segunda-feira, 2 de julho de 2007

As metades

É curioso observar como algumas pessoas são para nós perfeitas e para outros tão cheias de defeitos. Como algumas pessoas são tão elogiadas por uns e tão criticadas por outros.
Nós mesmos, somos queridos por alguns e não queridos por outros.

Na verdade, ninguém neste mundo é perfeito, e ninguém é de todo o mal. Todos temos qualidades e defeitos, tudo depende do foco em que somos olhados.

O problema não está nas pessoas, mas sim no modo como queremos vê-las.

E para termos a melhor definição de alguém, temos que observá-lo sem pré-conceitos, este é um exercício que devemos praticar.


Verdade
(Carlos Drummond de Andrade)

A porta da verdade estava aberta,
mas só deixava passar
meia pessoa de cada vez.

Assim não era possível atingir toda a verdade,
porque a meia pessoa que entrava
só trazia o perfil de meia verdade.
E sua segunda metade
voltava igualmente com meio perfil.
E os meios perfis não coincidiam.

Arrebentaram a porta. Derrubaram a porta.
Chegaram ao lugar luminoso
onde a verdade esplendia seus fogos.
Era dividida em metades
diferentes uma da outra.

Chegou-se a discutir qual a metade mais bela.
Nenhuma das duas era totalmente bela.
E carecia optar. Cada um optou conforme
seu capricho, sua ilusão, sua miopia.

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