Uma das melhores coisas que a vida nos proporciona é conhecer pessoas que compartilham do mesmo sentimento que você.
Pessoas essas que são presentes de Deus para nossa vida, que são enviadas para trazer paz, alento,conforto, desconforto...
No último domingo conheci uma dessas pessoas, Stênio Marcius, figura única que usa os dons e talentos que Deus lhe deu para contar ao mundo as maravilhas de servir ao Pai.
Stênio e sua esposa Selma, são dessas pessoas que não vieram ao mundo a toa, vieram para ser a diferença.
Como ele mesmo se define "uma pessoa simples, tentando viver como tal."
Fiz um vídeo (uma tentativa de um vídeo) trazendo uma bela música dele, chamada "O sonho" que está no disco "Canções da meia noite".
O vídeo é caseiro e a qualidade é bastante tosca, mas não se apeguem a isso, a idéia do vídeo é trazer a música e a letra para serem ouvida, lida e apreciadas.
PAZ!
Evandro Melo
terça-feira, 28 de abril de 2009
segunda-feira, 20 de abril de 2009
Você Se Esqueceu?
"E disse-lhes: Ide por todo o mundo, e pregai o evangelho a
toda criatura" (Marcos 16:15).
Uma pequena criança, que vivia na rua, ouviu de um dos
colegas de infortúnio: "Se Deus ama você, por que não cuida
de você? Por que não manda alguém lhe trazer uma calça nova,
e um casaco, e uma comida melhor?" O menino pensou por
alguns instantes e, com lágrima nos olhos, respondeu: "Eu
creio que Ele mandou alguém, mas esse alguém se esqueceu." O
plano de Deus é cuidar de todos, usando para isso os seus
discípulos.
Muitas pessoas estão, hoje, necessitando urgente de um
cuidado especial. São pessoas angustiadas, tristes,
desiludidas. Deus quer cuidar delas e, para isso, conta
comigo e com você. E o que temos feito?
Deus nos mandou amar ao nosso próximo como a nós mesmos.
Temos feito isso? Há muitos que estão vagando pelas ruas
esperando que lhes levemos as calças da fé, o casaco quente
do amor, o alimento para suas vidas espirituais famintas.
Eles estão esperando... ansiosos... e vamos insistir em
esquecer do que Deus nos mandou fazer?
Às vezes pensamos que uma vida com Deus consiste apenas em
ir à igreja, cantar no coral, participar da Escola Bíblica,
entregar uma oferta no culto semanal e... mais nada! E os
que estão fora da igreja? E os perdidos? E os cansados e
oprimidos? O Senhor nos chamou e nos mandou, como a Abraão,
ser uma bênção.
Pr. Paulo Roberto Barbosa
toda criatura" (Marcos 16:15).
Uma pequena criança, que vivia na rua, ouviu de um dos
colegas de infortúnio: "Se Deus ama você, por que não cuida
de você? Por que não manda alguém lhe trazer uma calça nova,
e um casaco, e uma comida melhor?" O menino pensou por
alguns instantes e, com lágrima nos olhos, respondeu: "Eu
creio que Ele mandou alguém, mas esse alguém se esqueceu." O
plano de Deus é cuidar de todos, usando para isso os seus
discípulos.
Muitas pessoas estão, hoje, necessitando urgente de um
cuidado especial. São pessoas angustiadas, tristes,
desiludidas. Deus quer cuidar delas e, para isso, conta
comigo e com você. E o que temos feito?
Deus nos mandou amar ao nosso próximo como a nós mesmos.
Temos feito isso? Há muitos que estão vagando pelas ruas
esperando que lhes levemos as calças da fé, o casaco quente
do amor, o alimento para suas vidas espirituais famintas.
Eles estão esperando... ansiosos... e vamos insistir em
esquecer do que Deus nos mandou fazer?
Às vezes pensamos que uma vida com Deus consiste apenas em
ir à igreja, cantar no coral, participar da Escola Bíblica,
entregar uma oferta no culto semanal e... mais nada! E os
que estão fora da igreja? E os perdidos? E os cansados e
oprimidos? O Senhor nos chamou e nos mandou, como a Abraão,
ser uma bênção.
Ser um cristão dentro do templo é fácil, cômodo, agradável.
Mas Jesus não nos disse "entrai na igreja e sentai" e sim
"ide e pregai o Evangelho". E o pregar não se resume a
palavras, mas, também a atitudes.
