domingo, 3 de julho de 2011

Geração Terabyte




Alguns dizem que somos seres preguiçosos, outros que somos seres práticos. O que acontece de fato é que agimos de  acordo com a necessidade.

A revolução (chamo de revolução porque se trata de uma grande mudança na concepção de tudo o que havia existido até  então, não necessariamente sendo uma evolução no que diz respeito a melhorar a forma de vida e sobrevivência) que a  humanidade passou no último século, com início na Revolução Industrial e ainda mais fortemente acelerada com a  introdução da comunicação/Internet supera todos os acontecimentos dos séculos passados juntos.
Esta drástica mudança, traz consigo próis e contras, muitas vezes não nos damos conta do que é prol e do que é contra.

Antes do advento da computação, as coisas eram registradas em papel (estou na era mais moderna, pós papiros e afins).  Convenhamos que não é tarefa das mais fáceis registrar, armazenar, divulgar, via papel. E justamente estas  dificuldades, que depois foram diminuídas com a invenção da máquina de escrever (falamos dela daqui umas linhas), criam  no ser humano (preguiçoso ou prático) a necessidade de criar filtros. Nem tudo ia para o papel, apenas o que era de  fato relevante e que valesse a pena o esforço.

A máquina de escrever, inventada em sua melhor forma em 1843, facilitou a escrita. Porém ainda continuava a ser um  desafio escrever horas a fio. Lembrando que não existia "BackSpace". Cada erro de digitação, cada erro gramatical ou  cada frase mal escrita representava a necessidade de jogar tudo fora e começar tudo de novo. Existia o limpa-tipo,  claro, mas era uma tormenta.
Dessa mesma forma, havia de ter muita disposição para escrever e registrar as idéias, informações e afins, tinha que  valer mesmo a pena.

Surge então o computador, essa deliciosa máquina de viciar, com suas teclas macias, seus editores de texto e o bendito  "BackSpace". Errou?! Sem crise o corretor ortográfico corrige para você. Não gostou? E daí, seleciona e apaga o trecho  ruim.
Começou a ruir, silenciosamente, o poder de filtro, que só a preguiça/prática traz. O limitador dos primeiros  computadores, com sua telas verdes, passou a ser memória. Contávamos no início dos anos 80 e até os anos 90 com pouco  espaço de armazenagem. Custava caro. Mantinhamos armazenado o que valia a pena e jogávamos no lixo (virtual) aquilo que  não valia o espacinho tomado.

O progresso da tecnologia não para, acelera mais e mais e os obstáculos parecem inexistir. O que nos preocupa hoje, já  tem uma solução em vista amanhã.
O que no início era bytes, passou a kilobytes, chegou a Megabytes, 100,400,700, GigaByte e agora Terabyte. Ao alcance  de todos. Cabe no meu bolso.


Chegamos na geração terabyte. Lembra dos desafios da escrita à mão? Inexistem. Lembra da dificuldade de datilografar?  Não existe mais. Lembra do problema de armazenamento? Esquece, superamos isso.
Então, qual a necessidade de filtros agora?

Parece ainda não existir.

Escrevo, fotografo, desenho, gravo músicas, faço filmes e compartilho com o resto do mundo. Antes não tínhamos nada a  dizer, agora dizemos ao mundo todo.

A geração tebabyte desaprendeu a se desapegar de memórias passadas e inutilizadas pelo tempo.
Tudo se consome, e mesmo o que se consumiu por 15 segundos, é armazenado.
Tudo é lícito e tudo convém. Tudo é permitido e nada precisa, ou deve, ser descartado.
Não existe mais lixo.

Devo experimentar essa coisa estranha? E porque não?
E esse cabelo novo? Porque não?
E esses novos costumes que jogam no chão o que aprendemos de berço?
E esse lixo industrializado de música, filme e toda forma de entretenimento? Qual o problema, cabe no meu HD!

Parece inexistir problemas por esta nova forma de vida à curto prazo, mas aprendi com o Newtão que toda ação causa uma  reação inversa, de mesma força e intensidade.

Tudo nos é lícito, mas nem tudo nos convém.

Evandro L! Melo

Um comentário:

Meire disse...

Touché!
Hoje pode até gravar vídeos e colocar no youtube!
Lindos e maravilhosos vídeos com a mensagem: O problema do mundo é que a banda x não responde ao fã via twitter...