quarta-feira, 24 de fevereiro de 2010

Falso evangelho


Não é nova essa onda do evangelismo tomando conta do mundo, aliás isto começou lá nos anos 60 nos EUA, a terra das oportunidades.

Essa onda foi brilhantemente construída e desenvolvida pelos deuses do Marketing que conhecem e sabem tirar proveito dos pontos fracos dos indivíduos.

E qual é o maior ponto fraco de cada um? Dinheiro e tudo o que o envolve, como vaidade, ego, poder... et cetera.

Assim, embalaram o evangelho em uma embalagem chamativa, a teologia da prosperidade, e vendem essa mentira ao povo, de uma forma tão bem feita, que não só parece verdadeiro o que dizem, como te fazem sentir-se culpado e pecador por duvidar, criticar, não aderir a esta moda.

A teologia da prosperidade distorce princípios básicos do caráter e ensinamento de Jesus, que é o desapego aos bens materiais.

"...Venda tudo o que tem e Me siga... onde está a sua riqueza lá está seu coração... mais fácil um camelo passar no fundo de uma agulha do que um rico entrar no reino dos céus... olhai os lírios do campo e as aves do céu...Vocês não podem servir a Deus e ao Dinheiro...venda os seus bens e dê o dinheiro aos pobres..."

Outro princípio básico e que as igrejas tem distorcido para assegurar a assiduidade e devoção de seus membros é a Graça de Deus.

O amor de Deus é infinito e dado de graça a cada um de nós. Não importa o que você fez ou que ainda fará, você NUNCA será merecedor do amor de Deus, por isso contamos com a graça.

O sacrifício de Jesus na cruz foi feito para alcançar a todos, e Ele não pede nada em troca.

Como diz Carlos Bregantim, a graça só é graça se for escandalosamente graça.

Por tanto não barganhe com Deus. Não importa o tamanho do seu dízimo, não importa sua assiduidade na igreja, não importa qual o nível de envolvimento com a obra, Deus ama a todos por igual.

NÃO! A 'urna', 'gasofilastro' ou qualquer coisa onde você deposite seu dízimo e oferta NÃO é um vaso e sua oferta NÃO é semente de nada. Doar algo esperando recompensa é BARGANHA, e Deus NÃO faz barganha.

Se um dia ouvir isso (se já não ouviu), é MENTIRA! Doar qualquer bem que seja (tangível ou intangível) deve ser feito de coração, em forma de ação de graça e ação de graça NÃO espera NADA em troca, sequer gratidão.

Isto então quer dizer que não precisamos fazer nada? Não, O amor e a graça de Deus são tão imensos que nos constrange a tentar imitá-lo, mesmo que numa proporção irrisória.

Leia Romanos 5 e 6 e entenderá melhor o que estou tentando explicar.

O mais perverso de tudo isso é que as pessoas estão cada vez mais carentes e desesperadas de amor, e são facilmente enganadas e levadas a creditar em toda essa mentirada.

Líderes calhordas se aproveitam dos fracos. Por isso temos que perseverar em oração e vigiar sempre!

"...iludem os instáveis e têm o coração exercitado na ganância. Malditos! "(2 Pe 2:14)

E não fique receoso de duvidar, a dúvida é uma benção, explore, não tenha medo de questionar, por mais que esses calhordas o forcem a acreditar que não se deve questionar um 'servo de Deus'.

"Amados, não creiam em qualquer espírito, mas examinem os espíritos para ver se eles procedem de Deus, porque muitos falsos profetas têm saído pelo mundo." (I João 4:1)

Desconfie, estude, duvide, corra atrás de mais informações e o mais importante, leia a Bíblia. Está bastante claro lá o caráter e conduta que devemos buscar.

Uma dica, duvide de tudo isso que eu escrevi e postei. Vá atrás da fonte, a Bíblia e forme sua opnião.

Evandro L! Melo

quarta-feira, 17 de fevereiro de 2010

Um viva ao carnaval! viva!



Um viva ao carnaval! Viva!

O carnaval deveria durar o ano inteiro. Salvo em ano de Copa, onde ocorreria uma pausa de 2 meses na festança.

Carnaval é a maior festa do Brasil e porque não dizer, do mundo!

Sim, no carnaval sexo é liberado! Opa, vamos se pegar minha gente.
No carnaval, e só no carnaval o bunda-le-le e a safadeza são livres, legais e até bonitos.

Um viva ao carnaval!  Viva!

Carnaval é a festa dos excessos, vamos fazer tudo o que não

podemos fazer no restante do ano, e em quantidade que ultrapassam o limite do bom senso.

Um viva ao carnaval! Viva!

Além do que, carnaval é uma festa milagrosa, sério! Carnaval cura e resolve todas as mazelas.

Lembra daquele problema da sua cidade, como o Jardim Pantanal em

São Paulo que ainda sofre por causa das fortes chuvas? Pois é, no carnaval ninguém falou disso.
Os problemas acabaram, por quatro dias, é verdade.

Um viva ao carnaval! viva!

