quinta-feira, 31 de outubro de 2013

quão velho é você

a forma como se fala sobre a idade no inglês, demonstra mais nua e cruamente a força e a indiferença do tempo.
- how old are you?
- i am 32 years old.

que na tradução literária:
- quão velho é você?
- eu estou 32 anos velho.

nascemos e desde este dia ficamos velho a cada inda e vinda dos pulmões. quando bebês não pensamos muita coisa, apenas sobreviver, quentinho, seco e alimentado. qualquer alteração e disparamos o alarme.
mais crescidinhos, crianças, vivemos intensamente a cada dia. talvez por notar que o tempo é feroz no cumprimento do seu dever de passar, vivemos intensamente. dormir é perder tempo de vida. só dormimos porque o esgotamento vence a vontade.

a adolescência, aquela fatídica idade (a qual fui obrigado a passar), em que só pensamos em não pensar. crianças crescidas, jovens ranzinzas. tão rebeldes que queremos ficar mais velhos só para contrariar a nós mesmos de que ficar velho é um saco.

na fase adulta, não tem jeito. tudo se torna pateticamente claro. acordo, me encaro no espelho com dó
do que vejo. finjo não reparar nas marcas de expressão, na calvície e naquele maldito fio de cabelo
branco. eutearranqueiontemseufilhodeuma...

e ela chega. a velhice. aquela fase em que ninguém nunca se prepara para recebê-la e quando chega dá
um sustinho, uma melancolia, uma vontade de rever a vida e de ter aproveitado mais os espaços em branco do passado. na velhice, onde informados de que a vida passa ligeiro e impotentes para qualquer outra coisa, levantam num último brado de fulgor e tentam alertar aos mais jovens. vivam, seus imbecis, aproveitem melhor a vida. em vão, claro, bem sabem que deixaram passar diversos alertas dos profetas do pretérito, quando mais novos.

só não diga que não avisei.



evandro l! melo



quarta-feira, 16 de outubro de 2013

A igreja e o bar



Numa pequena cidade do interior dos Estados Unidos um sujeito resolveu abrir um bar bem em frente a uma igreja.

O padre e todos seus fiéis ficaram revoltados com a audácia e resolveram iniciar uma campanha para que o bar não fosse aberto.

Fizeram petições, espalharam folhetos, rezavam diariamente contra o estabelecimento.

Os dias passaram e o bar estava praticamente pronto para ser inaugurado.

De repente, uma forte tempestade chegou à cidade e um raio caiu bem em cima do bar, destruindo completamente o lugar.

O dono não teve dúvida: entrou na justiça pedindo 2 milhões de dólares de indenização, acusando a igreja de ter causado a destruição de seu negócio, mesmo que por “vias indiretas”.

No dia do julgamento, o padre e o pároco alegaram que aquilo era um absurdo, que não tinham absolutamente nenhuma responsabilidade pelo ocorrido ou qualquer conexão com o incidente. Como sustenção da defesa, anexaram inclusive o “Benson Study“, um trabalho realizado pelos pesquisadores de Harvard que mostra que orações de terceiros não têm influência sobre recuperação de pacientes após cirurgias.

Quando o caso finalmente chegou ao tribunal, o juiz examinou por alguns minutos os papéis da ação e comentou:

“Ainda não sei como vou decidir esse caso, mas pelo que vi nos papéis, temos aqui um dono de bar que acredita no poder das orações e uma igreja inteira que não”.

E deu uma olhadinha por cima dos óculos para ambas as partes.

O tom do julgamento estava dado.

E a hipocrisia, logo de cara, condenada.

***

Pequei emprestado do UoD

sexta-feira, 11 de outubro de 2013

Rede Sustentabilidade: Posição sobre a decisão da Rede Sustentabilidade de se coligar!

Os que me conhecem ou me acompanham já sabem o quanto eu admiro* a Marina Silva, por sua postura política, suas decisões corajosas (se demitiu do ministério, saiu do PT, buscou fundar um novo partido com novas idéias,etc) e também por seu posicionamento quanto à assuntos complexos.

Quando soube do projeto da Rede Sustentabilidade, confesso que meu coração foi tomado por uma alegre esperança de que algo novo estava surgindo. Afinal tínhamos Marina à frente.

Muitos me alertaram que isso não daria em nada, mas eu preferia acreditar que em meio ao deserto que o Brasil vive, eu seguiria esse Oasis, mesmo que este no fim se mostrasse uma miragem.

Pois aí surgiram as dificuldades e lá estava o discurso intacto do tal "Plano A". E logo surgiu o primeiro grande obstáculo, àquele que de fato provaria se o discurso era fato ou era bolha de sabão. E lá veio a surpresa (pra mim foi), 2 dias após a pedra no caminho, lá estava Marina fazendo a velha política. Lá estava ela de mãos dadas com Eduardo Campo do PSB se lançando em campanha. Lá estava todo o discurso jogado no lixo.

