sexta-feira, 29 de julho de 2011

Sarau da Comuna: Abertura

"cheguei agora com saudade pra rever
à minha gente eu quero e vou dizer
meu Deus me deu minha canção, a minha voz
e muito mais a quantos queiram receber"

Com estas palavras, cantadas junto ao doce som do acordeon de Abianto, Roberto Diamanso rompe o silêncio, dando sua boa vinda aos tímidos vizinhos da Passagem Santa Cruz na Vila São Pedro em SBC.
Logo em seguida Diamanso desafio e lança o convite:

..."eu quero convidar você
nós vamos celebrar
e quem quiser dançar,
chega pra cá muito prazer".

Inicia-se assim o Sarau da Comuna 2011, festa de quatro dias, que reúne o que há de melhor na música popular brasileira cristã.
E jeito melhor de se começar uma festa, que na rua de uma favela (a maior de SBC), não há.

Enquanto se torna cada vez mais comum músicos 'gospel' se aproximarem da música secular e seus costumes, cachês altos, camarim, som que precisa estar perfeito firulas desnecessárias, Diamanso vai na contramão e ao receber o convite para estar no Sarau, faz apenas uma exigência, "não quero tocar na igreja, quero tocar na rua, na favela".


E assim foi feito. Tudo sofisticadamente improvisado, como não podia deixar de ser, armou-se o som na rua inclinada. Bota um calço aqui, puxa tomada da casa da frente, iluminação está fraca, mas quem se importa?!

E vem o segundo baião, a banda quebrando tudo, Abianto fazendo seu acordeon chorar, Diamanso mostrando o que um artista verdadeiro faz e os vizinhos ainda tímidos se arriscam a sair para as calçadas. Ao final da canção, Diamanso chama o povo, "minha gente, trouxemos açaí e sorvete de cupuaçu para mais de duzentos, chega pra cá, vamos comer". Tinha também cachorro-quente.

E cantando partilhamos o pão, mas como "nem só de pão vive o homem" servimos o açaí e o cupuaçu.

Ah que festa, vocês tinham que ver.

E imitando Jesus em sua radicalidade, levamos água como poesia e comida em forma de música para pessoas com sede e fome não só de pão e água. Levamos Jesus àquelas pessoas queridas.

Ah que festa!



Evandro L! Melo

quinta-feira, 28 de julho de 2011

Teorias da conspiração x Prática da Bíblia

Sou simpático à Teorias da conspiração, sobretudo aquelas que tem fundamentos, são bem articuladas e colecionam um grande número de informações que conectadas dão o tom da história.

Mas não perco o sono com um vídeo no YouTube, um email bem escrito ou conversas de elevador.
Os illuminati, maçons, bancos, repúblicas que estão ruindo, grandes corporações que governam o mundo, interesses privados na miséria de muitos, guerra por petróleo, poder, dinheiro. Tudo isso me deixa triste, mas não me tira a paz.

Não por não acreditar em tudo isso, mas porque tudo isso já fora revelado na Bíblia. E entre a Teoria da conspiração e a Prática da Bíblia, eu fico com a segunda opção.

"Sabemos que somos de Deus e que o mundo todo está sob o poder do Maligno." I João 5:19.

É perceptível o declínio do mundo, em um curto espaço de tempo, da minha infância para a infância atual, de meus sobrinhos, nota-se uma imensa mudança, perda de liberdade, medo, pressões por consumo, educação e saúde pública ruins.
Para minha tristeza, isso é só o começo. Aproximam-se dias tenebrosos, de muita sombra. Economia global em colapso, fome, guerras, inversão de valores e muito mais do que sonha minha vã filosofia.

Mas também é nessa hora em que o evangelho de Jesus faz mais sentido e deve ser praticado. Nessa hora em que veremos se "tudo podemos Naquele que nos fortalece". Se sabemos viver tanto na abundância quanto na miséria.
Nessa hora que e aproxima, teremos que provar do amor ao próximo, teremos que largar mão de qualquer orgulho, teremos que provar da fé que pregamos.

Um dos livros mais antigos e o mais importante, a bíblia, já diz tudo isso que essas Teorias da conspiração, estão dizendo, a diferença é que a palavra de Deus vai além, a bíblia fala também de esperança.

