quarta-feira, 1 de dezembro de 2010

Escrivão de mim


disse e repeti aqui que não sou dono de mim mesmo. Ao contrário do que por muito tempo imaginei, meu corpo não é uma máquina pilotada por meu cérebro. Não faço o que eu quero, mas o que a vida tem pra mim.

Poucas são as vezes em que para criar algo, escrever por exemplo, eu tenho o controle da situação, e essas poucas vezes são as vezes que as coisas saem pior.
Eu controlar significa eu pegar a idéia e procurar a melhor rima, a melhor frase, a melhor forma de encaixar isso e aquilo.

O que na maioria das vezes acontece é que tudo me vem de uma vez, as idéias, as palavras, as rimas e as frases vem em mutirão, me inundam o lado esquerdo do cérebro e eu apenas num ímpeto obedeço e corro anotar o que me chegou.

A cabeça pensa, a mão escreve… E eu? que parte tenho nisso?   
Sou um escrivão do meu sub consciente.

Se eu fosse espírita diria que é psicografia, mas não, isso não vem do além, vem do meu sub consciente.

Pode parecer então que eu não tenho parte alguma nesse processo, que apenas espero as palavras terem vontade de se tornarem histórias e viajarem para minha mente.
Porém o universo caótico onde vivem as palavras é a memória, que se não alimentada corretamente não produzirá nada novo.

Preciso me alimentar bem, para que a criatividade surja e eu volte a ser apenas o escrivão de mim mesmo.

Evandro L! Melo

Um comentário:

Léo disse...

EV, acredito que escrever de uma maneira poética, algo que tentamos diga-se, é simplesmente expressar a parte do nosso corpo que pensa de maneira mais sensível, o coração.
Explico: Usamos o cerebro para comunicar e pensar as coisas racionais e as mãos para expressá-las, porém os sentimentos, as experiências e as expressões sentimentais vem do coração, da alma, por isso, como você disse, somos sub-conscientemente, escritores de nós mesmos, de nosso livro de história de vida.
Bem legal esse texto EV, você como sempre, manda muito bem,um abraço.