"Ah, mas o que era melhor, ficar sem se candidatar a nada por mais 4 anos?" SIM, se esse era o preço para algo NOVO, que se pague o preço. Mas não, a covardia logo fez sua parte e lá estava a VELHA forma de fazer política reinando.

*Ainda admiro Marina, frente aos outros ela é diferenciada, mas confesso que hoje admiro um tanto menos.

Abaixo segue o email de um dos líderes da #Rede, o qual desde Fevereiro envia emails semanais com o passo a passo da #Rede, o processo da criação, as dificuldades, a luta... Ele, assim como eu, está desapontado.

Acho que vale a leitura.

[]'s

Evandro Melo
@evandrolmelo


***
Hoje é quinta-feira e depois de refletir todas as postagens que foram feitas nesta lista sobre os fatos do último sábado e as manifestações sobre as minhas indagações e colocações acerca da decisão tomada institucionalmente pela Rede Sustentabilidade,  finalmente posso, com boa segurança, expor o que segue abaixo.

Em primeiro lugar, não discuto o direito de Marina Silva se filiar a qualquer partido como decisão final dela; o que eu penso sobre isso eu já externei ao grupo do RS, e estou entre a minoria que entendeu que ela não deveria se filiar a nenhum outro partido. As razões aqui não repetirei.

Sobre a decisão que foi adotada de forma restrita pela Executiva Nacional, isso discuto e digo que ela foi tomada contra os estatutos e valores da #rede.

Assim, ela é uma decisão que, do ponto de vista jurídico, e das regras que governam a Rede Sustentabilidade, inválida, não legítima, não podendo produzir os efeitos que se destinam.

A fim de que não fique dúvidas, diante do curso dos acontecimentos, nesse instante quero aqui deixar bem claro que eu WILLIAM SMITH KAKU declaro firmemente que considero ilegal e ilegítima a decisão de coligação tomada pela #rede no sábado passado, e que minha manifestação cabal nesta lista tenha o cunho de contrapor a uma ideia que futuramente possa ser veiculada no sentido de que, por unanimidade silenciosa ou consenso progressivo tácito, o grupo de Conselheiros da Comissão Nacional Provisória (CNP) da #rede aceitou e concordou com o referido acordo.

Dito isto, quero deixar claro a todos que as consequências, do ponto de vista jurídico, ao meu ver, é que a Executiva Nacional Provisória da #rede precisa no mínimo de um REFERENDO desta CNP para dar seguimento legal aos atos praticados no último sábado.

Entendo que a chamada para a reunião de domingo somente poderia ser no sentido de referendar ou recusar o acordo firmado. Mas a chamada é genérica nesse sentido e específica para dar continuidade às ações perante a coligação firmada.

Por isso recomendo que quem ainda estiver em dúvida sobre a ação tomada no último sábado ou não concorda com a coligação feitanão compareça - nem por internet - na reunião convocada, porque, estará chancelando tacitamente o acordo, ou seja, juridicamente, estará mesmo em silêncio, referendando tudo, por participar de uma reunião que praticamente dá por certo e encerrado o ato praticado. "Aceitação tácita" trata-se de uma figura jurídica de manifestação de vontade, portanto, produtora de efeitos jurídicos próprios, mesmo que a pessoa não saiba disso naquele momento. Não é aceitação expressa, mas aceitação tácita e produtora de efeitos como se fosse expressa.  

Repito que este referido ato somente poderia ser praticado pela CNP, após discussão e deliberação, com posterior emissão de mandato específico para a Executiva Provisória cumprir o decidido pela CNP.

Cabe à Executiva Provisória esclarecer e comprovar a legalidade e legitimidade do ato praticado, segundo o nosso estatuto. Em nenhum momento ela recebeu tal mandato específico e isso está longe dos poderes gerais que a ela foi conferida em fevereiro, qual seja, unicamente proceder com os atos necessários para obter o registro legal da Rede Sustentabilidade, nada mais. Nessa reunião eu estava e ouvi isso.

Quero deixar claro que respeito todos os posicionamentos aqui externados, mas em relação à #rede entendo meu dever lutar para preservar o que originariamente, em seu DNA, ela contém de bom para o país e todos nós, porque ela recebeu o melhor de cada um de nós, e em cada assinatura recebida, como seu patrimônio invisível inicial, a sua alma.

Vamos nos falando, mas agora fico com minha consciência leve e cumprindo um dever que me tira de profunda angustia, dor, sofrimento e infelicidade.

Grande Abraço a Todos(as)! :-)

William Smith Kaku (RS)