"Então os que estiverem na Judéia fujam para os montes, os que estiverem na cidade saiam, e os que estiverem no campo não entrem na cidade. Pois esses são os dias da vingança, em cumprimento de tudo o que foi escrito.
Como serão terríveis aqueles dias para as grávidas e para as que estiverem amamentando! Haverá grande aflição na terra e ira contra este povo. Cairão pela espada e serão levados como prisioneiros para todas as nações. Jerusalém será pisada pelos gentios até que os tempos deles se cumpram.    "Haverá sinais no sol, na lua e nas estrelas. Na terra, as nações estarão em angústia e perplexidade com o bramido e a agitação do mar.   
Os homens desmaiarão de terror, apreensivos com o que estará sobrevindo ao mundo; e os poderes celestes serão abalados.   
Então se verá o Filho do homem vindo numa nuvem com poder e grande glória.
Quando começarem a acontecer estas coisas, levantem-se e ergam a cabeça, porque estará próxima a redenção de vocês". Lucas 21

Nossa esperança é Jesus, que já venceu o mundo, a nós cabe ter bom ânimo!

"Tenho-vos dito isto, para que em mim tenhais paz; no mundo tereis aflições, mas tende bom ânimo, eu venci o mundo". João 16:33 


Evandro L! Melo

sábado, 16 de julho de 2011

Oração, Cata-vento



paizinho esteja comigo nesse dia
seja meu companheiro
traga consigo a quietude necessária
traga em ti a beleza, o aconchego

que em sua companhia tudo me faça sentido
e meus sentidos me façam perceber-te
na singeleza, nos detalhes, nos aromas
na ausência de sentido que agora me ronda

que o sorriso surja espontâneo
como ar que se transforma em vento
e move a poeira pelo tempo

meu coração seja um cata-vento
capture tua graça pelo ar
e me transforme em movimento

amém.

Evandro L! Melo

terça-feira, 12 de julho de 2011

Meu filho, você não merece nada

"A crença de que a felicidade é um direito tem tornado despreparada a geração mais preparada
Por Eliane Brum
 
Ao conviver com os bem mais jovens, com aqueles que se tornaram adultos há pouco e com aqueles que estão tateando para virar gente grande, percebo que estamos diante da geração mais preparada – e, ao mesmo tempo, da mais despreparada. Preparada do ponto de vista das habilidades, despreparada porque não sabe lidar com frustrações. Preparada porque é capaz de usar as ferramentas da tecnologia, despreparada porque despreza o esforço. Preparada porque conhece o mundo em viagens protegidas, despreparada porque desconhece a fragilidade da matéria da vida. E por tudo isso sofre, sofre muito, porque foi ensinada a acreditar que nasceu com o patrimônio da felicidade. E não foi ensinada a criar a partir da dor.

Tenho me deparado com jovens que esperam ter no mercado de trabalho uma continuação de suas casas – onde o chefe seria um pai ou uma mãe complacente, que tudo concede. Foram ensinados a pensar que merecem, seja lá o que for que queiram. E quando isso não acontece – porque obviamente não acontece – sentem-se traídos, revoltam-se com a “injustiça” e boa parte se emburra e desiste.

Como esses estreantes na vida adulta foram crianças e adolescentes que ganharam tudo, sem ter de lutar por quase nada de relevante, desconhecem que a vida é construção – e para conquistar um espaço no mundo é preciso ralar muito. Com ética e honestidade – e não a cotoveladas ou aos gritos. Como seus pais não conseguiram dizer, é o mundo que anuncia a eles uma nova não lá muito animadora: viver é para os insistentes.

É como se os filhos nascessem e imediatamente os pais já se tornassem devedores. Para estes, frustrar os filhos é sinônimo de fracasso pessoal. 

Nossa classe média parece desprezar o esforço. Prefere a genialidade. O valor está no dom, naquilo que já nasce pronto. Dizer que “fulano é esforçado” é quase uma ofensa. Ter de dar duro para conquistar algo parece já vir assinalado com o carimbo de perdedor. Bacana é o cara que não estudou, passou a noite na balada e foi aprovado no vestibular de Medicina. Este atesta a excelência dos genes de seus pais. Esforçar-se é, no máximo, coisa para os filhos da classe C, que ainda precisam assegurar seu lugar no país.

