira de movermos a mão de Deus.

Tento e me esforço ao máximo para fugir da religiosidade.

Tento ser filosofo como Platão seguindo meu Sócrates, Jesus o Cristo.

PAZ!

Evandro L! Melo

sexta-feira, 4 de setembro de 2009

A pobreza tem fim?



Teria fim a pobreza? Tem solução para a destruição social chamada pobreza?

Pensar em consertar o mundo e dar fim a esta triste realidade é utopia, mas atuar para fazer diferença no mundo e transformar nem que seja uma gota dos 7 mares em água doce potável não.

Não só não é utopia como é nosso dever. Nosso dever como cidadão e mais ainda nosso dever como cristão. Não estou aqui me referindo às estúpidas divisões dentro do cristianismo, a qual erroneamente chamamos de religião e igreja, mas sim da filosofia, ética e forma de viver a qual Jesus tentou nos ensinar.

Como descreve bem o post "Por que desisti de servir os pobres", o qual considero uma excelente provocação à reflexão, pobreza vai além da pobreza material, existem muitos pobres abastados.

Mas quero focar neste momento na probreza material, e quando digo material, me refiro a recursos básicos como alimentação, saúde, segurança etc.

A probreza social funciona como um ciclo vicioso, este ciclo se repete e se renova a cada dia. A criança que trabalha vendendo drops nos semáforos e que sentimos compaixão e dó, um dia se tornará o adolescente que "ameaça nossa segurança" e que tememos e mais tarde o adulto que explora o filho vendendo drops nos semáforos e que sentimos tanta raiva.

"tá relampiano, cadê Nenem, tá vendendo drops no sinal pra alguém..."

Este ciclo não terá fim a menos que algo, algum evento o interrompa e mude sua direção. Quando generalizamos e falamos neste ciclo social, nào conseguimos ver solução, mas trazendo isto para mais perto de nós, olhando mais no detalha percebemos que este ciclo acontece de forma individual, acontece com famílias distintas e se com ações corretas estas famílias podem ser ajudadas, podem ser salvas.

"todo dia é dia, toda hora é hora, Nenêm não tem hora pra se levantar, mãe lavando roupa, pai já foi embora, e o caçula chora pra se acostumar, com a vida lá de fora do barraco, há que endurecer um coração tão fraco..."

Para as estatísticas certamente não irá representar grande coisa, mas para aquela criança, adolescente, adulto, para a família atingida certamente fará grande diferença.

"tudo é tão normal, todo tal e qual, Nenêm não tem hora para se deitar, mãe passando roupa do pai de agora, de um outro caçula que ainda vai chegar, é mais uma boca dentro do barraco, mais um quilo de farinha do mesmo saco..."

Quando chamo de estúpida as divisões que estúpidos criam no cristianismo, é porque perde-se tanto tempo discutindo qual seguimento, denominação, costume é o correto, que não sobra tempo para se dedicar ao que é a obrigação da igreja, amar a Deus sobre todas as coisas e ao próximo como a si mesmo. Dedicar-se aos pobres e necessitados é a obrigação secundária da igreja e dos indivíduos cristãos, não o fazem (não o fazemos, preciso me incluir nisto).

Precisamos ser os causadores dos eventos que rompem este ciclo de pobreza. Difícil? Pode ser que sim, mas impossível nunca.

Recentemente li o livro "Falcão meninos do tráfico" escrito por MV Bill e Celso Athayde. O livro conta as histórias das curtas vidas dos meninos que trabalham para o tráfico de drogas pelo Brasil à fora.

Fácil é criticar os adolescentes e adultos marginais bandidos, difícil é aceitarmos que eles iniciam nesta vida ainda criança, e acreditem, não é por opção, mas sim pela falta de.

Uma coisa que me chocou neste livro é o relato muito parecido de cada falcão dizendo que aquilo ali não era vida não, estavam naquela vida para sobreviver, para sustentar a família e levantar uma grana e que queriam sair daquela vida. Perguntado de quanto precisavam ganhar para escolher um emprego digno, veio a resposta que me surpreendeu, mil reais era uma meta de salário deles.

"MV Bill: Hoje você é vapor. O que você imagina pra você daqui a 3 anos, por exemplo?
Falcão: (sorri) Porra, sei lá, não sei nem se eu vou estar vivo..."

Eu sempre imaginei que ganhassem bem mais do que isso e que por isso estavam naquela vida, mas não, eles ganham pouco mais de mil reais por mês para viver aquele inferno.

"Mv Bill: Você pensa em sair do crime?
Falcão: Penso. Isso não é profissão não."

E fato é que com o trabalho do MV Bill e a CUFA (Central Única das Favelas) dezenas de vidas foram transformadas. De mareginais e bandidos, viraram trabalhadores de bem. E isto só ocorreu porque MV Bill não conformado com o ciclo da pobreza, resolveu interromper alguns destes ciclos.

Por que então não fazemos mais isto? Porque a igreja é tão tímida nestas ações? Porque se preocupam muito mais no crescimento interno e na propagação de suas cranças do que na abrangência social?

"Meu sonho é ser palhaço. Quando eu fizer 18 anos, vou largar este fuzil e procurar um circo."

O tempo não para, a vida continua e o ciclo da pobreza vai se renovando, se repetindo e nós assistindo confortáveis em nossas poltronas.