E o que dizer do Haiti?! Por quatro dias não se noticiou nada daquele desgraçado país. Porque?
Por causa do carnaval, é claro.

O carnaval resolveu todos os males e as desgraças do Haiti, por quatro dias, é verdade.

Foi só o carnaval acabar e já voltaram a dar tristes notícias de lá. Ah se o carnaval durasse o ano todo... 
O Haiti seria muito mais feliz.

Um viva ao carnaval! Viva!

E que venha a Copa do mundo, onde por dois meses todos os problemas e desgraças do mundo desaparecerão.

Viva!

Evandro L! Melo

sexta-feira, 12 de fevereiro de 2010

Carta a um homem que pede que eu o ensine como orar

Caro Z.,
Obrigado pela sua mensagem, pelo carinho e pelos comentários sobre o livro.
Nem de perto imagino as dificuldades da sua presente situação, mas o fato é que não tenho respostas definitivas a oferecer aos seus questionamentos – e, mais importante, você não deveria acreditar em mim se eu afirmasse que tivesse.
Você pergunta como e por que uma pessoa sem religião – “sem um ato espiritual, que pisou uma igreja somente em seu batismo e não tem o hábito de orar” – pode prosperar. O que posso dizer é que variações deste questionamento aparecem constantemente ao longo do Antigo Testamento (por exemplo, no salmo 73).
O que o Novo Testamento faz, como em todos os assuntos, é reverter a pergunta: porque uma pessoa sem Deus não deveria prosperar? Deus derrama o seu sol e faz chover sobre justos e injustos. Melhor ainda: porque uma pessoa com Deus deveria prosperar? Na verdade, há inequívocas indicações no Novo Testamento de que seguir Jesus é seguir o seu caminho de renúncia, sofrimento, anulação e desintegração. A teologia da prosperidade não encontra qualquer brecha nesta boa nova.Cabe aos homens, e não a Deus, corrigir as injustiças deste mundo. O que está dito aqui é “quem quiser me seguir negue-se a si mesmo tome a sua cruz” e “basta a cada dia o seu mal”. Ou ainda, minha expressão favorita, encontrada em Atos 14:22: “por muitas tribulações nos é necessário entrar no reino de Deus”.
Será então verdade que o cristianismo é um movimento essencialmente pessimista? Sim e não. O que os seus primeiros proponentes deixam claro é que quem quiser seguir Jesus (e ele mesmo deixou claro que ninguém é obrigado!) deve estar disposto a deixar tudo para trás a fim de assumir um novo caminho. A estranhíssima vocação de um seguidor de Jesus é encontrar a paz mitigando o sofrimento dos outros, e não o seu próprio.
Para Jesus e os demais autores do NT, o problema do mundo dos homens é que ele é totalmente implacável; precisamente como animais, as pessoas só buscam solução para os seus próprios apetites, deixando pouco ou nenhum espaço para misericórdia, para a inclusividade e para o respeito interpessoal. É justamente porque o mundo é implacável que você foi demitido e ainda não encontrou espaço para voltar ao mercado. Na grelha do capitalismo, cair para o fogo aos 56 anos de idade é considerado trajeto sem volta.
A boa nova, como apresentada por Jesus, é que o reino de Deus foi inaugurado, e nesta nova realidade todos devem trabalhar de forma voluntária e consistente para que o mundo se torne menos implacável. Neste reino todos devem dar um passo além da carne (ou seja, dar um passo além das limitações da natureza humana), e aprender a imitar a Deus em sua inclusividade e generosidade. Arrepender-se é mudar o mundo.
Basta olhar ao redor para ver que este é um processo que está longe de estar sendo implantado satisfatoriamente. Mais do que isso, Jesus deixou suficientemente claro que a boa nova é de tal natureza que não devemos esperar ser nós mesmos beneficiados por ela; o que cada um pode esperar é meramente fazer sua parte para que o mundo se mostre menos implacável e injusto para os outros. O mundo dos afetados pelas nossas omissões é o único que podemos mudar.
Desde o tempo de Jó uma importante linha de pensamento dentro da Bíblia defende a idéia de que as coisas não acontecem neste mundo a partir de uma lógica de retribuição. Neste mundo não é que os bonzinhos e esforçados são premiados e os malvados punidos e confundidos. Como deixa claro o próprio livro de Jó, o mistério é mais profundo e não há respostas fáceis para o problema do sofrimento.
O escândalo do Novo Testamento está em sugerir que não apenas a religião não é necessária para sermos beneficiados pela graça divina, mas que cabe aos homens, e não a Deus, corrigir as injustiças deste mundo. Isso se faz quando nos arrependemos – isto é, quando passamos a imitar Deus em sua disponibilidade assombrosa de dar e dar-se.
Na lógica exigente da boa nova é por minha culpa que você está desempregado, e amenizar as durezas da sua condição é de minha única responsabilidade. Não posso pedir que Deus faça isso, e não posso esperar que outra pessoa o faça.
Numa palavra, não posso ensinar você a orar, mas posso oferecer um abraço, um beijo e um lugar à mesa. Mande seu telefone que quero ligar pra gente conversar.
Abração
PB 

Por Paulo Brabo, estocado no site Bacia das Almas .

quarta-feira, 10 de fevereiro de 2010

Coletividade

Esse mundo está cada dia pior e não tenho muita esperança de melhora. Me xingue se quiser, mas é real.