Você tem cumprido totalmente a vontade de Deus ou se
esqueceu de alguma coisa?
Mas Jesus não nos disse "entrai na igreja e sentai" e sim
"ide e pregai o Evangelho". E o pregar não se resume a
palavras, mas, também a atitudes.
Você tem cumprido totalmente a vontade de Deus ou se
esqueceu de alguma coisa?
Pr. Paulo Roberto Barbosa
quarta-feira, 15 de abril de 2009
Impaciência
Por:
Ricardo Gondim
Não aguento mais
big brother;
crise econômica;
campanha da igreja contra camisinha;
show da fé;
Ronaldão;
minha impaciência;
televisão;
correntes de amor na internet;
trânsito em São Paulo;
fedentina no rio perto de minha casa;
cara de pau de senador, deputado federal, estadual e vereador;
calor neste verão que parece não acabar nunca;
Diogo Mainardi;
Papa Bento XVI;
teologia fundo de quintal de quem se acha;
criança esperança na Globo;
ter que votar nas próximas eleições;
explicar que vinho é vinho e não suco de uva;
explicar no exterior que o Brasil não vive um avivamento espiritual;
ouvir que Deus está no controle da miséria e da morte desnecessária de crianças;
Dilma, Serra, Neves, da Silva, Sir Ney;
conferência para impactar o mundo;
preconceito;
40 propósitos para uma vida plena;
4 leis espirituais;
Madonna adotando meninos na África;
passeata gay e marcha para Jesus para mostrar quem junta mais gente;
minhas mea culpas.
EU acrescento
gente que canta chorando e fazendo careta;
jornal nacional;
Datena e todos os programas desta estirpe;
gente chata assim como eu; blogs assim como o meu;
campanhas de evangelismo que não se preocupam em cuidar da real necessidade do povo;
Pedro Bial;
igrejas novas nascendo em cada esquina;
cultos que mais parecem palestras motivacionais;
NET, empresa de internet e TV a cabo;
Junte-se a nós, faça você também a sua lista!
domingo, 12 de abril de 2009
Que venha logo!
Um grande amigo, aliás mais que amigo, um irmãozão, está gravando o 2o CD de sua carreira que pela Graça de Deus será longa.
Diego Venâncio está em estúdio preparando o novo disco que deverá sair em breve e pelo que ouvi dizer será ainda melhor que o primeiro.
Para aqueles que como eu nao vêem a hora de poder apreciar esse disco, vai uma palhinha do que vem por aí... e que venha logo!
Diego Venâncio está em estúdio preparando o novo disco que deverá sair em breve e pelo que ouvi dizer será ainda melhor que o primeiro.
Para aqueles que como eu nao vêem a hora de poder apreciar esse disco, vai uma palhinha do que vem por aí... e que venha logo!
domingo, 29 de março de 2009
Tanto pra nada
Um fenômeno crescente nos dias atuais são as aparições de Igrejas Evangélicas.
Aparecem com diversos nomes, formas, estilos, marketing, público alvo etc.
Mas ao mesmo tempo que o "evangelho" se propaga de forma intensa, é crescente também a desiguldade social. Crianças vendendo balas nos faróis, adolescentes de 12 anos se prostituindo, penitenciárias cada dia mais lotadas, AIDS, fome, guerras e por aí vai.
Me pergunto então, para que servem as igrejas? Para que serve o evangelho pregado em rádios e em dezenas de programas de televisão?
Para que serve ser Cristão, senão para transformar o mundo?
O que os que se dizem Cristão tem feito para mudar este triste cenário? - NADA.
No Brasil, segundo estatísticas, somos cerca de 35 milhões de evangélicos.
Será que com essa quantidade de gente que se diz seguidora dos ensinamentos de Jesus, não somos capazes de transformar o mundo?
Como conseguimos ser tão indiferentes em relação aos problemas sociais?
Preferimos lotar igrejas em busca de bençãos pessoais como emprego, saúde, dinheiro e fechar os olhos para o que está acontecendo no mundo.
Vergonha!
Enquanto isso, as pedras continuam clamando.
Aparecem com diversos nomes, formas, estilos, marketing, público alvo etc.
Mas ao mesmo tempo que o "evangelho" se propaga de forma intensa, é crescente também a desiguldade social. Crianças vendendo balas nos faróis, adolescentes de 12 anos se prostituindo, penitenciárias cada dia mais lotadas, AIDS, fome, guerras e por aí vai.
