quinta-feira, 5 de janeiro de 2012

fonte de água viva

depois de assistir ao belo documentário "planeta vivo: dilúvio no kalahari" no discovery channel, refleti e escrevi.

tempo de seca, toda a região vive um deserto. falta água para todos. para crescer a vegetação, para os animais que se alimentam dessas vegetações, para os carnívoros que se alimentam de outros animais. e claro, para os peixes.

o rio baixando mais a cada dia até se tornar poças de lama com pouca água. os bagres lutam pela vida no que resta dela. parecem acreditar que há esperança, haverá água fresca em breve. ou lutam por não haver outra opção. a morte não parece ser uma.

os elefantes, em manada, sabem que esperar não é uma estratégia inteligente e partem em busca desta fonte de água. não sabem a que distância está, tampouco quais os perigos que encontrarão no caminho. sabem apenas que precisam andar e seguem na direção.
são centenas de kilometros, caminhados em terreno seco e calor escaldante. exaustiva, a viagem deixa alguns para trás. naquele deserto, árvores secas viram alimento. a casca contém algum nutriente e pouca umidade, o que garante um pouco mais de energia.

a falta de alimento dispersa os grupos de animais. o desespero faz com que um leopardo tente atacar um porco espinho e se dê mal.

o horizonte tem uma só cor. pálida, sem graça.

a migração das espécies continua. todos parecem conhecer o desconhecido. caminham na direção da água que inexiste.

a primeira chuva cai, mas e é insuficiente para encher o rio. é absorvida pelo caminho, sem chegar na bacia que alimentará os animais.
a chuva que fará o milagre de manter tantas vidas naquele deserto, vem de bem longe dali, a cerca de 1600 km, na Angola.

mais um tempo de caminhadas ao desconhecido. mais luta por sobrevivência. mais sofrimento.

até que a chuva cai em quantidade suficiente, começando seu percurso de encher os canais que irão desaguar no rio fazendo-o transbordar, formando assim a bacia (por puro capricho tem a forma de uma mão) que os animais procuram. a fonte de água parece viva e traz vida.

os canais alcançam o rio, enchendo-o e fazendo-o transbordar. a vegetação começa a brotar, flores surgem trazendo beleza, abelhas coletam néctar para produzir mel. as rãs se escondem nas plantas para caçar insetos.

os elefantes, ainda distantes, se animam. sentem o cheiro de água fresca. por dias e mais dias sentiam apenas o aroma da sequidão, de morte. agora sentiam vida e mesmo exaustos se animam e apertam os passos.

os bagres enfim podem nadar livremente e se reproduzirem. as gazelas se divertem saltitando na água enquanto comem da fresca e apetitosa grama.

leões, gazelas, búfalos, aves de diversas espécies, peixes, répteis, insetos, vida. toda a vida se reune e se esbalda naquela fonte.

chegam os elefantes, partindo direto para o rio. parecem se divertir bastante. alívio e paz.

a água não serve apenas para matar a sede, também traz nutrientes necessários a todos os seres vivos.

tudo isso que eu vi em belíssimas imagens do discovery channel me fez entender um pouco mais a metáfora e poesia dos salmistas ao chamar Deus de fonte de água viva. entendi porque afirmar que minha alma tem sede de Ti, Deus.

"Como a corça anseia por águas correntes, a minha alma anseia por ti, ó Deus. A minha alma tem sede de Deus, do Deus vivo. Quando poderei entrar para apresentar-me a Deus?" Salmo 42:1-2

compreendi porque Jesus era essa fonte de água viva. porque não só satisfaz a sede como alimenta, nutre e produz mais vida.

que seja assim, minha alma possa almejar essa fonte de água viva mesmo em tempos de seca. que eu possa seguir a direção mesmo em tempos incertos. que minh'alma possa se regozijar e festejar quando a fonte alcançar.

"No último e mais importante dia da festa, Jesus levantou-se e disse em alta voz: "Se alguém tem sede, venha a mim e beba. Quem crer em mim, como diz a Escritura, do seu interior fluirão rios de água viva". João 7:37-38.


evandro l! melo
@evandrolmelo

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