Perdemos totalmente o senso de coletividade. Desaprendemos a conviver em sociedade.

Nos isolamos em nosso próprio mundo, nosso próprio universo e pouco ligamos para os demais. Onde começa e termina a liberdade de cada um?

A mesma pessoa que quando pedestre reclama do motorista que não respeita as sinalizaçòes, faixa de pedrestre, etc, é o mesmo que quando motorista acelera o carro no sinal amarelo.

Todos temos pressa, todos temos prioridades e nossas prioridades são sempre miores e mais importantes do que a dos outros, cada um buscando ser o primeiro sem pensar na ordem,

na paz, no senso comum.

Estamos regredindo.

O que era para ser senso comum, hoje é visto como bom senso. A bondade e o respeito ao outro são qualidades raras.

Mais uma prova de que Darwin está equivocado. Não evoluímos do macaco, os chimpanzés sabem conviver em grupo muito melhor que nós homo sapiens.


Evandro L! Melo

sexta-feira, 5 de fevereiro de 2010

Avesso

Hoje acordei diferente, me sentindo estranho, algo me incomodava.

Acordei do avesso.

Descobri ao me olhar no espelho do banheiro. Levei um susto.
-Mas o que é isso? perguntei para o nada.

O avesso é estranho, é esquisito.
O avesso é muito avesso ao que não é avesso.

Pensei em gritar, tentei no desespero voltar ao normal, sem sucesso.
Fiquei pensando no que poderia ter me virado do avesso, será que foi algo que comi? Será que dei um espirro muito forte?

Após muito tempo trancado no banheiro, o medo foi diminuindo e tive que encarar a nova realidade, estava do avesso e pelo que tudo indicava assim permaneceria até não sei quando.

Busquei argumentos que me servissem de consolo e me dessem coragem.

Me lembrei que o normal também não me agrada.

Lembrei que todo dia, todo santo dia eu me chocava ao ver como as pessoas normais são todas parecidas, todas tristemente iguais e uns mais iguais que os outros.

Então em um ato de coragem resolvi encarar e ficar do avesso.

Saí de casa após o café amargo de sempre pela manhã.

Logo ao pisar às ruas, vi que meu dia não seria dos mais tranquilos.
As pessoas me olhavam, alguns encaravam por instantes e desviavam o olhar com uma careta.

Eu causava asco, nojo, repulsa. Era nítido o distanciamento das pessoas, até dos mais chegados.

"O que fazer" Pensei. "Nada". concluí e segui com minha vida do avesso, sendo diferente a tudo aquilo que diziam ser normal.

Engraçado que ao ficar do avesso, comecei a perceber coisas que antes não notava. Comecei a ver que o mundo era muito mais do que a rotina do trabalho, do trânsito, dos relacionamentos superficiais.

Estar do avesso despertou em mim um sentimento de querer ir mais fundo, de observar melhor os detalhezinhos que dão tanta graça à vida.

A ter relacionamentos mais verdadeiros, a amar na mais plena e pura forma de amor.

Por estar do avesso podia perceber o julgamento instantâneo e insensato das pessoas, e assim deixei de lado os julgamentos que eu fazia a todo instante sem notar.

Pude perceber que o mendigo sujo e dado como doido pelos 'normais' tinha uma vida bonita e muita paz no coração, mais do que muitos fantasiados de trabalhadores honestos e felizes.

Pobres fantasias, um dia se tornarão velhas e rasgadas.

Havia sim, outros do avesso. Encontrei alguns poucos deles, trocamos olhares e não contivemos um sorriso.

O sabor das coisas também pareciam diferentes. Na verdade não diferentes mas mais intensos. Saboreei um prato de arroz e feijão com muito gosto.

Estar do avesso ainda causava certo incômodo, não há como negar, poucos me encaravam sem fazer caretas, menos ainda se atreviam a trocar um diálogo comigo.

Não é fácil caminhar sozinho, mas por outro lado, só pude perceber que tudo àquilo que eu buscava filosoficamente, eu só pude alcançar estando do avesso.

Negando ser mais um, ser comum, ser normal.

Triste foi ver que mesmo aqueles que se diziam diferentes, não aguentaram me ver do avesso. Eram certinhos demais para aplicar o próprio discurso.

Na volta para casa, tentando organizar as tantas emoções vividas naquele intenso dia, voltei a me perguntar "o que será que me deixou assim?". "Terei que procurar um médico?".

Ou será que acordei do avesso porque Deus atendeu minhas orações?

Fui dormir à quela noite com uma dúvida e um anseio. Como será que vou acordar na manhã seguinte?

Ainda do avesso ou normal? O que eu prefiro, estar avesso ou ser comum?

Dormi.

Evandro L! Melo