Me pergunto então, para que servem as igrejas? Para que serve o evangelho pregado em rádios e em dezenas de programas de televisão?
Para que serve ser Cristão, senão para transformar o mundo?
O que os que se dizem Cristão tem feito para mudar este triste cenário? - NADA.
No Brasil, segundo estatísticas, somos cerca de 35 milhões de evangélicos.
Será que com essa quantidade de gente que se diz seguidora dos ensinamentos de Jesus, não somos capazes de transformar o mundo?
Como conseguimos ser tão indiferentes em relação aos problemas sociais?
Preferimos lotar igrejas em busca de bençãos pessoais como emprego, saúde, dinheiro e fechar os olhos para o que está acontecendo no mundo.
Vergonha!
Enquanto isso, as pedras continuam clamando.
terça-feira, 24 de março de 2009
O deus que não é Deus
Existe um deus que não é Deus. O único com força para enfrentar a Deus. Essse deus não vive em alguma dimensão cósmica ou ponto do universo. Seu oratório é a mente humana. Ele é um deus familiar, pois vive nos espelhos da alma. Mesquinho, cobra desempenhos impossíveis. Inclemente, castiga as inadequações dos fracos com fúria. Ofendido por uma pessoa, dizima gerações inteiras. Imprevisível, age com um humor indetectável.
Existe um deus que não é Deus. Capaz de ofuscar o próprio Deus, misturou-se em todas as religiões. Sanguinário, exige sacrifício para estender a sua compaixão. Impassivo, privilegia os eleitos e condena o resto. Indiferente, descarta a prece da criança quando não se encaixa em seus propósitos. Distante, volta as costas para os miseráveis em nome da coerência.
Existe um deus que não é Deus. É possível encontrá-lo nos paços sacerdotais, nas leis canônicas, nas teologias que o sistematizaram. Ele vingou na religião e a cúrias já mapearam as suas ações. Sem bondade, ele defende a virtude. Sem graça, faz apologia da verdade. Os cristão sabem que ele existe; já provaram o fel de sua justiça na Inquisição. O homem-bomba de hoje testemunha o seu furor para os muçulmanos. Ele aparece em cada campanha de oração pentecostal para mostrar como é difícil ganhar o seu favor.
Existe um deus que não é Deus. Ele é uma divindade que não suporta ver Jesus almoçando com pecadores, bebendo vinho perto de mulheres suspeitas, elogiando pagãos ou prometendo o Paraíso para gatunos. Esse deus precisa desaparecer, pois é um ídolo malvado. E só com a sua morte nascerá o Salvador.
Ricardo Gondim
Soli Deo Gloria.
Existe um deus que não é Deus. Capaz de ofuscar o próprio Deus, misturou-se em todas as religiões. Sanguinário, exige sacrifício para estender a sua compaixão. Impassivo, privilegia os eleitos e condena o resto. Indiferente, descarta a prece da criança quando não se encaixa em seus propósitos. Distante, volta as costas para os miseráveis em nome da coerência.
Existe um deus que não é Deus. É possível encontrá-lo nos paços sacerdotais, nas leis canônicas, nas teologias que o sistematizaram. Ele vingou na religião e a cúrias já mapearam as suas ações. Sem bondade, ele defende a virtude. Sem graça, faz apologia da verdade. Os cristão sabem que ele existe; já provaram o fel de sua justiça na Inquisição. O homem-bomba de hoje testemunha o seu furor para os muçulmanos. Ele aparece em cada campanha de oração pentecostal para mostrar como é difícil ganhar o seu favor.
Existe um deus que não é Deus. Ele é uma divindade que não suporta ver Jesus almoçando com pecadores, bebendo vinho perto de mulheres suspeitas, elogiando pagãos ou prometendo o Paraíso para gatunos. Esse deus precisa desaparecer, pois é um ídolo malvado. E só com a sua morte nascerá o Salvador.
Ricardo Gondim
Soli Deo Gloria.
quarta-feira, 11 de março de 2009
Finitude, pecado, fuga
Não sabemos lidar com a nossa condição humana, limitada, inadequada, e sempre ambígua. Procuramos nos entender e nos perdemos. Por que nos inquietamos com o vício e nos encantamos com a virtude? De onde arrancamos a idéia do certo e do errado?