Da mesma forma que supostamente seria possível construir um lugar sem esforço, existe a crença não menos fantasiosa de que é possível viver sem sofrer. De que as dores inerentes a toda vida são uma anomalia e, como percebo em muitos jovens, uma espécie de traição ao futuro que deveria estar garantido. Pais e filhos têm pagado caro pela crença de que a felicidade é um direito. E a frustração um fracasso. Talvez aí esteja uma pista para compreender a geração do “eu mereço”.
Quando o que não pode ser dito vira sintoma – já que ninguém está disposto a escutar, porque escutar significaria rever escolhas e reconhecer equívocos – o mais fácil é calar. E não por acaso se cala com medicamentos e cada vez mais cedo o desconforto de crianças que não se comportam segundo o manual. Assim, a família pode tocar o cotidiano sem que ninguém precise olhar de verdade para ninguém dentro de casa.
Se os filhos têm o direito de ser felizes simplesmente porque existem – e aos pais caberia garantir esse direito – que tipo de relação pais e filhos podem ter? Como seria possível estabelecer um vínculo genuíno se o sofrimento, o medo e as dúvidas estão previamente fora dele? Se a relação está construída sobre uma ilusão, só é possível fingir.

Aos filhos cabe fingir felicidade – e, como não conseguem, passam a exigir cada vez mais de tudo, especialmente coisas materiais, já que estas são as mais fáceis de alcançar – e aos pais cabe fingir ter a possibilidade de garantir a felicidade, o que sabem intimamente que é uma mentira porque a sentem na própria pele dia após dia. É pelos objetos de consumo que a novela familiar tem se desenrolado, onde os pais fazem de conta que dão o que ninguém pode dar, e os filhos simulam receber o que só eles podem buscar. E por isso logo é preciso criar uma nova demanda para manter o jogo funcionando.

O resultado disso é pais e filhos angustiados, que vão conviver uma vida inteira, mas se desconhecem. E, portanto, estão perdendo uma grande chance. Todos sofrem muito nesse teatro de desencontros anunciados. E mais sofrem porque precisam fingir que existe uma vida em que se pode tudo. E acreditar que se pode tudo é o atalho mais rápido para alcançar não a frustração que move, mas aquela que paralisa.

Seria muito bacana que os pais de hoje entendessem que tão importante quanto uma boa escola ou um curso de línguas ou um Ipad é dizer de vez em quando: “Te vira, meu filho. Você sempre poderá contar comigo, mas essa briga é tua”.
Agora, se os pais mentiram que a felicidade é um direito e seu filho merece tudo simplesmente por existir, paciência. De nada vai adiantar choramingar ou emburrar ao descobrir que vai ter de conquistar seu espaço no mundo sem nenhuma garantia. O melhor a fazer é ter a coragem de escolher. Seja a escolha de lutar pelo seu desejo – ou para descobri-lo –, seja a de abrir mão dele. E não culpar ninguém porque eventualmente não deu certo, porque com certeza vai dar errado muitas vezes. Ou transferir para o outro a responsabilidade pela sua desistência.

Crescer é compreender que o fato de a vida ser falta não a torna menor. Sim, a vida é insuficiente. Mas é o que temos. E é melhor não perder tempo se sentindo injustiçado porque um dia ela acaba. "

Por Eliane Brum
Leia o texto completo AQUI.

Talvez você também goste deste aqui Geração Terabyte.
E deste aqui, A faácia do sucesso

Evandro L! Melo
 

domingo, 10 de julho de 2011

Oração, pétala



Nesse coração
que agora ecoa
no vazio do peito
venha com Teu ser
completa-me por inteiro

Transforma o cinza angústia
em azul graça, amarelo alegria
que minha sombra, seja meio-dia

Torna esse coração
duro como pedra
em sensível pétala
que traz beleza
até o instante último
voando em sua queda

e do silêncio
que ensurdece a noite
faça-se música, faça-se dia
minha alma, seja uma valsa
com Sua mais bela melodia.