Em Serra Leoa, milícias rivais se enfrentam há décadas decepando mãos, braços e pernas de mulheres, crianças e idosos. Por quê? A panela de pressão étnica explodiu entre Tutsis e Hutus em Ruanda na década de 1990; em 45 dias, cerca de oitocentas mil pessoas foram chacinadas. Em 2008, a barbárie de Rauanda se transferiu para o vizinho Congo com as mesmas mortes absurdas. Impotentes, não reagimos. A invasão do Iraque pelo governo Bush custou no mínimo 3 trilhões de dólares. Calcula-se que tenha matado mais de um milhão e duzentos mil civis – numa população de 29 milhões – entre março de 2003 a agosto de 2007. Ninguém será responsabilizado?
Diante desses horrores, ouve-se um simplismo: “O ser humano é inviável”. Despautério. A história tem tanta, mas tanta, carnificina que se fôssemos mesmo inviáveis, já teríamos desaparecido como os dinossáuros. Nos reiventamos nas tragédias, ressurgimos das cinzas. A força do bem, embora frágil, ainda é maior que o poder do mal. Por isso, continuamos por aqui.
A humanidade oscila entre extremos e o pêndulo nunca desacelera. Hora desce à perversidade mais profunda, hora atinge o topo da escala da virtude. As violências topam com as contrapartidas humanitárias; os cinismos, com os engajamentos comunitários; as corrupções políticas, com as mobilizações populares. Negros ainda sofrem preconceitos, mas numa escala geometricamente inferior que duzentos anos atrás. Depois de muita luta, mulheres conquistaram o direito de votar e governar.
Porém, agudizar as inadequações humanas é um jeito bom de fugir do dever de construir a história. Ao considerar a humanidade irremediavelmente perversa , o mal se torna inevitável. Se corpo, terra e mundo são intrinsecamente ruins e nossa existência, uma masmorra fétida que aprisiona o espírito, fica fácil explicar a maldade. Basta afirmar que os seres humanos nascem desfigurados e contaminados com uma lepra existencial chamada de pecado. Herdeiros de monstruosidades, somos merecedores de castigo eterno desde que nascemos.
Esse mecanismo de fuga é poderoso, usado pela filosofia e teologia muitas vezes (Agostinho, Anselmo, Pascal). Mas, quanto mais íngrime se considerar a ladeira da decadência humana, menor a responsabilidade.
Com a inexorabilidade do mal, justifica-se qualquer ação. “Nascemos assim, somos assim; cachorro não late para ser cachorro; late porque é cachorro; as pessoas não são pecadoras porque pecam, pecam porque são pecadoras”. Com esses pressupostos, o ódio se torna inevitável e o bem, complicadíssimo. É confortável afirmar que o código genético do espírito padece de uma síndrome que perpetua o pecado.
Noite passada tive um sonho em que eu me rodeava de pessoas parecidas comigo na beira de um precipício. Todos falávamos juntos, repetindo desculpas e nos desmerecendo. Eu projetava na minha índole, raivas e viganças. Na ânsia de justificar petulâncias, transformava ancestrais em bodes expiatórios. Chegava a responsabilizar um bisavô pelo vício deselegante de palitar os dentes na mesa.
Para não me encarar, tentava desmerecer Adão e Eva. Procurava, transformá-los em precursores da Gestapo, ideólogos do garrote inquisitorial e pistoleiros profissionais. Dizia que a Árvore Proibida me aleijara. Como não conseguira lidar com a minha própria maldade, projetava em Deus “A Grande Culpa”. Eu falava com zanga: “Afinal de contas, não pedi para nascer deformado; não tenho como reverter a natureza que herdei; não posso fazer o bem”.
Murmurava: “melhor cruzar os braços e deixar rolar para ver como é que fica”. Neste momento, alguém me acenou do outro lado do abismo. De mangas arregaçadas e inconformado, gritava: “A maldade não é sina”. Por três vezes, repetiu: “É possível frear o avanço da morte; vale a pena lutar”. Ele tinha cicatrizes nas duas mãos. De repente, cobrou a minha atenção para uma lenda talmúdica: “Em cada cada geração, vivem 36 pessoas justas que são o alicerce do mundo. Eles são os “santos ocultos”. Ninguém os conhece ou poderá elogiá-los, mas é graças às suas ações anônimas que a terra se torna um lugar mais habitável e decente. Pare de justificar-se, una-se a eles”.
Acordei dizendo que vou tentar.