Evandro L! Melo

domingo, 3 de julho de 2011

Geração Terabyte




Alguns dizem que somos seres preguiçosos, outros que somos seres práticos. O que acontece de fato é que agimos de  acordo com a necessidade.

A revolução (chamo de revolução porque se trata de uma grande mudança na concepção de tudo o que havia existido até  então, não necessariamente sendo uma evolução no que diz respeito a melhorar a forma de vida e sobrevivência) que a  humanidade passou no último século, com início na Revolução Industrial e ainda mais fortemente acelerada com a  introdução da comunicação/Internet supera todos os acontecimentos dos séculos passados juntos.
Esta drástica mudança, traz consigo próis e contras, muitas vezes não nos damos conta do que é prol e do que é contra.

Antes do advento da computação, as coisas eram registradas em papel (estou na era mais moderna, pós papiros e afins).  Convenhamos que não é tarefa das mais fáceis registrar, armazenar, divulgar, via papel. E justamente estas  dificuldades, que depois foram diminuídas com a invenção da máquina de escrever (falamos dela daqui umas linhas), criam  no ser humano (preguiçoso ou prático) a necessidade de criar filtros. Nem tudo ia para o papel, apenas o que era de  fato relevante e que valesse a pena o esforço.

A máquina de escrever, inventada em sua melhor forma em 1843, facilitou a escrita. Porém ainda continuava a ser um  desafio escrever horas a fio. Lembrando que não existia "BackSpace". Cada erro de digitação, cada erro gramatical ou  cada frase mal escrita representava a necessidade de jogar tudo fora e começar tudo de novo. Existia o limpa-tipo,  claro, mas era uma tormenta.
Dessa mesma forma, havia de ter muita disposição para escrever e registrar as idéias, informações e afins, tinha que  valer mesmo a pena.

Surge então o computador, essa deliciosa máquina de viciar, com suas teclas macias, seus editores de texto e o bendito  "BackSpace". Errou?! Sem crise o corretor ortográfico corrige para você. Não gostou? E daí, seleciona e apaga o trecho  ruim.
Começou a ruir, silenciosamente, o poder de filtro, que só a preguiça/prática traz. O limitador dos primeiros  computadores, com sua telas verdes, passou a ser memória. Contávamos no início dos anos 80 e até os anos 90 com pouco  espaço de armazenagem. Custava caro. Mantinhamos armazenado o que valia a pena e jogávamos no lixo (virtual) aquilo que  não valia o espacinho tomado.

O progresso da tecnologia não para, acelera mais e mais e os obstáculos parecem inexistir. O que nos preocupa hoje, já  tem uma solução em vista amanhã.
O que no início era bytes, passou a kilobytes, chegou a Megabytes, 100,400,700, GigaByte e agora Terabyte. Ao alcance  de todos. Cabe no meu bolso.


Chegamos na geração terabyte. Lembra dos desafios da escrita à mão? Inexistem. Lembra da dificuldade de datilografar?  Não existe mais. Lembra do problema de armazenamento? Esquece, superamos isso.
Então, qual a necessidade de filtros agora?

Parece ainda não existir.

Escrevo, fotografo, desenho, gravo músicas, faço filmes e compartilho com o resto do mundo. Antes não tínhamos nada a  dizer, agora dizemos ao mundo todo.

A geração tebabyte desaprendeu a se desapegar de memórias passadas e inutilizadas pelo tempo.
Tudo se consome, e mesmo o que se consumiu por 15 segundos, é armazenado.
Tudo é lícito e tudo convém. Tudo é permitido e nada precisa, ou deve, ser descartado.
Não existe mais lixo.

Devo experimentar essa coisa estranha? E porque não?
E esse cabelo novo? Porque não?
E esses novos costumes que jogam no chão o que aprendemos de berço?
E esse lixo industrializado de música, filme e toda forma de entretenimento? Qual o problema, cabe no meu HD!

Parece inexistir problemas por esta nova forma de vida à curto prazo, mas aprendi com o Newtão que toda ação causa uma  reação inversa, de mesma força e intensidade.

Tudo nos é lícito, mas nem tudo nos convém.

Evandro L! Melo