Ricardo Gondim
Soli Deo Gloria
Em Serra Leoa, milícias rivais se enfrentam há décadas decepando mãos, braços e pernas de mulheres, crianças e idosos. Por quê? A panela de pressão étnica explodiu entre Tutsis e Hutus em Ruanda na década de 1990; em 45 dias, cerca de oitocentas mil pessoas foram chacinadas. Em 2008, a barbárie de Rauanda se transferiu para o vizinho Congo com as mesmas mortes absurdas. Impotentes, não reagimos. A invasão do Iraque pelo governo Bush custou no mínimo 3 trilhões de dólares. Calcula-se que tenha matado mais de um milhão e duzentos mil civis – numa população de 29 milhões – entre março de 2003 a agosto de 2007. Ninguém será responsabilizado?
Diante desses horrores, ouve-se um simplismo: “O ser humano é inviável”. Despautério. A história tem tanta, mas tanta, carnificina que se fôssemos mesmo inviáveis, já teríamos desaparecido como os dinossáuros. Nos reiventamos nas tragédias, ressurgimos das cinzas. A força do bem, embora frágil, ainda é maior que o poder do mal. Por isso, continuamos por aqui.
A humanidade oscila entre extremos e o pêndulo nunca desacelera. Hora desce à perversidade mais profunda, hora atinge o topo da escala da virtude. As violências topam com as contrapartidas humanitárias; os cinismos, com os engajamentos comunitários; as corrupções políticas, com as mobilizações populares. Negros ainda sofrem preconceitos, mas numa escala geometricamente inferior que duzentos anos atrás. Depois de muita luta, mulheres conquistaram o direito de votar e governar.
Porém, agudizar as inadequações humanas é um jeito bom de fugir do dever de construir a história. Ao considerar a humanidade irremediavelmente perversa , o mal se torna inevitável. Se corpo, terra e mundo são intrinsecamente ruins e nossa existência, uma masmorra fétida que aprisiona o espírito, fica fácil explicar a maldade. Basta afirmar que os seres humanos nascem desfigurados e contaminados com uma lepra existencial chamada de pecado. Herdeiros de monstruosidades, somos merecedores de castigo eterno desde que nascemos.
Esse mecanismo de fuga é poderoso, usado pela filosofia e teologia muitas vezes (Agostinho, Anselmo, Pascal). Mas, quanto mais íngrime se considerar a ladeira da decadência humana, menor a responsabilidade.
Com a inexorabilidade do mal, justifica-se qualquer ação. “Nascemos assim, somos assim; cachorro não late para ser cachorro; late porque é cachorro; as pessoas não são pecadoras porque pecam, pecam porque são pecadoras”. Com esses pressupostos, o ódio se torna inevitável e o bem, complicadíssimo. É confortável afirmar que o código genético do espírito padece de uma síndrome que perpetua o pecado.
Noite passada tive um sonho em que eu me rodeava de pessoas parecidas comigo na beira de um precipício. Todos falávamos juntos, repetindo desculpas e nos desmerecendo. Eu projetava na minha índole, raivas e viganças. Na ânsia de justificar petulâncias, transformava ancestrais em bodes expiatórios. Chegava a responsabilizar um bisavô pelo vício deselegante de palitar os dentes na mesa.
Para não me encarar, tentava desmerecer Adão e Eva. Procurava, transformá-los em precursores da Gestapo, ideólogos do garrote inquisitorial e pistoleiros profissionais. Dizia que a Árvore Proibida me aleijara. Como não conseguira lidar com a minha própria maldade, projetava em Deus “A Grande Culpa”. Eu falava com zanga: “Afinal de contas, não pedi para nascer deformado; não tenho como reverter a natureza que herdei; não posso fazer o bem”.
Murmurava: “melhor cruzar os braços e deixar rolar para ver como é que fica”. Neste momento, alguém me acenou do outro lado do abismo. De mangas arregaçadas e inconformado, gritava: “A maldade não é sina”. Por três vezes, repetiu: “É possível frear o avanço da morte; vale a pena lutar”. Ele tinha cicatrizes nas duas mãos. De repente, cobrou a minha atenção para uma lenda talmúdica: “Em cada cada geração, vivem 36 pessoas justas que são o alicerce do mundo. Eles são os “santos ocultos”. Ninguém os conhece ou poderá elogiá-los, mas é graças às suas ações anônimas que a terra se torna um lugar mais habitável e decente. Pare de justificar-se, una-se a eles”.
Acordei dizendo que vou tentar.
Ricardo Gondim
Soli Deo Gloria
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